Blog Tradução

domingo, 30 de maio de 2010

Muito petróleo e pouco urânio no Irã

Não deixa de ser instigante compreender por que os Estados Unidos não aceitam os termos de um acordo que no geral incorpora o que eles exigiam do Irã pouco tempo atrás, quanto ao controle do urânio enriquecido.

A má vontade com o Irã, que leva até à desconsideração dos bem sucedidos esforços diplomáticos de duas nações soberanas, Brasil e Turquia, ambos membros do Conselho de Segurança da ONU, revela, ou sugere, a existência de algo mais que o “problema nuclear” contrariando os interesses americanos. A visita que fiz à província de Fars, no Irã, por ocasião da visita do presidente Lula àquele país, deu-me elementos para uma percepção mais aguda da imediata reação americana no caso.

Primeiro, fixemos que Irã é o nome atual da Pérsia e que Fars é a província onde está Pasárgada, a primeira capital do antigo império persa, fundado por Ciro II, o Grande – imperador persa que conquistou a Babilônia em 539 a.C. e libertou os judeus para reconstruírem Jerusalém. A cidade, onde se encontra a tumba de Ciro, passou a ser mais conhecida no Brasil a partir do poema de Manuel Bandeira Vou-me embora pra Pasárgada.

Pois é em Fars, região prenhe de história e simbolismo, que os iranianos me levaram para conhecer a Zona Econômica Especial de Energia, um enorme complexo projetado para 24 fábricas de processamento de gás e 23 usinas petroquímicas – estando, algumas, já em funcionamento. O projeto é apresentado como sendo, ou será, a maior concentração no planeta de fábricas para transformação de gás natural em eteno, propeno e demais petroquímicos.

Em síntese, tudo está planejado e sendo feito para transformar o Irã de grande exportador de petróleo e gás in natura em grande processador desses hidrocarbonetos e exportador de produtos petroquímicos, de alto valor agregado. A China, nesse e em outros projetos, estaria investindo cerca de US$ 70 bilhões.

O que está previsto, além do que já está concluído, é muito arrojado. A Zona Econômica Especial de Energia está sendo instalada em um setor de Fars onde, há poucos anos, só existia deserto e mar. Hoje, além das amplas instalações industriais, há projetos urbanísticos, edifícios, farta plantação de árvores especiais, um aeroporto internacional. Uma montanha de areia e pedra, situada defronte do núcleo da Zona, está sendo transplantada para o mar, que está sendo aterrado em grandes dimensões, e onde já está operando, e ainda se encontra em expansão, um porto com grande poder de atracação.

Politicamente, a Zona Especial funciona de forma autônoma, com um comitê dirigente que inclui funcionários do Estado e presidentes de algumas das grandes empresas que lá atuam. Até a autorização para entrada de visitante estrangeiro pode ser conseguida lá mesmo, sem intervenção de Teerã.

O que já opera na Zona Econômica Especial de Energia – e, mais ainda, o que está previsto nos projetos em execução – envolve muitos equipamentos, tecnologia avançada, muita construção civil e, sobretudo, o controle de enorme quantidade de hidrocarbonetos, oriunda do gás natural, a ser usado como matéria-prima para as petroquímicas.

Se levarmos em conta que o Irã detém a segunda maior reserva de petróleo e de gás do mundo – 138 bilhões de barris de petróleo e 187 bilhões de barris de gás, segundo dados de 2008 (o Brasil tem 13 bilhões de barris de petróleo, o pré-sal, algo em torno de 50 bilhões, e 2,3 bilhões de barris de gás) – produz 4,4 milhões de barris de petróleo por dia (o Brasil produz 2 milhões) e que tudo isso, repito, o muito que já está feito e o maior ainda que está planejado, não tem qualquer participação americana, percebe-se que algo mais deve estar tirando o sono dos EUA do que a hipotética ameaça advinda do acesso do Irã a urânio enriquecido.

* Haroldo Lima é diretor-geral da ANP
Conclat é um acontecimento histórico

Dia primeiro de junho próximo entrará para a História do movimento sindical brasileiro. Cerca de 30 mil trabalhadores de todo o país são aguardados no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, para a realização da Conferência Nacional da Classe Trabalhadora.

O ato está sendo coordenado por cinco centrais sindicais: CGTB, CTB, CUT, Força Sindical, NCST e contará também com a participação de partidos políticos e de entidades dos diferentes movimentos sociais.

A proposta é que, depois das intervenções dos representantes dessas organizações políticas e sociais, seja aprovada uma AGENDA DA CLASSE TRABALHADORA – PARA UM PROJETO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO COM SOBERANIA E VALORIZAÇÃO DO TRABALHO.

O documento, em fase final de elaboração, contém seis eixos estratégicos: 1. Crescimento com Distribuição de Renda e Fortalecimento do Mercado Interno; 2. Valorização do Trabalho Decente com Igualdade e Inclusão Social; 3. Estado como Promotor do Desenvolvimento Socioeconômico e Ambiental; 4. Democracia com Efetiva Participação Popular; 5. Soberania e Integração Internacional; 6. Direitos Sindicais e Negociação Coletiva.

Esse documento, que deve ser aprovado pelos trabalhadores nesta terça-feira, servirá de instrumento para a intervenção dos trabalhadores nas batalhas políticas futuras, com destaque para a sucessão presidencial.

O conteúdo das propostas indica que a imensa maioria do sindicalismo nacional se posiciona contra o retrocesso neoliberal e em defesa da continuidade e aprofundamento das mudanças progressistas inauguradas com o governo do presidente Lula.

O texto será entregue a todos os postulantes à presidência da República, mas há uma clara convergência das lideranças sindicais no sentido de cerrar fileiras em torno de Dilma, liderança política que melhor encarna as demandas atuais dos trabalhadores.

Depois da Conclat de 1981, está será, sem dúvida, a mais importante atividade do sindicalismo brasileiro, coroando todo um processo de luta e unidade das centrais sindicais. Não é mera coincidência, portanto, os novos ataques da mídia conservadora contra o movimento sindical.

Esses porta-vozes do neoliberalismo sabem que a força unida dos trabalhadores e a ampla coalizão política em torno da candidatura Dilma estão sepultando os sonhos deles e das viúvas da “Era FHC” de voltarem ao comando do país.
Serra perde a estribeira

À medida que desabam as intenções de voto em seu nome, o tucano Serra eleva seu destempero verbal. A bola da vez agora é a Bolívia e o seu presidente, Evo Morales. De forma grosseira e irresponsável, o ex-ministro de Fernando Henrique procura associar o país vizinho com os problemas de segurança no Brasil ligados ao narcotráfico.

Sem programa de governo, sem discurso e sem vice, Serra usa a arma torpe que lhe resta no seu arsenal: a baixaria. Atacar a Bolívia de forma despropositada é um expediente que se assemelha ao velho receituário da direita. Serra se assume, assim, como o candidato da direita e de direita.

Ao contrário, quando a confusão é com os EUA, esses bravos conservadores enfiam o rabo no meio das pernas (vide o xororô da direita com o acordo Brasil-Irã-Turquia). Esses dois episódios me fizeram lembrar a frase de um humorista: “quem se curva aos opressores, mostra a bunda aos oprimidos”.

Em tempo: uma notinha escondida no Estadão deste sábado especula que a última pesquisa Vox Populi teria detectado uma ampliação da diferença entre Dilma e Serra. Terá sido essa a razão dos discursos tresloucados do tucano?
Quem são os "donos da mídia" no Brasil?

No Brasil, 271 políticos são sócios ou diretores de 324 veículos de comunicação. O Projeto Donos da Mídia cruzou dados da Agência Nacional de Telecomunicações com a lista de prefeitos, governadores, deputados e senadores de todo o país para mapear quais deles são proprietários de veículo de comunicação.

Observe alguns dados estatísticos por partido político:

01º) DEM: 21,4%
02º) PMDB: 17,71%
03º) PSDB: 15,87%
04º) PP: 8,49%
05º) PTB: 5,91%
06º) PSB: 5,9%
07º) PPS: 5,17%
08º) PDT: 4,8%
09º) PL: 4,43%
10º) PT: 3,69%

Dessa maneira, somente o DEM, PMDB e PSDB influenciam diretamente 54,98% dos veículos de comunicação. Ou seja, mais da metade deles.
Além disso, os cinco primeiros partidos da lista são de direita, e juntos dominam 69,38% da imprensa. Ou seja, a cada 10 veículos de comunicação, 7 são dominados e/ou influenciados por partidos políticos de direita.

Agora observe as estatísticas por Estado (políticos ligados a veículos de comunicação):

Minas Gerais: 38 políticos
São Paulo: 28 políticos
Bahia: 24 políticos
Paraná: 23 políticos
Piauí: 17 políticos
Ceará: 15 políticos

Pra variar, São Paulo e Minas Gerais (política café com leite) encabeçam a lista. Há muitos anos O PSDB, DEM e PMDB (em SP) e PSDB e PMDB (em MG) dominam estes Estados, tanto nas zonas metropolitanas quanto no interior. Seriam apenas coincidências?


Há ainda uma questão mais assustadora. Até a conclusão do levantamento, a relação de políticos pode conter imprecisões devido ao grande número de homônimos na lista de sócios. Ou seja, esses dados, que já são alarmantes, referem-se apenas a nomes confirmados, uma vez que há muitos donos, sócios ou diretores de veículos de comunicação que apresentam ocultos ou incógnitos. O número possivelmente é bem maior do que o mostrado na pesquisa.

Há também outra questão a ser apontada. Os dados referentes a este levantamento não incluem os resultados das eleições municipais de 5 de outubro de 2008. Portanto, os prefeitos aqui listados são aqueles cujos mandatos irão até janeiro de 2009.
Entretanto, alguém acredita que os políticos ligados a mídia não conseguiram se reeleger?

Maiores informações, principalmente aos gráficos dos dados estatísticos, podem ser encontradas no site ”Donos da Mídia”.

Fonte:
http://donosdamidia.com.br/levantamento/%20politicos

“Num ambiente de acerbo conflito de interesses, é inimaginável que os meios de comunicação sejam os porta-vozes imparciais do debate político.”

sexta-feira, 28 de maio de 2010

PCdoB em destaque na lista dos Cabeças do Congresso

O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) divulgou nesta sexta-feira a 17ª edição da lista dos Cabeças do Congresso que reúne as principais lideranças do Parlamento brasileiro.

Entre os 100 “Cabeças” do Congresso, há 69 deputados e 31 senadores. Os dois partidos com maior número de parlamentares indicados são o PT, com 22 nomes, e o PMDB, detentor da maior bancada na Câmara dos Deputados e no Senado, com 17. Na terceira posição em número de parlamentares está o PSDB, com 14 nomes.

Além dos “Cabeças”, desde a sétima edição da série, o DIAP divulga levantamento incluindo na publicação um anexo com outros parlamentares que, mesmo não fazendo parte do grupo dos 100 mais influentes, estão em plena ascensão, podendo, mantida a trajetória ascendente, estar futuramente na elite parlamentar.

O PCdoB, que tem uma bancada de 12 deputados e um senador, teve indicados 5 deputados e um senador dentre os cabeças e duas deputadas entre os parlamentares em ascensão.

Dentre os Cabeças foram apontados:

Senador Inácio Arruda (CE)
Dep. Vanessa Grazziotin (AM)
Dep. Alice Portugal (BA)
Dep. Daniel Almeida (BA)
Dep. Flávio Dino (MA)
Dep. Aldo Rebelo (SP)

As deputadas apontadas como lideranças em ascensão foram:

Manuela d'Ávila (RS)
Jô Morais (MG).

As deputadas Alice Portugal e Vanessa Grazziotin fazem parte do grupo de nove parlamentares que passaram a compor o grupo de parlamentares mais influentes este ano.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Presidente Lula, ouça os aposentados!

Os aposentados já se posicionaram há anos. Em seguida, vieram algumas centrais sindicais — entre elas a CTB — e parte significativa da opinião pública. Este ano, depois de muita pressão, foi a vez de deputados federais e senadores darem seu apoio. Agora a bola está com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Chegou à mesa do presidente nesta terça-feira (25), após ser aprovada pelo Congresso e pelo Senado Federal, as medidas provisórias que tratam do fim do fator previdenciário e do reajuste de 7,7% para aposentados que recebem acima do salário mínimo. Lula tem agora uma decisão direta a tomar: sancionar ou não a decisão tomada pelo Legislativo.

Tanto o ministro da Fazenda (Guido Mantega) quanto o do Planejamento (Paulo Bernardo) já vieram a público para dizer que o fim do fator previdenciário será vetado, enquanto a decisão do reajuste dos aposentados segue indefinido. A palavra final, no entanto, cabe ao presidente. Ainda há tempo para que uma decisão mais bem fundamentada seja tomada, principalmente depois que os verdadeiros interessados nessas matérias sejam ouvidos, em detrimento daqueles que não enxergam além dos números envolvidos.

Nunca é demais relembrar: o fator previdenciário é um artifício característico da política neoliberal do governo Fernando Henrique, imediatamente combatido por todos os partidos de oposição, que à época se manifestaram contrários a esse instrumento que retarda o momento do trabalhador se aposentar e, ainda por cima, diminui o valor de seu salário.

A equipe econômica e a mídia comprometida com os grandes bancos dizem que tanto o fim do fator previdenciário quanto o reajuste de 7,7% quebrariam as contas da Previdência. Tal discurso está longe de corresponder à realidade e só serve para criar um clima de terror, que estimula há anos a transferência dos trabalhadores da ativa para a previdência privada. Com a recuperação da economia e o recente aumento do número de trabalhos formais, o cenário é outro. A atual fase permite que o governo não olhe apenas para números, mas pense nas melhorias que determinadas decisões podem resultar para milhões de famílias.

Alguns números comprovam isso: calcula-se que o fim do fator previdenciário acarretaria em despesas de R$ 4 bilhões por ano para as contas da União. O reajuste de 7,7%, por sua vez, beneficiaria de imediato 8,3 milhões de aposentados e pensionistas, ao custo de R$ 8,5 bilhões — somente R$ 1,5 bilhão a mais do que o aumento proposto de 6,14%. À primeira vista tais números impressionam, mas somente a contribuição para o INSS dos trabalhadores contratados ao longo de 2009 resultou em cerca de R$ 40 bilhões para o caixa da Previdência.

A CTB, assim como a Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap) e outras forças progressistas da sociedade, mantém sua posição e continua ao lado da classe trabalhadora nessas duas batalhas. E mais do que isso: a CTB apela ao presidente Lula para relativizar a frieza dos números apresentados por sua equipe econômica, no sentido de priorizar o bem-estar de milhões de trabalhadores que ainda estão na ativa e daqueles que tanto já contribuíram para que o Brasil chegasse a seu atual patamar.

* Wagner Gomes é presidente da CTB

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Estrategista do DEM e PSDB desenha vitória de Dilma

O sociólogo Antonio Lavareda, que por muitos anos vem prestando serviços de consultoria política ao DEM e PSDB, diz que se 80% dos eleitores que desejavam um terceiro mandato para Lula votarem na pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, ela vencerá as eleições. Com base nos dados da última pesquisa do Datafolha, onde a petista aparece empatada tecnicamente com o ex-governador tucano José Serra (SP), o estrategista afirmou que a candidata caminha para alcançar esses votos.

“A parcela da opinião pública que gostaria de votar no Lula varia entre 60% e 75%. A Dilma já realizou até agora um pouco menos de 70% desse público. Quer dizer, realizou na intenção de voto no segundo turno. No primeiro turno, ela só realizou 55% desse eleitorado. (...) A eleição de 2010 vai se resolver em torno dessa questão: se os eleitores que gostariam de votar num terceiro mandato votarão ou não na Dilma Rousseff”, disse Lavareda em entrevista a Terra Magazine.

Para ele, Dilma está avançando no eleitorado que é a favor do terceiro mandato de Lula. “Então, resta ver se ao longo da campanha ela vai conseguir capitalizar toda essa parcela do eleitorado que gostaria de um terceiro mandato do presidente Lula. Ou se não vai conseguir isso. A eleição de 2010 vai se resolver em torno dessa questão: Se 80% desses eleitores aderirem a Dilma, ela ganha a eleição. Essa é a questão básica da eleição deste ano”, analisou.

Voto espontâneo

Outra vantagem da candidata, na opinião dele, é com relação a intenção de voto espontâneo, isto é, quando não é apresentado ao eleitor a lista dos candidatos. No Datafolha, Dilma aparece com 19% contra 14% de Serra.

“Ela abre uma liderança de 5 pontos sobre o candidato Serra, lembrando que há ainda um estoque de reserva de 5 pontos de intenção de voto espontâneo no Lula. Na verdade, você pode pensar que, potencialmente, a Dilma tem hoje cerca de 24% das intenções de voto espontâneas, o que é um número bastante expressivo a essa altura do processo eleitoral”, considerou.

O sociólogo observou que em dois anos a candidata petista reverteu diferença de 40 pontos. "Outra coisa importante dessa pesquisa é que, independente da margem de erro, a Dilma ultrapassa, nominalmente, o Serra no segundo turno. Quando você olha pra trás, pra 2008, nesse mesmo período do ano - em abril, maio -, a liderança de Serra era de 40 pontos, no segundo turno, sobre a Dilma. Em maio de 2009, a diferença era de 20 pontos. E agora estão empatados, o que mostra uma trajetória impressionante da candidata Dilma Rousseff”, diz.

Prosseguiu ainda: “Ela reverteu uma diferença de 40 pontos das intenções de voto no segundo turno. Esse é o dado que mais chama a atenção na pesquisa: a evolução dela no segundo turno. Até porque já se sabe hoje que essa vai ser uma eleição resolvida no segundo turno. Ela tem uma trajetória impressionante. Evidentemente, essa trajetória está associada ao Lula.”
Saiba o que é o capitalismo

O capitalismo tem legiões de apologistas. Muitos o são de boa fé, produto de sua ignorância e pelo fato de que, como dizia Marx, o sistema é opaco e sua natureza exploradora e predatória não é evidente aos olhos de mulheres e homens. Outros o defendem porque são seus grandes beneficiários e amealham enormes fortunas graças às suas injustiças e iniqüidades. Há ainda outros (‘gurus’ financeiros, ‘opinólogos’ e ‘jornalistas especializados’, acadêmicos ‘pensantes’ e os diversos expoentes desse "pensamento único") que conhecem perfeitamente bem os custos sociais que o sistema impõe em termos de degradação humana e ambiental. Mas esses são muito bem pagos para enganar as pessoas e prosseguem incansavelmente com seu trabalho. Eles sabem muito bem, aprenderam muito bem, que a "batalha de idéias" para a qual nos convocou Fidel é absolutamente estratégica para a preservação do sistema, e não aplacam seus esforços.

Para contra-atacar a proliferação de versões idílicas acerca do capitalismo e sua capacidade de promover o bem-estar geral, examinemos alguns dados obtidos de documentos oficiais do sistema das Nações Unidas. Isso é extremamente didático quando se escuta, ainda mais no contexto da crise atual, que a solução dos problemas do capitalismo se consegue com mais capitalismo; ou que o G-20, o FMI, a Organização Mundial do Comércio e o Banco Mundial, arrependidos de seus erros passados, poderão resolver os problemas que asfixiam a humanidade. Todas essas instituições são incorrigíveis e irreformáveis, e qualquer esperança de mudança não é nada mais que ilusão. Seguem propondo o mesmo, mas com um discurso diferente e uma estratégia de "relações públicas" desenhada para ocultar suas verdadeiras intenções. Quem tiver duvidas, olhe o que estão propondo para "solucionar" a crise na Grécia: as mesmas receitas que aplicaram e continuam aplicando na América Latina e na África desde os anos 80!

A seguir, alguns dados (com suas respectivas fontes) recentemente sistematizados pelo CROP, o Programa Internacional de Estudos Comparativos sobre a Pobreza, radicado na Universidade de Bergen, Noruega. O CROP está fazendo um grande esforço para, desde uma perspectiva crítica, combater o discurso oficial sobre a pobreza, elaborado há mais de 30 anos pelo Banco Mundial e reproduzido incansavelmente pelos grandes meios de comunicação, autoridades governamentais, acadêmicos e "especialistas" vários.

População mundial: 6.800 bilhões, dos quais...

1,020 bilhão são desnutridos crônicos (FAO, 2009)
2 bilhões não possuem acesso a medicamentos (http://www.fic.nih.gov/)
884 milhões não têm acesso à água potável (OMS/UNICEF, 2008)
924 milhões estão "sem teto" ou em moradias precárias (UN Habitat, 2003)
1,6 bilhão não têm eletricidade (UN HABITAT, "Urban Energy")
2,5 bilhões não têm sistemas de drenagens ou saneamento (OMS/UNICEF, 2008)
774 milhões de adultos são analfabetos (http://www.uis.unesco.org/)
18 milhões de mortes por ano devido à pobreza, a maioria de crianças menores de 5 anos (OMS).
218 milhões de crianças, entre 5 e 17 anos, trabalham precariamente em condições de escravidão e em tarefas perigosas ou humilhantes, como soldados, prostitutas, serventes, na agricultura, na construção ou indústria têxtil (OIT: A eliminação do trabalho infantil: um objetivo ao nosso alcance, 2006).

Entre 1988 e 2002, os 25% mais pobres da população mundial reduziram sua participação na renda global de 1,16% para 0,92%, enquanto os opulentos 10% mais ricos acrescentaram mais às suas fortunas, passando de dispor de 64,7% para 71,1% da riqueza mundial. O enriquecimento de uns poucos tem como seu reverso o empobrecimento de muitos.

Somente esse 6,4% de aumento da riqueza dos mais ricos seria suficiente para duplicar a renda de 70% da população mundial, salvando inumeráveis vidas e reduzindo as penúrias e sofrimentos dos mais pobres. Entenda-se bem: tal coisa se conseguiria se simplesmente fosse possível redistribuir o enriquecimento adicional produzido entre 1988 e 2002 dos 10% mais ricos. Mas nem sequer algo tão elementar como isso é aceitável para as classes dominantes do capitalismo mundial.

Conclusão: se não se combate a pobreza (que nem se fale de erradicá-la sob o capitalismo) é porque o sistema obedece a uma lógica implacável centrada na obtenção do lucro, o que concentra riqueza e aumenta incessantemente a pobreza e a desigualdade sócio-econômica.

Depois de cinco séculos de existência eis o que o capitalismo tem a oferecer. O que estamos esperando para mudar o sistema? Se a humanidade tem futuro, será claramente socialista. Com o capitalismo, em compensação, não haverá futuro para ninguém. Nem para os ricos e nem para os pobres. A frase de Friedrich Engels e também de Rosa Luxemburgo, "socialismo ou barbárie", é hoje mais atual e vigente do que nunca. Nenhuma sociedade sobrevive quando seu impulso vital reside na busca incessante do lucro e seu motor é a ganância. Mas cedo que tarde provoca a desintegração da vida social, a destruição do meio ambiente, a decadência política e uma crise moral. Ainda temos tempo, mas já não tanto.
A “virada” do Datafolha: crime eleitoral?

A nova pesquisa do Datafolha, divulgada neste final de semana, não deve ter causado desarranjo apenas no comando da campanha demotucana. Ela criou graves desajustes na direção do próprio instituto, comandado pela famíglia Frias, que também é proprietária do jornal FSP (Folha Serra Presidente). Em abril, quando todos os outros institutos confirmavam o crescimento de Dilma Rousseff e o empate técnico com José Serra, o Data-da-Folha surpreendeu ao indicar o aumento da distancia – da boca do jacaré, no jargão do setor – entre o tucano e a petista (12 pontos).

Em cerca de um mês, aqueles doze pontos de diferença simplesmente sumiram – num verdadeiro “fenômeno sísmico”, segundo a ironia do blogueiro Paulo Henrique Amorim. Agora, segundo o suspeito instituto, os dois candidatos estão empatados em 37% – Serra despencou cinco pontos e Dilma subiu sete. Diante destes números “impressionantes”, o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, sacou uma desculpa risível. “O principal fato que pode ser apontado como responsável por essa alta da candidata é o programa partidário de TV que o PT apresentou recentemente”.

Desculpa esfarrapada e cinismo

Talvez temendo pelo seu emprego, Paulino evitou comentar possíveis “erros” – ou manipulações – na pesquisa anterior, tão favorável ao demotucano num momento crucial para consolidação dos apoios a sua candidatura. Na ocasião, vários especialistas em pesquisas denunciaram mudanças metodológicas que beneficiaram Serra – como a maior coleta de dados em bairros e cidades das elites brasileiras e sua redução nas regiões Norte e Nordeste. Encurralado, o Datafolha deflagrou uma guerra de baixarias contra os outros institutos para tentar salvar a sua pele.

A desculpa apresentada agora para justificar o “fenômeno sísmico” também é furada. Afinal, no mesmo período da pesquisa, o DEM também expôs seu candidato no horário gratuito de rádio e televisão. Além disso, o governo de São Paulo promove um intenso bombardeio de propaganda sobre o “paraíso” da administração tucana no estado. Já a mídia golpista não cessa sua artilharia contra o governo Lula – inclusive opondo-se ao acordo Brasil-Irã – e mantém a total blindagem sobre José Serra. O “Zé Alagão”, por exemplo, até sumiu das telinhas no período das enchentes.

A crise de identidade demotucana

A nova pesquisa Datafolha, agora mais próxima da realidade, revela as dificuldades da oposição neoliberal-conservadora. A fantasia do “Serrinha paz e amor” não colou. A bruxaria marqueteira, que tentava vender a imagem do tucano como “continuador” do governo Lula, não surtiu efeito. Se a aparição de Dilma Rousseff num único programa já causou este “fenômeno sísmico”, segundo a desculpa esfarrapada de Mauro Paulino, imagine quando tiver início a propaganda eleitoral de rádio e TV, em agosto. A candidata será ainda mais identificada com o presidente Lula!

Como observa o sítio Carta Maior, o “cavalo-de-pau” do Datafolha “reflete a crise de identidade na candidatura Serra. O patético figurino do candidato ‘cordial progressista’ tentado nos últimos meses derreteu pelo artificialismo abusivo que nenhum gênio do marketing pode contornar... Só o Datafolha ainda não havia mensurado esse vazio, mas agora não dava mais para esconder. As coisas então ficam assim: ou a mídia muda totalmente seu discurso golpista e adere ao ‘lulismo’ de Serra; ou Serra sai do armário e se junta ao udenismo anti-Lula do diretório midiático”.

Ajuste no discurso para a guerra

Tudo indica que vingará a segunda alternativa. Já na reunião do diretório nacional do PPS, José Serra promoveu ajustes no seu discurso, abandonando sua pele de cordeiro. Ele fez duros ataques ao governo Lula, num discurso terrorista sobre a existência do “bolchevismo sem utopias”. Sem ter mais como esconder, Serra também defendeu as privatizações do reinado de FHC, atacando o “patrimonialismo selvagem” do atual governo. Para alegria da mídia golpista, o tucano assume o figurino do brucutu neoliberal e sinaliza que a campanha tende para baixaria, nua e crua.

Diante desta tendência belicista, o Movimento dos Sem Mídia (MSM), liderado pelo blogueiro Eduardo Guimarães, acertou em cheio ao ingressar com representação junto à Justiça Eleitoral solicitando a fiscalização dos institutos de pesquisa. No caso do Datafolha, há fortes indícios de que ele já cometeu um grave crime eleitoral. Nada justifica seu recente “fenômeno sísmico”. Novas manipulações podem estar em orquestração, principalmente para o momento em que a campanha entrar na sua fase mais decisiva. Qualquer ingenuidade, vacilo ou tibieza poderá ser fatal.
Funcionários da GM rejeitam PLR de R$ 10 mil

Os funcionários da GM (General Motors) rejeitaram ontem, por unanimidade, a proposta da PLR (Participação nos Lucros ou Resultados) de R$ 10.020 feita pela montadora.

Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Francisco Nunes Rodrigues, o Nunes, os trabalhadores não aceitaram a proposta devido à meta de produção estabelecida pela montadora de 385 mil veículos para este ano.

No início das negociações, a GM propôs a produção de 411 mil unidades, entre as duas unidades (São Caetano e São José dos Campos). "No ano passado, a meta prevista pela montadora era de 300 mil veículos. Nós ultrapassamos essa marca em 37 mil. Ou seja, é melhor baixar a meta para que a gente consiga ‘batê-la'' do que o contrário. A meta está muito alta", diz Nunes.

Além disso, o sindicalista acredita que 40 horas de trabalho semanais não sejam o suficiente para alcançar o que a empresa propôs.

A intenção por parte dos trabalhadores é garantir o recebimento da PLR em 100%. "Caso a meta da produção não seja alcançada, os trabalhadores recebem apenas 80% do benefício e queremos garantir os 100% ou mais", afirma Nunes.

A cada 3.000 veículos produzidos a mais do que havia sido proposto pela fábrica, o trabalhador receberia R$ 91,17. Caso a PLR fosse aprovada, a primeira parcela (R$ 4.500) seria paga no dia 28 e a segunda em janeiro. No ano passado, a participação foi de R$ 6.900. Porém, os funcionários bateram 118% da meta proposta e receberam R$ 8.043.

A GM em São Caetano emprega, atualmente, 10 mil funcionários, entre mensalistas e horistas.

Na segunda-feira, sindicalistas vão comunicar à empresa sobre a rejeição da proposta e retomar as negociações com a montadora. Procurada pela reportagem, a GM não quis comentar o assunto.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Trabalhadores comemoram a conquista do fim do Fator Previdenciário

Senado Federal aprovou por unanimidade, na noite do última quarta-feira (19), a PLV 2/10 que determina o fim do fator previdenciário e concede um reajuste de 7.72% para as aposentadorias e pensões acima de um salário mínimo, medidas que beneficiarão milhões de brasileiros.

Pressionado pelos aposentados e centrais sindicais, o líder governista Romero Jucá manteve no texto o fim do famigerado Fator Previdenciário, que desde que foi implantado achatou sobre maneira aposentadorias e pensões, acarretando diversas perdas aos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros.

Aprovado sem qualquer alteração, o PLV 2/10 não precisará retornar à Câmara e segue agora para sanção presidencial.

Jucá, que já se declarou várias vezes contrário ao fim do fator, acredita que o presidente Lula vetará sua extinção.

Comemoração

Após a aprovação, o Senado foi tomada por aposentados e representantes do movimentos sindical vindos de diversos estados do Brasil: Minas Gerais, Distrito Federal, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Bahia, entre outras localidades.

Após a sanção de Lula, mais de 8,4 milhões de aposentados irão receber o reajuste retroativo ao aumento ofertado no início do ano (referente a janeiro, fevereiro, março, abril, maio e junho).

Luta intensa

As diversas mobilizações unitárias das centrais, atrelada à intensa luta das entidades que defendem os direitos dos aposentados, garantiram mais essa vitória, que representa para os aposentados um ganho real significativo.

A CTB, que sempre lutou pelo fim do fator previdenciário, por entender que é uma medida injusta e desleal aplicada aos trabalhadores que ajudaram na construção desse país, mais uma vez reforça a necessidade de manter a pressão, agora sobre a casa civil, para que o presidente sancione a lei e derrube de uma vez por todas essa herança maldita do nefasto governo FHC.

Portal CTB
Senadores e entidades comemoram aprovação do "Ficha Limpa"

O Projeto Ficha Limpa foi aprovado por unanimidade no Senado com 76 votos. O texto deve agora ir direto a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem precisar voltar para a Câmara dos Deputados pois não sofreu alterações de mérito. O projeto estabelece inelegibilidade para candidatos que tenham sido condenados pela Justiça, mesmo que ainda haja a possibilidade de recurso. A legislação atual prevê que apenas candidatos condenados em última instância ficam inelegíveis.

Após a votação em sessão extraordinária que durou cerca de quatro horas, governo, oposição e movimentos sociais saíram satisfeitos.

No início da tarde, a proposta foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. Durante as discussões, os senadores disseram que as sugestões que seriam feitas para mudanças no texto vão integrar um novo projeto sobre o tema, a ser discutido pelo Legislativo.

O projeto amplia a lista de crimes que sujeitam um candidato à inelegibilidade e aumenta o prazo de afastamento para oito anos. Entre os crimes previstos estão os crimes contra a economia popular, o meio ambiente e a saúde pública, crimes de lavagem ou ocultação de bens, de abuso de autoridade, além dos crimes eleitorais. A inelegibilidade não se aplica a crimes de caráter culposo aqueles de menor poder ofensivo, isto é, com pena inferior a dois anos.

A proposta de iniciativa popular apresentada à Câmara dos Deputados com mais de 1,6 milhão de assinaturas era mais severa do que a que vai à sanção do presidente Lula. Ela previa o impedimento de candidatura de quem tivesse qualquer condenação em primeira instância. A proposta criou polêmica, sendo considerada inconstitucional por alguns parlamentares, sob o argumento de que não garantiria o direito à ampla defesa.

Durante as discussões na Câmara, além da mudança para condenações proferidas por um órgão colegiado, também foi acrescentada ao projeto a possibilidade de apresentação de recurso com efeito suspensivo. Neste caso, entretanto, o julgamento do recurso deverá ter prioridade sobre todos os demais, com exceção de mandados de segurança e habeas-corpus.

Mesmo com a flexibilização feita no Legislativo, a questão da instância de condenação também pode ser alvo de contestações na Justiça caso ocorra a sanção.

Repercussão

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) estimou que cerca de 25% dos futuros candidatos devem ser barrados com a nova lei. “Eu acredito que o número vai ser muito grande, pelo menos 1 em cada 4, porque tem muita gente acostumada a praticar irregularidades e o leque de crimes que passam a provocar inelegibilidade se amplia muito”, disse o democrata. Ironicamente, boa parte destas candidaturas barradas deve ser de candidatos do próprio DEM, já que o partido é campeão no número de correligionários com processos na justiça.

Para o líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), o texto "ainda precisará ser aperfeiçoado no futuro, porque ainda é muito genérico, pode cometer injustiças e não pegar quem tem que pegar. Mas é um avanço, sem dúvida”.

Quem também ficou satisfeito foi o secretário-geral da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Dimas Lara Barbosa. Para ele, que dirige uma das instituições que promoveram o projeto, a nova lei vai inibir os criminosos. “Ao recorrer, o recurso ganhará prioridade para ser julgado. Então, se o candidato tiver culpa no cartório, ele vai preferir cumprir os trâmites normais da justiça e abrir mão da eleição, porque se recorrer ele pode ser preso”. Ainda segundo ele, a expectativa é que a nova lei abra precedentes para que a ética no trato com as coisas públicas se amplie.

Polêmica sobre validade imediata

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) defende que a proposta seja transformada em lei até o início de junho, para que possa vigorar ainda nas eleições deste ano. Contudo, não há consenso em relação à validade das novas regras para o pleito de outubro o que pode abrir caminho para questionamentos judiciais.

Ontem, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (PSDB-AM), protocolou consulta no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com dúvida sobre a aplicabilidade do projeto Ficha Limpa ainda na eleição de 2010. O relator da consulta é o ministro Hamilton Carvalhido.

Em sua consulta, o senador pergunta se: "Uma lei eleitoral que disponha sobre inelegibilidades e que tenha a sua entrada em vigor antes do prazo de 05 de julho, poderá ser efetivamente aplicada para as eleições gerais de 2010?"

O questionamento do líder tucano tem repercussão dentro de seu próprio partido. Caso seja aplicado já nas eleições de outubro --o que é pouco provável-- uma das consequências do Ficha Limpa será a cassação da pré-candidatura de um dos mais importantes quadros do PSDB: o ex-governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima, que pretende disputar a eleição para o Senado. Ele já tem condenação em última instância e, portanto, não poderia disputar a eleição.

Além de Cássio Cunha Lima, integram ainda a lista dos "ficha-suja", com condenação por mais de um juiz, os ex-governadores do Maranhão, Jackson Lago (PDT); do Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB), além do ex-senador Expedito Júnior (PR-RO). Todos foram cassados por condenação imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e tentam se reeleger nas eleições de outubro. Lago e Miranda pretendem concorrer ao Senado, enquanto o ex-senador Expedito Júnior deseja candidatar-se ao Governo de Rondônia.

Podem engrossar a fileira dos inelegíveis os ex-governadores do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PSC) e Maria de Lourdes Abadia (PSDB). Eles foram condenados anteontem por improbidade administrativa pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios.

Em São Paulo, o ex-governador Orestes Quercia (PMDB), condenado por improbidade administrativa, e o deputado federal Paulo Maluf (PP), dono de uma "coleção" de processos, grande parte deles pelo mesmo crime - também podem ter suas candidaturas contestadas.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Criação de empregos formais soma 305 mil e bate recorde para abril

Informações foram divulgadas pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi.
No ano, foram abertas 962,3 mil vagas, também novo recorde histórico.

O Brasil está no caminho certo de ganho de salário real"Carlos LupiO mês de abril terminou com a abertura de 305 mil postos de emprego com carteira assinada - um novo recorde para um quarto mês do ano na série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que tem início em 1992. O dado foi divulgado nesta segunda-feira (17) pelo Ministério do Trabalho.

O recorde anterior para meses de abril havia sido registrado em 2007, com a abertura de 301,9 mil postos de trabalho com carteira assinada.

Em abril de 2009, foram abertos 106,2 mil empregos com carteira assinada. Além de ser o melhor abril, o mês passado também representou o segundo melhor resultado, para todos os meses, da série histórica. O atual recorde ainda permanece sendo em junho de 2008, quando foram criadas 309,44 mil vagas.

Reposição de vagas

"Penso que houve muita contenção no ano passado e isso está fazendo com que, além do crescimento natural que o Brasil tinha, está começando a haver reposição. Há muita reposição de emprego nisso", avaliou o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.

Afirmou ainda que o Brasil parar de ter "complexo de inferioridade". "A infraestrutura chinesa é muito mais deficiente. Há muito mais miséria e muito mais necessidade do que no Brasil. O Brasil tem de continuar investindo em infraestrutura e em setores estratégicos, como saneamento e transporte. O Brasil está no caminho certo de ganho de salário real", acrescentou o ministro.

Setores

O setor de serviços foi o grande destaque na abertura de vagas em abril deste ano, com 96,5 mil vagas abertas, contra 59,2 mil no mesmo mês do ano passado. Em segundo lugar, aparece a indústria de transformação, com a criação de 83 mil postos formais de emprego em abril, contra 183 vagas em abril de 2009.

Já o comércio realizou contratações líquidas (menos demissões) de 40,7 mil pessoas em abril deste ano, contra 5,6 mil vagas abertas no mesmo mês do ano anterior. A construção civil, por sua vez, abriu 38,4 mil vagas no mês passado, na comparação com 13,3 mil no mesmo período de 2009.

Janeiro a abril

No acumulado de janeiro a abril deste ano, ainda segundo informações do Ministério do Trabalho, foi contabilizada a abertura de 962,32 mil vagas formais de emprego, o que representa, também, novo recorde histórico para este período. Para maio deste ano, ele previu a abertura de 240 mil a 280 mil novas vagas.

"Houve geração recorde em todos os meses [na comparação com o mesmo período do ano anterior]", informou Lupi, que recentemente revisou para 2,5 milhões a estimativa de criação de vagas em todo ano de 2010.


Inflação

Segundo ele, o controle da inflação tem de acontecer por meio de cortes de gastos públicos com custeio, e não em investimentos já previstos. "O brasileiro sabe que não está na hora de alimentar os gananciosos. Quem achar isso, vai perder. O trabalhador vai procurar o produto mais barato", afirmou Lupi.

Em sua visão, o crescimento do emprego é positivo para o controle da inflação. "Isso quer dizer que estamos produzindo mais, tem mais produto para vender. É bom isso acontecer. O ruim seria o crescimento da economia sem emprego. Temos de ficar de olho na inflação, mas sem fazer dela o capeta da nossa economia", concluiu.

Estados

A geração de empregos foi recorde em 12 estados em abril. São Paulo liderou a criação de empregos, com 119.844 postos de trabalho abertos, maior geração de empregos no mês em na série histórica. Em segundo lugar ficou Minas Gerais (45.030 vagas) e em terceiro, Paraná (20.593 vagas).

A maior taxa de crescimento do emprego formal foi em Goiás, de 1,8%; foram abertas 17.171 vagas no estado em abril.

Três estados registraram fechamento de vagas em abril: Alagoas (6.668), Pernambuco (1.302) e Paraíba (206).
Ao Movimento Sindical e à Classe Trabalhadora Brasileira

Companheiras e companheiros,

As eleições gerais de 2010 serão um momento decisivo para o País e para a democracia que estamos construindo, pois se realizarão num quadro político singular, caracterizado pelo crescimento sustentado da economia, pelo regime de amplas liberdades democráticas e pela afirmação do papel propositivo do movimento sindical e da classe trabalhadora, possibilitado por um largo processo de unidade de ação entre as centrais sindicais.

A campanha eleitoral será marcada pela acirrada disputa entre distintos e divergentes projetos políticos e de desenvolvimento para o País nos próximos anos. As diferentes candidaturas apresentarão à sociedade e ao debate político suas propostas e programas de governo.

É do interesse dos trabalhadores e trabalhadoras, assim como da maioria do povo e daqueles que aspiram uma sociedade justa, fraterna e democrática, que este processo de formulação envolva e mobilize milhões de brasileiros.

Partindo desta premissa, as centrais sindicais CUT, Força Sindical, CTB, Nova Central e CGTB realizarão no dia 1º de junho de 2010, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo – SP, a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora para, numa grande Assembléia, reunir dezenas de milhares de dirigentes e ativistas sindicais para discutir e deliberar sobre um projeto nacional de desenvolvimento para o País, iniciativa inédita e histórica que marcará a trajetória do movimento sindical através da afirmação do protagonismo e da unidade dos trabalhadores.

Convocamos, portanto, o conjunto do movimento sindical brasileiro para se fazer presente em São Paulo no dia 1º de junho. É fundamental que, desde já, sejam organizadas representativas caravanas sindicais de todos os Estados e regiões do Brasil, com trabalhadores do campo e da cidade, da ativa e aposentados, jovens, mulheres e homens, para que nossa Conferência seja uma massiva demonstração da diversidade brasileira e da determinação da classe trabalhadora.

Contando com a presença de todos e todas, enviamos nossas saudações sindicais.

– Viva a unidade dos trabalhadores!
– Todos à Conferência Nacional da Classe Trabalhadora – Assembléia 1º de junho!

Central Única dos Trabalhadores
Artur Henrique da Silva – Presidente

Força Sindical
Paulo Pereira da Silva (Paulinho) – Presidente

Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
Wagner Gomes – Presidente

Nova Central Sindical dos Trabalhadores
José Calixto Ramos – Presidente

Central Geral dos Trabalhadores do Brasil
Antônio Neto – Presidente

segunda-feira, 17 de maio de 2010

CNT/Sensus mostra Dilma com 35,7% e Serra com 33,2%

Situação é de empate técnico, segundo Instituto Sensus.
Pesquisa foi encomendada pela Confederação Nacional do Transporte.

Dilma empata com Serra em cenário com Ciro na disputa, diz CNT/Sensus Pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta segunda-feira (17) mostra a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, em situação de empate técnico com o pré-candidato do PSDB, José Serra, na disputa eleitoral pelo Palácio do Planalto.

A cinco meses da eleição presidencial de outubro, Dilma aparece com 35,7% contra 33,2% de Serra, no cenário em que o entrevistado é confrontado com uma lista com 11 candidatos. A margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos, o que justifica o empate técnico. No levantamento, a pré-candidata do PV, Marina Silva, tem 7,3%.

A pesquisa foi encomendada ao Institudo Sensus pela Confederação Nacional do Transporte. Foram entrevistadas 2 mil pessoas, em 136 municípios de 24 estados.

Apesar de Dilma superar Serra pela primeira vez na pesquisa CNT/Sensus, a margem de erro leva o resultado a um empate técnico. “Há uma intersecção na margem de erro”, afirmou Ricardo Guedes, do Instituto Sensus.

No cenário em que apenas Serra, Dilma e Marina são apresentados aos entrevistados, o candidato do PSDB tem 37,8% e leva ligeira vantagem sobre Dilma que aparece com 37%. Nessa situação, Marina tem 8%.

Todos os cenários estão relacionados ao primeiro turno da disputa. Já no segundo turno simulado entre Dilma e Serra, a candidata petista soma 41,8% dos votos contra 40,5% do candidato da oposição.

Em 1º de fevereiro, na última rodada divulgada pela CNT/Sensus, Dilma já aparecia empatada com Serra. O candidato tucano tinha 33,2% contra 27,8% da petista. A diferença de 5,4% caracterizou empate porque a margem de erro do levantamento foi de três pontos percentuais.

A ex-ministra-chefe da Casa Civil ficou em igualdade com o ex-governador de São Paulo no cenário simulado com o deputado federal Ciro Gomes (PSB), obrigado a se retirar da disputa por uma decisão do seu partido, que declarou apoio à petista.

Cenário espontâneo
Realizada entre 10 e 14 de maio, a pesquisa não chega a medir a influência do programa partidário do PT, exibido em rede nacional de rádio e televisão no dia 13 de maio. Pelo critério de manifestação espontânea (quando os próprios entrevistados dizem em quem pretendem votar, sem apresentação de uma lista de nomes pelo pesquisador), Dilma tem 19,8% contra 14,4% de Serra. Marina Silva aparece com 2,7%.quando os próprios entrevistados dizem em quem pretendem votar, sem apresentação de uma lista de nomes

Candidata do governo
Segundo Guedes, o bom desempenho de Dilma é justificado pela popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (83,7%) e de seu governo (76,1%). A CNT/Sensus também mediu a capacidade de transferência de votos de Lula para Dilma e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para Serra.

O grupo dos que votariam ou poderiam votar em um candidato de Lula somou 60,8%. Já os que votariam ou poderiam votar em um candidato de FHC representaram 23,5%. “Dilma é a candidata do governo e o governo tem uma aprovação positiva. As condições socioeconômicas são favoráveis à população. A medida que ela é identificada com lula, o desempenho vai subindo”, analisou Guedes. “A queda de Serra também está associada ao fato de Serra ser associado à oposição”, complementou.

Candidatos
Além de Dilma, Serra e Marina, a pesquisa CNT/Sensus incluiu outros oito pré-candiatos. José Maria Eymael (PSDC) teve 1,1% e Américo de Souza (PSL) somou 1%. Mario de Oliveira (PTdoB), Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) e Zé Maria (PSTU) aparecem com 0,4% das intenções de voto. Rui Costa Pimenta (PCO) tem 0,2% e Levy Fidelix (PRTB) e Oscar Silva (PHS), 0,1%. Nulos, indecisos ou que não responderam ao levantamento somam 20,6%.

Metodologia
Por questões técnicas, a CNT/Sensus modificou a forma de apresentação do questionário aos entrevistados. Nas outras edições, a avaliação do governo e de Lula era consultada primeiro e depois o entrevistado respondia sobre a disputa eleitoral. Agora, os entrevistadores do Instituto Sensus fizeram as perguntas eleitorais primeiro e só depois questionaram a avaliação do governo e de Lula.

Para Guedes, a inversão só evitou possíveis contestações jurídicas: “Essa modificação não influencia no resultado da pesquisa.” Outra modificação realizada foi a apresentação dos nomes dos candidatos em um formato de “pizza” e não no modelo tradicional de lista.
Brasil supera EUA na produção de automóveis

Crise financeira mundial afetou o desempenho norte-americano em 2009.
Nas vendas totais, os Estados Unidos ainda são o 3º maior produtor.

O Brasil se tornou o quinto maior produtor de automóveis do mundo, de acordo com a Organisation Internationale des Constructeurs d'Automobiles (Oica). Com 2.576.628 de unidades fabricadas em 2009, o país superou a produção dos Estados Unidos, na sexta posição com 2.249.061 unidades.

O fraco desempenho dos EUA é justificado pelo maior consumo de veículos comerciais leves (utilitários esportivos e picapes) no país e pela crise que afetou durante todo o ano passado tanto o mercado americano quanto países para os quais exportam.

Colocação País Produção de automóveis
em 2009 (em unidades)

1ª China 10.383.831
2ª Japão 6.862.161
3ª Alemanha 4.964.523
4ª Coreia do Sul 3.158.417
5ª Brasil 2.576.628
6ª EUA 2.249.061
Apesar da colocação brasileira, a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) acredita que o volume de produção ainda é baixo, já que o país é o quarto maior consumidor de veículos do mundo.

De acordo com o balanço da Oica, o líder do ranking em 2009 foi a China, que fabricou 10,3 milhões de unidades, seguida pelo Japão (6,8 mil), Alemanha (4,9 milhões) e Coreia do Sul (3,1 milhões).

Em 2009, os Estados Unidos produziram 3.463 milhões de veículos comerciais (picapes, utilitários esportivos, caminhões, ônibus etc) e ficou na liderança do segmento — o Brasil produziu apenas 605.989 unidades.

Colocação País Produção de veículos comerciais
(em unidades)
1ª EUA 3.462.762
2ª China 3.407.163
3ª Japão 1.072.355
4ª Canadá 667.288
5ª Tailândia 663.055
6ª México 617.821
7ª Brasil 605.989

Ao considerar a produção total de veículos, os Estados Unidos ficam na terceira colocação, na frente da Alemanha, Coreia do Sul e Brasil.

Na soma de todos os segmentos, a indústria automobilística norte-americana registrou redução de 34,3% na produção em 2009, para 5,7 milhões de veículos. Por outro lado, a líder China teve crescimento de 48,3%, para 13,7 milhões de unidades.

Com volume acima dos Estados Unidos, o Japão somou 7,9 milhões de unidade, queda de 31,5% em relação ao que foi produzido pelo país em 2008. Já o Brasil registrou 3,1 milhões unidades, queda de 1%, atrás da Coreia do Sul (3,5 milhões) , Alemanha (5,2 milhões), EUA, Japão e China.

Colocação País Produção total (em unidades)
1ª China 13.790.994
2ª Japão 7.934.516
3ª EUA 5.711.823
4ª Alemanha 5.209.857
5ª Coreia do Sul 3.512.926
6ª Brasil 3.182.617
Acordo com Irã é a maior vitória diplomática do Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou na manhã desta segunda-feira (17) que houve acordo sobre a questão da energia nuclear do Irã. O acerto prevê que o Irã entregará 1.200 quilos de urânio à Turquia e receberá 120 quilos do produto enriquecido com monitoramento de organismos internacionais. O acordo entra na história como uma das mais emblemáticas vitórias da diplomacia brasileira e projeta o Brasil e o presidente Lula como protagonistas de primeira linha na política global.

O acordo nuclear assinado hoje por Brasil, Irã e Turquia nuclear fecha o caminho para a possibilidade que a comunidade internacional imponha novas sanções ao regime iraniano, afirmou o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim.

Em entrevista coletiva em Teerã, após o anúncio do pacto, Amorim assegurou que o compromisso adquirido pelas autoridades iranianas fecha a porta para a política de sanções sugerida pelas grandes potências.

O acordo é semelhante à proposta formulada pelo grupo 5+1 (formado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança - EUA, França, Reino Unido, Rússia e China, mais Alemanha) em outubro passado e permitirá o envio do urânio do Irã à Turquia, onde ficará armazenado até que o país receba em um ano 120 quilos de urânio enriquecido a 20%.

O chefe da diplomacia brasileira acrescentou que este acordo representa o princípio para abordar outras questões sobre o conflito nuclear. "Naturalmente, este acordo não vai resolver todos os pontos da questão nuclear. Mas é o passaporte para discussões mais amplas em direção a retomada da confiança na comunidade internacional", opinou Amorim.

Amorim destacou que é a primeira vez que o Irã se compromete por escrito a enviar urânio ao exterior para recuperá-lo tempo depois. O chanceler brasileiro ressaltou ainda que agora o Irã poderá exercer seu "direito legítimo" à energia nuclear para fins pacíficos.

Parceria com a AIEA

A proposta estipulada pelos presidentes do Brasil e do Irã, Luiz Inácio Lula da Silva e Mahmoud Ahmadinejad; e pelo primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, será enviada agora para a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Se a AIEA a aceitar, o Irã entregará os 1.200 quilos de urânio levemente enriquecido a 3,5% à Turquia, onde ficariam depositados sob vigilância iraniana e turca.

No prazo de um ano, o Irã receberia 120 quilos de urânio enriquecido a 20% procedente da Rússia e da França para seu reator nuclear civil, segundo os detalhes divulgados à imprensa pelo porta-voz de Exteriores iraniano, Ramin Mehmaparast.

Lula, que está há dois dias de visita oficial no Irã e que hoje participará da inauguração da 14ª Cúpula do G15 (grupo dos 15 países em desenvolvimento), na capital iraniana, foi o principal impulsionador do acordo.

Além da Turquia, a iniciativa diplomática do Brasil pelo acordo com o Irã teve o apoio da China, da Rússia e da França, membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. Para Celso Amorim, o Brasil falou com todos os interlocutores, por isso negociaram "levando em conta todas as preocupações".

Repercussão

Mas o acordo, um marco nas negociações sobre o tema nuclear, ainda é visto com ceticismo por Israel e por algumas potências ocidentais, sobretudo os Estados Unidos, que foram derrotados em sua política de agressão e sanções. O jornal americano “New York Times” chegou a dizer que Lula pensava ser mágico, que o Brasil "ultrapassava barreira da ingenuidade". Agora, será difícil não reconhecer o êxito da iniciativa diplomática.

No Brasil, a imprensa já atesta este reconhecimento. O programa Bom Dia Brasil, da Rede Globo, afirmou na manhã desta segunda que "o Brasil assumiu uma posição audaciosa, de liderança. Entrou no jogo difícil do Oriente Médio e até agora teve êxito".

Durante entrevista na manhã desta segunda-feira na rádio CBN, a candidata à presidência da República, Dilma Rousseff (PT), falou da importância histórica do acordo. “O diálogo venceu todas as tentativas de sanções. Quando se está disposto a construir consenso é possível criar outro clima, mesmo numa região tão complexa quanto o Oriente Médio. Este é um passo relevante de Lula como líder mundial”.

Além do acrodo nuclear, o Irã também mostrou um gesto de boa vontade e anunciou a soltura da professora francesa Clotilde Reiss, condenada no Irã por de espionagem. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, já agradeceu ao presidente Lula e aos chefes de governo da Síria e do Senegal, que também pediram a libertação da francesa.

Lula: vitória da diplomacia

Em seu programa de rádio Café com o Presidente, transmitido a partir de Teerã, o presidente Lula disse hoje que o acordo alcançado com o Irã é "uma vitória para a diplomacia". “Há um milhão de razões para a gente ter argumento para construir a paz e não há nenhuma razão para a gente construir a guerra. O Brasil acreditou que era possível fazer o acordo. Mas o que é importante é que nós estabelecemos uma relação de confiança. E não é possível fazer política sem ter uma relação de confiança. (...) A diplomacia sai vencedora hoje. Mostramos que com diálogo é possível conseguir a paz, construir o desenvolvimento", afirmou Lula.

Lula insistiu em que se deve "acreditar nas pessoas", em alusão à desconfiança que os Estados Unidos e os países europeus mantêm com a república islâmica.

Lula, que aspira para o Brasil uma vaga permanente para o Brasil no Conselho de Segurança da ONU, desembarca nesta segunda-feira em Madri para participar de uma reunião, terça-feira, entre União Europeia e América Latina.

domingo, 16 de maio de 2010

Investigação da PF vê corrupção no governo do PSDB-SP
No material apreendido na Operação Castelo de Areia, a Polícia Federal diz ter encontrado indícios de propinas a funcionários dos governos do PSDB em São Paulo. Num dos documentos aparece o nome do deputado federal Arnaldo Madeira (PSDB-SP), homem de confiança do ex-governador José Serra.


Para fazer frente à propaganda do PT, que apresenta a candidata Dilma Rousseff como a “mãe” do PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento, a principal arma do PSDB e seu candidato, José Serra, são as grandes obras feitas pelo seu governo em São Paulo. Entre elas estão a Linha 4 do Metrô e o trecho sul do Rodoanel, o anel viário no entorno da capital paulista que liga as principais rodovias do Estado. A estratégia de Serra sofrerá o impacto de novas suspeitas de corrupção lançadas pela Polícia Federal no inquérito da Operação Castelo de Areia, que investigou a Construtora Camargo Corrêa.

As suspeitas da PF se baseiam em material apreendido na casa do diretor financeiro da empreiteira, Pietro Giavina Bianchi: um pen drive e uma pasta com documentos. Para a PF, as anotações encontradas lá reúnem indícios de pagamento de propina pela empreiteira em grandes obras públicas. A contabilidade se refere aos anos entre 2006 e 2008. ÉPOCA teve acesso ao relatório da inteligência da PF com a análise das anotações feitas por Pietro. Algumas delas sugerem ligações do diretor financeiro da Camargo Corrêa com altas autoridades de governos tucanos em São Paulo.

Um dos manuscritos, datado de 2006, com anotações referentes às obras do Metrô e do “anel viário”, relaciona valores ao lado das iniciais “AM” e Arnaldo Madeira. Seria uma alusão, segundo a interpretação da polícia, ao deputado federal Arnaldo Madeira (PSDB-SP), que foi chefe da Casa Civil do governo de São Paulo durante a gestão de Geraldo Alckmin. Os valores, segundo a conclusão da PF, foram contabilizados como “custos diversos” por Bianchi e representaria 5% da receita líquida da empresa no dia 21 de março. No total, esses “custos diversos” representariam R$ 326.500 e foram divididos em três partes: R$ 32.650 (0,5%) para “AM”; R$ 130.600 (2%) para “CAMP”, ao lado das anotações “Rosa + Arnaldo Madeira”; e R$ 163.250 para “Metrô (+ Ass)”, seguida do manuscrito “David”. Essa parte, segundo a PF, supostamente teria sido destinada a Luiz Carlos Frayze David, que foi presidente da Companhia do Metropolitano entre 2003 e 2007.

Em 2006, Arnaldo Madeira elegeu-se deputado federal e não registrou oficialmente nenhuma doação vinda da Camargo Corrêa ou de suas empresas para sua campanha eleitoral. Madeira negou ter recebido dinheiro ou doações de campanha da empreiteira. “Eu nem conheço o diretor financeiro da Camargo Corrêa, nem sei quem é. Não tenho nenhuma relação com os sócios da empreiteira, o que pode ser até falha minha. Pode ser até que eu conheça de algum evento social, mas não sou capaz de identificar um diretor da empreiteira.” Como chefe da Casa Civil do governo Alckmin, Madeira era o responsável por checar se as obras do Metrô e do Rodoanel estavam no prazo previsto. Madeira diz não ter ideia de como seu nome foi parar nas anotações do diretor da Camargo Corrêa e disse que não foi comunicado oficialmente sobre nenhuma investigação a esse respeito.

No relatório da inteligência da PF sobre o material apreendido na casa de Bianchi, o maior número de menções se refere supostamente ao ex-presidente do Metrô Luiz Carlos Frayze David. São quatro referências, que totalizariam R$ 778.220. Numa anotação datada de 31 de janeiro de 2006, ele foi identificado pelos policiais federais como o “DV+DIR+ASS” que teria recebido R$ 160 mil da Camargo Corrêa. Ele também estaria representado pelas siglas “DV” e “Diret”.

David saiu da presidência do Metrô em fevereiro de 2007, logo no começo do governo Serra, 40 dias após o acidente nas obras da Estação Pinheiros, que soterrou sete pessoas. O Ministério Público Estadual o corresponsabilizou pelo acidente. Ele é réu no processo que pede o ressarcimento de R$ 240 milhões aos cofres públicos como indenização pela cratera aberta em 2007. Atualmente, é assessor técnico da Secretaria dos Transportes. ÉPOCA o procurou para entrevistá-lo na última sexta-feira, mas sua secretária informou que, nesses dias, ele não costuma aparecer na Secretaria dos Transportes.

No documento dos policiais federais também há várias referências às obras do trecho sul do Rodoanel. Nele, o principal personagem é Paulo Vieira de Souza, ou simplesmente “Paulo Preto”. Souza foi diretor do Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), o órgão responsável pelo Rodoanel. Ele é amigo de Aloysio Nunes Ferreira, ex-secretário da Casa Civil do governo Serra e candidato a senador pelo PSDB. Segundo os policiais, Souza teria recebido quatro pagamentos mensais de R$ 416.500, desde dezembro de 2007. Neste ano, apenas oito dias depois de ter participado da inauguração do Rodoanel, Souza foi exonerado do cargo sem explicações oficiais.

Souza estava na Dersa desde 2005. Mas era funcionário de carreira do governo paulista havia 20 anos e diz desconhecer os motivos de sua demissão. “O Rodoanel é a única obra do PAC que não teve superfaturamentos e foi entregue no prazo. Nem todo mundo deve ter gostado”, diz ele, sugerindo que sua atuação teria desagradado a partes envolvidas na construção do anel viário. O governo federal, por meio do PAC, investiu cerca de R$ 1,7 bilhão na obra. Segundo o próprio Souza, ele e Nunes Ferreira são amigos há decadas. “Nunca fui comunicado oficialmente. Também não conheço nenhum diretor da Camargo Corrêa citado no caso”, disse.

Nunes Ferreira também reconhece a amizade antiga, mas nega ter recebido doações ilegais da empreiteira. Segundo ele, o Rodoanel foi aprovado pelos órgãos competentes de fiscalização e continuará como uma das vitrines de Serra na campanha. “O Rodoanel teve apenas um aditivo de 5% de seu valor total, um recorde para os padrões do Brasil”, diz.

Em janeiro, o ministro Cesar Asfor Rocha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), decidiu paralisar por meio de uma liminar todos os processos da Castelo de Areia até que seja julgado o pedido da defesa da Camargo Corrêa que reclama de irregularidades na investigação. É importante lembrar que as acusações da PF são feitas com bases em indícios e precisam ser comprovadas. Também é relevante o fato de elas terem vindo à tona agora, em período eleitoral, e que se dirijam contra os principais projetos de um dos candidatos. O PT também já foi implicado na investigação. O nome do partido aparece ao lado de remessas de dinheiro para contas no exterior. Na certa, ainda haverá munição para os dois lados se atacarem nesta campanha presidencial.
Dilma passa Serra pela primeira vez em pesquisa do Vox Populi

Pela primeira vez, a pré-candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, aparece à frente do pré-candidato do PSDB, José Serra, em pesquisa de intenção de votos feita pelo Instituto Vox Populi. A ex-ministra tem 38% das intenções de voto e o ex-governador de São Paulo, 35%. A margem de erro da pesquisa é de 2,2%, para mais ou para menos. A pesquisa foi encomendada pela Rádio e Televisão Bandeirantes Ltda.
A terceira colocada, Marina Silva (PV), tem a preferência de 8% dos eleitores. Os votos brancos e nulos somam 8% e 14% não responderam ou não souberam responder.

Comparada com a pesquisa de abril, o Vox Populi registra queda de três pontos percentuais de Serra (o tucano caiu de 38% para 35% das intenções de voto). Já a pré-candidata petista saltou de 33% para 38%, avanço de 5 pontos percentuais. MArina subiu 1 ponto, de 7% para 8%.

A petista também já ultrapassou o tucano em eventual segundo turno. A pesquisa revela que 40% dos eleitores preferem Dilma e 38% ficariam com Serra. Os votos nulos e brancos somariam 9%. Outros 13% de eleitores não responderam ou não souberam responder.

A pesquisa de intenção de voto espontâneo – quando o eleitor abordado pelos pesquisadores diz em quem vai votar sem consultar nenhuma lista – também aponta a liderança de Dilma Rousseff. Ela aparece com 19% das intenções de voto, enquanto Serra tem 15%. Em janeiro, cada candidato obteve 9% das intenções de votos espontâneos.

Lula garante votos

A pesquisa Vox Populi mostrou um crescimento de três pontos na influência de Lula na hora do voto. Dos entrevistados, 33% disseram que votariam “com certeza” num nome indicado pelo presidente. Em janeiro eram 30%.

Parte dos eleitores – 30% - respondeu que “poderia votar” num nome indicado pelo presidente, mas isso dependeria de quem é o candidato. Dos entrevistados, 10% disseram que não votariam num nome apontado por Lula e outros 24% disseram que não levam isso em conta na hora da escolha.

A pesquisa também mostrou a força dos governadores na hora do voto. Dos entrevistados, 15% disseram que votariam “com certeza” no nome apontado pelo chefe do Estado. Outros 36% disseram que poderiam votar no nome indicado a depender de quem fosse o candidato.

Um grupo de 15% dos eleitores disse que não votaria em ninguém a pedido do governador e 30% disse que não leva isso em conta.

A pesquisa Vox Populil também quis saber quem é identificado como o candidato do presidente Lula.

Dos entrevistados, 74% disseram que Dilma é a candidata apoiada por Lula, 4% disseram que José Serra é quem tem o apoio presidencial e 1% jogou Lula para a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

Disputa regional

A petista tem a preferência dos eleitores em quatro das cinco regiões brasileiras: Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Já Serra, vence no Sul do país.

A maior diferença percentual a favor de Dilma é no Nordeste, onde o presidente Lula goza de enorme prestígio. A pré-candidata do PT tem 44% das intenções de voto, contra 29% de Serra. No Sudeste, a disputa é acirrada. A petista tem 35%, contra 34% do tucano. No Centro-Oeste, Dilma tem 33% das intenções de voto, contra 31% de Serra. No norte, Dilma lidera com 41%, contra 32% de Serra.

Já na Região Sul, o pré-candidato do PSDB lidera com grande vantagem. Serra tem 44% das intenções de voto, enquanto Dilma tem a preferência de 30% dos eleitores.

Avaliação positiva do governo

A avaliação positiva do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a 76% em maio. Na rodada anterior da amostragem, feita em abril, o número era de 74%.

Dentro da avaliação positiva, 31% dos entrevistados definiram o governo como ótimo e 45% como bom. O governo ainda foi considerado regular por 19% da população. Outros 5% o consideraram negativo. Destes, 2% avaliaram o governo como ruim e 3% como péssimo.

Vitória no primeiro turno

Diante do crescimento da ministra Dilma Rousseff nas pesquisas presidências, e da estagnada de José Serra, o diretor do Instituto Vox Populi, João Francisco Meira, acredita na possibilidade de a candidata petista vencer “a eleição já no primeiro turno”.

Meira analisa que nem Dilma nem Serra são carismáticos, mas o sistema petista tem alguns trunfos, como o avanço econômico no governo Lula.

Para construir uma boa campanha, o diretor do Vox Populi citou que o tempo de TV será decisivo, já que um arco maior de alianças possibilitará aumento no horário disponível.

De acordo com o cientista político Cláudio Gonçalves Couto, da PUC-SP, o crescimento da ex-ministra é natural. “Todas as pesquisas recentes apontavam nessa direção, com Serra estabilizado e Dilma em alta, exceto as do Datafolha”, diz. Para ele, a petista apareceu bastante em programas de TV nas últimas semanas, o que teria sido determinante para o eleitor. Em suas visitas aos Estados, a pré-candidata participou de diversos programas populares.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Dia da vitória 1: Quem derrotou os nazistas foi o povo soviético

A história contada pelo cinema e em muitos livros destaca o papel dos EUA na guerra contra Hitler. Mas o principal esforço de guerra dos nazistas voltou-se contra a URSS que, praticamente sozinha, enfrentou e derrotou a ofensiva guerreira da Alemanha nazista, ao custo de 27 milhões de mortos.

Por José Carlos Ruy*

Propaganda da Operação Barbarossa

A bárbara e sangrenta saga nazista, iniciada com a subida de Hitler ao poder na Alemanha, em 1933, terminou de maneira melancólica numa pequena escola de tijolos vermelhos, na cidade de Reims, na madrugada do dia 8 de maio de 1945. Ali, dois altos dignitários do regime nazista, o general Alfred Jodl (que havia sido Chefe do Alto Comando da Wehrmacht, a máquina bélica nazista durante a Segunda Grande Guerra) e o almirante Hans Georg von Friedeburg (que foi o último comandante da marinha de guerra alemã) assinaram a rendição incondicional da Alemanha, perante representantes das tropas vitoriosas da URSS e dos EUA, e também de um general francês. Acabava assim, derrotada, a maior e mais ofensiva máquina bélica até então conhecida. Nos meses seguintes, Jodl foi condenado à morte pelo Tribunal de Nuremberg por crimes de guerra e contra a humanidade.

O alvo de Hitler era a URSS

A guerra como recurso para encontrar o “espaço vital” (lebensraum) para a expansão alemã no leste europeu havia sido prevista por Hitler em 1925, registrada no livro Mein Kampf (Minha Luta), que se tornou o evangelho nazista. E o alvo era a Rússia soviética e os povos eslavos ao leste da Alemanha. “Quando hoje falamos em novo território na Europa, devemos pensar principalmente na Rússia e nos seus Estados vassalos limítrofes”, escreveu.

E foi contra os russos e os povos do leste da Europa que os nazistas dirigiram a parte mais significativa de sua ação guerreira, cuja medida é dada pela lembrança que o então primeiro ministro britânico, Winston Churchill registrou em suas memórias: enquanto os aliados brincavam, no Ocidente europeu, com seis divisões alemãs, escreveu, os russos enfrentavam 185 – 30 vezes mais! Uma disparidade que levou o historiador americano John Bagguley a dizer que a Segunda Grande Guerra foi na verdade, “uma guerra soviético-germânica, com a ação inglesa e americana apenas na periferia”

No planejamento da invasão contra a URSS, entre 1940 e 1941, a decisão de destruir o estado soviético passou das páginas do Mein Kampf para as pranchetas dos oficiais nazistas, e a ordem de Hitler era específica: “eliminar completamente a própria capacidade da Rússia de existir. Eis o objetivo!”.

Ele pretendia começar a ação em maio de 1941, com 120 divisões, deixando outras 60 no Ocidente europeu, e esperava concluir a operação em cinco meses, antes do início do inverno russo. Em dezembro de 1940 aumentou o número de divisões para 120 a 130 e previa o início da invasão para meados de maio de 1941. Finalmente, a data marcada foi 22 de junho de 1941.

Complacência e cumplicidade

Aquela foi uma época de preparativos frenéticos para os protagonistas da disputa mundial que se acentuava. Ao longo da década de 1930 os governos da França e da Inglaterra tiveram uma atitude complacente em relação às agressões hitleristas na Europa. Esperavam transformar a Alemanha nazista em instrumento contra a URSS e, entre junho e agosto de 1930, ocorreram duas conferências secretas anglo-alemãs em que os britânicos, em troca da intocabilidade de seu próprio império, garantia a Hitler liberdade de ação no leste da Europa.

Mesmo depois do início da invasão da URSS as potências capitalistas relutavam em abrir uma segunda frente, no Ocidente europeu, contra Hitler, apesar da insistência soviética nesse sentido. Em 1941 e 1942 alguns generais americanos e ingleses apoiavam a abertura dessa frente e consideravam que seu adiamento significaria o rompimento de compromissos assumidos com Moscou. Eles enfrentavam a oposição principalmente do primeiro ministro inglês, Winston Churchill, que era contrário à abertura dessa frente sob o pretexto de que o poderio alemão nas áreas ocupadas impedia aquela iniciativa, apesar das promessas feitas aos soviéticos em pelo menos duas ocasiões, em 1942. O desembarque na Normandia, em junho de 1944 – no famoso Dia D –, que significou a abertura daquela segunda frente, só ocorreu depois do começo da ofensiva do Exército Vermelho no Leste Europeu, ino início daquele ano e que avançou rapidamente rumo ao oeste.

Mesmo na iminência da derrota, em 1945, quando as tropas russas já estavam em território alemão, a crença de que o nazismo ainda representaria um dique contra os bolcheviques ecoava na esperança da cúpula hitlerista de que o avanço do Exército Vermelho levaria a Inglaterra a socorrer os alemães, disse o historiador William I. Shirer.

Ante essa nítida cumplicidade entre as potências européias e os nazistas, e pressionado entre dois adversários igualmente ferozes, o governo soviético assinou com a Alemanha, em agosto de 1939, seu próprio Tratado de Não Agressão. O objetivo era ganhar tempo e preparar a pátria socialista para uma guerra que se avizinhava e na qual seria o alvo principal.

A preparação soviética

O governo de Stálin ganhou assim dois anos de tranqüilidade pois a agressão alemã contra a URSS começou em junho de 1941. E aquele período foi bem aproveitado. Já em setembro de 1939, poucas semanas depois da assinatura do pacto de não agressão, o governo de Moscou decidiu construir nove novas fábricas de aviões e reformar as que existiam. “A indústria começou então a funcionar em ritmo frenético”, escreveu William l. Shirer. Novos tanques de guerra foram projetados, entre eles o T-34 (considerado o melhor então existente) e o carro pesado KV.

Em 1940 a fabricação de material bélico cresceu 27% em relação a 1939. O orçamento militar que, entre 1928 a 1933 variou em torno de 5% do PIB, pulou para 43% em 1941. Quando a invasão alemã começou, os soviéticos haviam fabricado 2.700 aviões de tipos novos e 4.300 carros-de-combate.

Uma das operações de defesa empreendidas então foi a transferência do grosso da indústria soviética para leste dos montes Urais que, assim, passavam a ser uma muralha natural contra uma eventual invasão. Em janeiro de 1942, 1523 fábricas (entre elas 1360 de materiais bélicos) haviam sido transferidas e estavam em operação normal.

A invasão alemã

O dia 22 de junho de 1941 foi “a data decisiva da Segunda Guerra Mundial”, diz o historiador Eric Hobsbawn. Foi na madrugada daquele dia que a máquina de guerra alemã moveu-se contra o território russo.

As informações da espionagem alemã sobre os preparativos soviéticos eram precárias e fundamentaram um otimismo fantasioso. Eles previam uma ação rápida e Joachim von Ribbentrop (ministro de Relações Exteriores de Hitler, também condenado à morte pelo Tribunal de Nuremberg), refletindo o estado de espírito da cúpula nazista, chegou a prever que a Rússia seria “riscada do mapa em oito semanas”.

Mesmo os ingleses e os americanos se enganaram, Os primeiros calculavam que duraria apenas alguns meses, e o ministro da guerra dos EUA, Henri Stimson, calculava que duraria de um a três meses, “um máximo imaginável”

Logo os nazistas perceberam que a invasão não seria um passeio e já no dia 1º de agosto, a pouco mais de um mês depois do início da agressão, o próprio Joseph Goebbels, o todo poderoso ministro nazista da propaganda, escrevia em seu diário: “os bolcheviques revelam uma resistência maior do que havíamos suposto; sobretudo os meios materiais à sua disposição são maiores do que pensamos”. E, em16 de setembro, reconheceu que haviam errado: “havíamos calculado o potencial dos bolcheviques de modo todo errado”.

Os relatos dos generais alemães que estavam na frente de batalha foram eloqüentes a respeito não só dos erros de seu serviço secreto mas, principalmente, sobre o preparo das tropas e da resistência russas. O general nazista Franz Halder, um mês depois do início da invasão, também reconheceu o erro de avaliação: “No início da guerra, contávamos com cerca de 200 divisões inimigas. Já contamos agora com 360” e, se “esmagamos uma dúzia os russos simplesmente aumentam outra dúzia”. Outro general alemão, Guenther Bluimentritt, escreveu no mesmo sentido: A conduta das tropas russas, desde o início, “contrastou extraordinariamente com a dos poloneses aliados ocidentais na derrota. Mesmo quando cercados, os russos resistiam e lutavam”, reconhecendo também que as tropas soviéticas eram em maior número e com melhor equipamento, dos que os nazistas achassem que fosse possível.

Em 11 de agosto Halder voltou ao assunto em seu diário, dizendo que se tornava “cada vez mais evidente que subestimamos o poderio desse colosso russo não só na esfera econômica, como, também, na militar”, complicando a situação militar dos invasores. “Nessa grande extensão de terra”, escreveu, “nossa frente é demasiado estreita. Não tem profundidade. Resulta que os repetidos ataques do inimigo são, muitas vezes, coroados de êxito”. Outro comandante nazista, o marechal de campo Gerd von Rundstedt foi direto e admitiu, sem rebuços, quando foi interrogado pelos seus captores depois da guerra: “Percebi., logo depois de termos começado o ataque, que tudo o que se escrevera sobre a Rússia não passara de tolices”.

Mesmo assim, as semanas iniciais foram vitoriosas para os alemães, que entraram fundo no território soviético. Em 8 de julho (duas semanas depois do cruzamento da fronteira), os alemães já haviam posto fora de combate 89 divisões de infantaria e 20 blindadas. Em um mês, Smolensk, a 350 quilômetros de Moscou, estava cercada, Uman e Kiev, as chaves para a Ucrânia e para a bacia do Dnieper, estavam assediadas e áreas ao sul de Leningrado haviam caído nas mãos dos alemães, diz Bagguley. Eles entravam, confiantes, na mesma armadilha em que Napoleão havia caído mais de um século antes, internando-se em um território imenso onde teriam que enfrentar uma população que nunca se rendeu a invasores estrangeiros que tinha no inverno inclemente um aliado estratégico.

Os nazistas não conseguiram realizar seu plano inicial de derrotar a URSS antes do início do inverno. Eles chegaram ás portas de Moscou em, 5 de dezembro enfrentando uma temperatura de 36 graus abaixo de zero, para a qual estavam absolutamente despreparados. Mesmo porque as autoridades da capital russa havia mobilizado 450.000 moradores, dos quais 75% eram mulheres, para preparar a defesa, edificando fortificações e defesas antitanque.

Um grande obstáculo, que os alemães não conseguiram superar, veio junto com as chuvas de outono (setembro a novembro) na Rússia: a lama. As chuvas começaram em outubro, impedindo os carros de avançar e fazendo o exército alemão perder seu ímpeto. O depoimento do general alemão Heinz Guderian é esclarecedor das dificuldades. Tanques eram retirados da batalha para desatolar canhões e caminhões de munições, escreveu ele. “As semanas seguintes foram dominadas pelo lodaçal”, e o gelo causou muitas dificuldades. A mira telescópica, uma inovação tecnológica, revelou-se inútil na neve, e os alemães chegaram a ter que acendeu fogueiras debaixo dos motores dos tanques para aquecê-los o conseguir dar partida. “Há ocasiões em que a gasolina fica congelada e o óleo viscoso... Cada regimento (da 112ª divisão de infantaria) já perdeu cerca de 500 homens, vítimas de ferimentos provocados pelo frio. Em consequência do frio, as metralhadoras não mais puderam ser usadas, e nossos canhões de 37 mm antitanques tornaram-se ineficazes contra os tanques T-34 (dos russos)”.

*jornalista, editor do jornal Classe Operária




Dia da vitória 2: resistência popular contra a ferocidade nazista
Os nazistas acreditavam que o povo soviético se levantaria contra o socialismo e contra Stálin. Era uma ilusão: o povo uniu-se contra os invasores, defendeu o socialismo e a pátria, e a guerrilha foi complementar à ação do Exército Vermelho, levando a Wehrmacht a uma derrota inevitável.

Por José Carlos Ruy

Tanque alemão usado na invasão. Eles atolaram na lama

Foi em outubro, na época das chuvas e da lama, que os alemães chegaram às portas de Moscou estava à vista. Foi também a época em que, segundo o depoimento de outro general alemão, Günther Blumentritt, a resistência russa era “mais forte e a luta mais acirrada”. A presença guerrilheira nas florestas e nos pântanos era cada vez maior, emboscando, na retaguarda, colunas alemãs de abastecimento. “Assombrados e desapontados” – escreveu o general – “descobrimos em fins de outubro e princípios de novembro que os derrotados russos pareciam ignorar completamente que, como força militar, tinham quase cessado de existir”.

A resistência popular contra a ocupação inimiga começou a ser preparada logo no início da invasão alemã. Em 27 de junho, cinco dias após o cruzamento da fronteira pelas primeiras tropas nazistas, o governo soviético começou a organizar a ação guerrilheira nas regiões ocupadas, como força complementar à do exército regular. Ela se constituiu, disse o historiador Henri Bernard, em uma gigantesca operação militar controlada pelo comando militar, em harmonia com os planos de luta e com “apoio total da população”. Os bandos armados atuavam preferentemente à noite, em pequenos grupos de e50 a 400 homens e, excepcionalmente, de 3000 a 5000. Os guerrilheiros liquidaram mais de 30 mil inimigos, entre eles trinta generais, destruíram mais de 4 mil tanques, canhões automotores e carros blindados, 2 mil peças de artilharia e morteiros, etc.
Um dos maiores enganos da cúpula nazista foi a confiança em uma revolta popular anti-socialista, favorecendo a ocupação alemã, crença alimentada pelos conselheiros políticos de Hitler. Era uma ilusão, ilustrada pela conversa que o general Guderian teve em Orel, a caminho de Moscou, com um velho general czarista, que revela outro elemento que fomentou a resistência: o patriotismo da população russa. Se vocês tivessem vindo vinte anos atrás, disse o general, teriam sido recebidos de braços abertos. Mas agora “é demasiado tarde”, disse ele. “Estamos lutando pela Rússia e, nessa causa, estamos todos unidos”.

Derrota às portas de Moscou

Foi em Moscou que as “invencíveis” tropas alemãs foram derrotadas pela primeira vez. O relato do general Guderian é dramático nesse sentido. Os tanques estavam “quase imobilizados”, escreveu ele. E não puderam prosseguir, parando em uma frente de 300 quilômetros em torno da capital soviética. Guderian comunicou a seus superiores que não tinha mais condições de avançar. Mais tarde, ele escreveu que os alemães tiveram, diante de Moscou, “uma dolorosa derrota”.

A grande derrota alemã já era nítida no dia seguinte, 6 de dezembro, quando o general soviético Georgi Zhukov desencadeou um grande ataque com sete exércitos e dois corpos de cavalaria, num no total de 100 divisões com tropas equipadas e treinadas para combater na neve. “O golpe que esse general, relativamente desconhecido, desfechou com tão formidável força de infantaria, artilharia, tanques, cavalaria e aviação – que Hitler nem de leve suspeitaria que existisse – foi tão repentino e esmagador que o Exército Alemão e o Terceiro Reich dele jamais se restabeleceram completamente”, escreveu o historiador William I. Shirer. Os nazistas sofreriam ainda duas outras derrotas decisivas, em Stalingrado (em1943) e em Leningrado (em 1944), que marcaram a virada na guerra e sinalizaram a iminente derrota alemã.

Marcha vermelha rumo ao oeste

A marcha do Exército Vermelho rumo ao oeste foi implacável. A grande ofensiva de verão, iniciada em junho de 1944, logo chegou à Prússia Oriental, detendo ali cinqüenta divisões alemãs na região dos Bálticos. Ao chegar à Finlândia, destruíram outro importante grupo de exércitos nazistas. No sul, o ataque foi iniciado em 20 de agosto e logo levou à expulsão dos nazistas da Rumânia, privando-os dos campos petrolíferos de Ploesti, que era única fonte importante de petróleo dos exércitos alemães. Em 26 de agosto, foi a vez da Bulgária e, em setembro, a Finlândia rendeu-se.

Em 12 de janeiro de 1945, o exército russo chegou ao sul de Varsóvia, e avançou rumo à importante área industrial da Silésia. Varsóvia caiu em 17 de janeiro, enquanto que ao norte tropas russas ocupavam metade da Prússia Oriental. Foi a maior ofensiva russa na guerra, diz William I. Shirer. Foram empregadas mais de 180 divisões e – o que era surpreendente – a maior parte delas blindadas; “nada pode detê-las”. De tal forma que, em 27 de janeiro Guderian reconhecia que o avanço russo significava um “completo desastre” para os nazistas. Em mais uma quinzena as tropas soviéticas chegavam ao solo alemão, posicionando-se a apenas 100 milhas de Berlim.

Crimes nazistas contra o povo e as nações

Em 8 de julho de 1941, ainda nas primeiras semanas da invasão da URSS, Hitler deu ordens que prenunciavam a imensidão dos crimes que seriam cometidos contra o povo russo, elevando a um nível ainda mais alto as práticas bárbaras aplicadas pelos nazistas contra as populações ocupadas em outros países. Moscou e Leningrado deviam ser arrasadas, em ordens que podem ser resumidas em três palavras: cominar, administrar, explorar. É preciso derrotar a todos pois a segurança alemã exige que não existam inimigos a oeste dos Urais, diziam aquelas ordens. Em dezembro, elas foram ainda mais agravadas, com a determinação de que fossem queimadas e destruídas todas as localidades, “sem que haja preocupação com a população. É preciso que o inimigo não encontre possibilidade alguma de alojamento. Estes preparativos devem ser feitos antecipadamente. As localidades que não se possam destruir serão convertidas em cinzas pela Luftwaffe”, ordenava Hitler.

Um dos objetivos eram as reservas petrolíferas soviéticas de Baku; outro eram os campos de trigo da Ucrânia. E o objetivo geral era criar um vazio populacional que permitisse a instalação de colonos alemães. O Plano Geral do Leste dos nazistas previa a eliminação (ou expulsão para a Sibéria) de 80 a 85% dos poloneses, 65% dos ucranianos e 75% dos bielorussos; os restantes seriam escravizados pelos colonos alemães enviados para as terras conquistadas.

Esses crimes contra a população civil faziam parte do próprio planejamento da invasão. O general Halder registrou as palavras de Hitler em uma reunião em março de 1941, onde o chefe nazista disse que a “guerra contra a Rússia será tal que não poderá ser conduzida de maneira cavalheiresca. É uma luta de ideologias e de diferenças raciais e terá que ser conduzida com uma dureza sem precedentes, sem mercê e sem descanso. Todos os oficiais terão que desembaraçar-se de ideologias obsoletas. Sei que a necessidade de tais meios, para ser travada uma guerra, ultrapassa a compreensão dos senhores, generais, mas... insisto em que minhas ordens sejam executadas sem oposição. Os comissários são portadores de ideologia que se contrapõem diretamente ao Nacional–Socialismo. Por conseguinte, liquidar-se-ão os comissários [do povo – JCR]”. E garantia o perdão oficial para “os soldados alemães acusados de quebrar as leis internacionais... A Rússia não faz parte da Convenção de Haia não tendo, portando, direito a elas”.

A extensão dessa barbárie já havia sido registrada em maio de 1941 pelo dirigente nazista e teórico do racismo que, naquele ano, fora encarregado da direção dos territórios ocupados na Europa Oriental, onde foi responsável pela deportação e extermínio de centenas de milhares de pessoas sendo, por isso, condenado à morte pelo Tribunal de Nuremberg, em 1946.

Em uma carta a outro dirigente nazista, escrita em 1941, Alfred Rosenberg deixou uma descrição vívida dos crimes nazistas contra os povos. “A tarefa de alimentar o povo alemão”, escreveu, “figura no alto da lista de reivindicações da Alemanha no leste. Os territórios do sul [da Rússia] terão que atender... à alimentação do povo alemão”. Ele não nenhuma razão ou “obrigação de nossa parte em alimentar também o povo russo com os produtos desse território. Sabemos que é uma necessidade cruel, despida de quaisquer sentimentos... Muitos serão os anos duros que o futuro irá reservar aos russos”. E perguntava: “Quantos russos morreriam em consequência dessa deliberada política alemã?” E citava, como resposta, o memorando de uma reunião realizada em 2 de maio [de 1941]. Não há dúvida, dizia aquele documento. De que “muitos milhões de pessoas morrerão de fome, se tirarmos do país as coisas que nos são necessárias”. Este era um consenso na cúpula nazista. Herman Goering, comandante da Luftwaffe e o segundo homem na hierarquia nazista (também condenado à morte em Nuremberg) escreveu, em setembro de 1941, escreveu ao conde Gian Galeazzo Ciano, genro de Mussolini e ministro de Relações Exteriores da Itália fascista, que em 1941 “entre vinte e trinta milhões de pessoas morrerão de fome na Rússia”. E concluia: “Talvez convenha ser assim, pois certos povos devem ser dizimados”.

Em outra carta, de 28 de fevereiro de 1942, Rosenberg voltava ao assunto, descrevendo a situação dos prisioneiros russos em posse dos nazistas. Dos 3.6 milhões de soldados russos aprisionados entre 21 de junho a 6 de dezembro de 1941,disse, “apenas algumas centenas de milhares podem ainda trabalhar eficazmente. Grande parte morreu de inanição ou dos azares do tempo” embora, reconhecesse, “havia mantimentos suficientes na Rússia para abastecê-los”. Nessa carta dizia que comandantes dos acampamentos “proibiram que se pusessem mantimentos à disposição dos prisioneiros; preferiram deixá-los morrer de fome. Mesmo na marcha para os acampamentos, a população civil não teve permissão para lhes dar alimentos. Em muitos casos, quando os prisioneiros não mais podiam caminhar devido à fome e à exaustão, eram fuzilados diante dos olhos da população civil horrorizada, e os corpos abandonados. Em numerosos acampamentos não lhes deram abrigo algum. Permaneciam ao ar livre, chovesse ou nevasse”. Ele se refere ainda, ao fuzilamento regular de prisioneiros de guerra.

27 milhões de vidas, o custo da vitória soviética

Para vencer a guerra contra o nazismo, a URSS pagou o mais alto preço em vidas humanas e prejuízos materiais entre os aliados. Foram destruídas ou incendiadas 1710 cidades, 70 mil vilas e aldeias queimadas; 65 mil quilômetros de trilhos foram destruídos, 100 mil fazendas coletivas e estatais devastadas, 25 milhões de pessoas ficaram sem tetos. O país perdeu 30% de sua riqueza. Os cálculos sobre a perda de vidas humanas variam. São números assustadores; o mais aceito diz que foram 27 milhões de mortos, entre soldados e a população civil; estima-se que foram mortos entre 10% a 20% da população total. Um número tão alto que provocou um vazio geracional entre os russos: o censo populacional de 1959 mostrou que, na faixa de idade entre 35 e 50 anos ainda existiam no país mais sete mulheres para cada quatro homens. Eram 53 milhões de mulheres para 31 milhões de homens.

*jornalista, editor do jornal Classe Operária