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sexta-feira, 1 de maio de 2009

1º de Maio - Dia de luta contra a exploração capitalista e pelo socialismo

Por Wagner Gomes

O Dia Internacional dos Trabalhadores foi instituído por iniciativa da Internacional Socialista (organização fundada e dirigida por Karl Marx e F. Engels) num congresso realizado em Paris no ano de 1889, em homenagem à heróica greve realizada três anos antes, em maio de 1886 na cidade de Chicago (EUA). O movimento, que mobilizou milhares de pessoas, foi brutalmente reprimido pelo Estado, o que resultou no assassinato de 12 grevistas e em dezenas de feridos, bem como na prisão e posterior condenação à morte dos principais líderes operários, que ficaram conhecidos na história, merecidamente, como os “mártires de Chicago”.

Os operários estadunidenses, que à época labutavam pelo menos 12 horas todo santo dia, exigiam a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias sem redução de salários. Tal bandeira foi transformada no principal tema do 1º de Maio em todo o mundo a partir da instituição da data. Ao longo dos anos, o limite de 8 horas de trabalho foi conquistado com muita luta e transformado em direito praticamente em todo o mundo. No Brasil, o limite legal das 8 horas diárias e 48 horas semanais foi estabelecido em 1932 por Getúlio Vargas e depois consolidado como direito em 1943 na CLT.

Luta secular

A Constituição promulgada em 1988 reduziu a jornada semanal para 44 horas, mantendo o limite diário de 8 horas. A demanda por uma jornada menor, respaldada pelo avanço da produtividade do trabalho, tem sido recorrente nas manifestações do 1º de Maio e continua muito atual no Brasil e no mundo.

O desenvolvimento espetacular das forças produtivas, com a introdução de novas e revolucionárias tecnologias no processo de produção, criou condições para um grande avanço nesta direção, pois diminuiu substancialmente o tempo médio de trabalho necessário à produção das mercadorias destinadas a satisfazer o consumo da sociedade.

O economista Marcio Pochmann, presidente do IPEA, estima que, nas condições atuais, seria possível praticar uma jornada semanal de apenas 12 horas empregando todo mundo, ou seja, acabando com o desemprego, sem comprometer o nível de produção, satisfazendo plenamente as necessidades e demandas de consumo da sociedade. Os capitalistas, contudo, são radicalmente contra a redução da jornada sem redução de salários, pois não querem sacrificar um tiquinho sequer dos fabulosos lucros que estão acumulando.

Em nenhum momento da história do capitalismo, a regulação e redução da jornada foram obtidas à base da generosidade, caridade cristã ou boa vontade dos capitalistas. Resulta, invariavelmente, da luta enérgica da classe trabalhadora. É produto “de uma guerra civil multi-secular” entre capital e trabalho, para lembrar as palavras do pensador alemão Karl Marx.

Saída para a crise

Este 1º de Maio transcorre sob o signo de uma severa crise do modo de produção capitalista, a mais séria desde a Grande Depressão que atravessou a década iniciada em 1930 e desaguou na 2º Guerra Mundial; a mais global e sincronizada de toda a história do capitalismo. Embora não seja responsável pela crise, a classe trabalhadora é quem mais sofre os seus efeitos sociais, com as demissões em massa, o arrocho dos salários e a precarização dos contratos e das condições de trabalho.

A necessidade da redução da jornada sem redução de salários é patente diante da multiplicação do número de desempregados, que deve chegar a 250 milhões de trabalhadores e trabalhadoras em todo o mundo, segundo estimativas da OIT. No Brasil, a taxa de desemprego saltou para mais de 15% nas seis principais regiões metropolitanas, segundo o Dieese, atingindo mais de 3 milhões de pessoas no universo pesquisado. Cerca de 1 milhão de postos de trabalho foram suprimidos desde outubro do ano passado.

Urge intensificar a luta pela redução da jornada sem redução de salários, aspiração histórica da classe operária que pode gerar milhões de postos de trabalho. É indispensável consolidar a unidade das centrais sindicais para obter sucesso neste sentido, razão pela qual a CTB propõe a realização, o quanto antes, de uma marcha emergencial a Brasília pelo emprego.

Será preciso ir além disto. A crise do capitalismo não encontrará uma solução progressista nos marcos deste odioso sistema de exploração do homem pelo homem. É preciso levantar bem alto neste 1º de Maio a bandeira do socialismo, que ocupa um lugar privilegiado nos princípios e objetivos estratégicos da CTB e é também o ideal maior dos trabalhadores e trabalhadoras em todo o mundo.

Finalmente, estamos convencidos de que a luta por um novo projeto nacional de desenvolvimento, com soberania e valorização de trabalho, pode abrir o caminho nesta direção.

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