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quarta-feira, 11 de março de 2009

Centrais acampam no BC e sacodem o Brasil por juros menores

As centrais sindicais, ao lado de confederações, federações e sindicatos, realizam manifestações em todo o Brasil, nesta terça e quarta-feira (10 e 11), pela redução da taxa básica de juros (Selic). O objetivo é pressionar o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que está reunido em Brasília para decidir o índice da nova taxa, atualmente em 12,75% ao ano.

As entidades estão organizando atos e manifestações, como um acampamento na Avenida Paulista, em frente à sede regional do Banco Central em São Paulo. Os manifestantes iniciaram o acampamento às 16 horas desta terça-feira, permanecendo no local até o anúncio da nova Selic, na quarta.

O resultado do crescimento da economia referente aos últimos meses de 2008, anunciado nesta terça, mudou projeções para a redução da taxa. A queda de 3,6% no PIB (Produto Interno Bruto) no quarto trimestre, em relação ao trimestre anterior, foi a maior de toda a série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciada há 13 anos.

Para o economista-chefe do Santander e ex-diretor do Banco Central, Alexandre Schwartzman, a expectativa é de um corte de 1,5 ponto percentual — e não mais de um ponto percentual, como vários economistas previam antes. As centrais, no entanto, querem um corte mais acentuado.

Segundo o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, o movimento sindical não vai dar trégua ao presidente do BC, Henrique Meirelles. “Vamos promover uma série de manifestações para que a taxa Selic seja cortada rapidamente em pelo menos quatro pontos percentuais.”

Para os dirigentes sindicais, as altas taxas impostas pelo Copom inibem o consumo, provocando queda na produção e desemprego. Dessa forma, uma das principais bandeiras do movimento sindical nesse momento é a redução dos juros.

Além da pressão para baixar os juros, cinco centrais sindicais (CTB, Força Sindical, CGTB, NCST e UGT) aprovaram a realização de um dia nacional de lutas em defesa do emprego, dos direitos e do desenvolvimento. A data marcada foi o dia 30 de março, segunda-feira. A CUT não enviou representante, mas comprometeu-se com a manifestação.

Empresariado

Além dos sindicalistas, setores empresariais também pressionam o governo pela queda de juros, como forma de garantir condições de financiamento mais favoráveis às indústrias. “Ações mais efetivas para reduzir os juros básicos contribuiriam para a retomada da demanda doméstica e da atividade industrial”, destaca Paulo Godoy, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib).

A queda de 3,6% do PIB tornou-se mais um argumento para cobrarem do Banco Central um corte brusco e urgente da taxa básica de juros. Economistas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio) afirmaram à Agência Brasil que, se o Copom não anunciar uma redução dos juros, a economia brasileira pode até encolher em 2009.

“Se a política monetária não mudar, podemos ter um crescimento negativo neste ano”, afirmou o gerente do departamento de economia da Fiesp, André Rebelo. “Esperamos que o Banco Central se sensibilize e faça um corte de 2 pontos percentuais e adote viés de baixa, para que possa baixar a taxa novamente antes da próxima reunião, em 45 dias.”

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