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quarta-feira, 4 de março de 2009

Anfavea diz desconhecer decisão de prorrogar IPI reduzido

Associação das montadoras nega tratar com o governo sobre o assunto.Presidentes da GM e da VW pedem a redução da taxa básica de juros.

Enquanto rumores dizem que o governo decidiu estender a redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre veículos por mais três meses e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, nega que haja alguma decisão , a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) diz não ter tratado, até o momento, a manutenção do incentivo com o governo.

Segundo o diretor de relações institucionais da Anfavea, Ademar Cantero, nenhum representante do governo se posicionou oficialmente sobre o assunto com a entidade, que representa a indústria automobilística nacional. “Não temos tratado a respeito com o governo por enquanto. Mas é um ponto defendido pelo setor automotivo de que a redução continue”, observa.
Cantero reconhece que o desconto é o grande responsável pela retomada das vendas de veículos no Brasil. “É um instrumento importante que tem promovido a recuperação do mercado. É o terceiro mês de vigência da medida e observamos que ela estancou as quedas de vendas registradas em outubro e novembro do ano passado”, diz.

O balanço da Anfavea sobre o desempenho da indústria em fevereiro será divulgado na próxima segunda-feira (9). Entretanto, de acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), as vendas de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus somaram 191.343 unidades no mês, crescimento de 0,95% sobre o resultadi de janeiro. Em janeiro, segundo a Anfavea, os licenciamentos haviam subido 1,5% sobre dezembro de 2008.

E não há dúvidas de que a indústria pressiona o governo pela prorrogação do desconto. A primeira montadora a se manifestar a favor foi a Ford, que defende a redução por mais três meses. Nesta terça-feira (3), o presidente da General Motors do Brasil, Jaime Ardila, e o presidente da Volkswagem do Brasil, Thomas Schmall, manifestaram-se a favor da prorrogação e da redução da taxa básica de juros, a Selic, como importante ação para estimular o consumo de veículos no país.

No setor de caminhões, a postura é a mesma. Para o diretor comercial da Iveco (divisão de caminhões da Fiat), Alcides Cavalcanti, o prolongamento do desconto de IPI ajudará a aumentar o consumo interno de veículos pesados, entretanto, a medida não pode ser isolada. “Poderia haver um alongamento dos prazos de financiamento do Finame. No máximo se compra um caminhão em cinco anos. Se ampliar isso para seis a sete anos, as parcelas são reduzidas, o que facilita muito”, destaca.

Apelo

E o principal argumento da indústria diante do governo é a manutenção do nível de emprego. Sem volume de vendas suficiente para escoar a produção atual, as vagas na indústria irão diminuir. O que já acontece. Para conseguir dar conta da aquecida demanda até outubro de 2008, muitas montadoras adotaram o terceiro turno de produção, agora, sem necessidade de operar. O resultado é a demissão dos funcionários temporários.

A General Motors, por exemplo, já declarou que manterá o nível de emprego nas unidades brasileiras, entretanto, dispensará os funcionários temporários. Somente na fábrica de São Caetano do Sul, no ABC paulista, 1.633 vagas serão cortadas. Segundo Jaime Ardila, as decisões de emprego da empresa no Brasil dependem totalmente do desempenho do mercado brasileiro.

Já os concessionários falam em queda das vendas e em aumento dos preços dos veículos, caso o prazo de desconto não seja ampliado. "Com o vencimento do desconto do IPI podemos ter aumento no preço dos veículos de 10% a 12%. Primeiro pela parte de 7% concedida pelo governo (no caso de veículos 1.0). O resto seria o fim das promoções feitas pelas montadoras e concessionárias a custa da nossa margem de lucro", alerta o presidente da Fenabrave, Sérgio Reze.

O que Sérgio Reze e outros representantes do setor, ou até mesmo do governo, temem é de que as especulações sobre a decisão de manter ou não a redução de IPI causem uma euforia no mercado. “Uma posição oficial do governo só virá ao final deste mês, quando acaba o prazo estabelecido”, destaca Reze.

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