O serviço sujo de Uribe ao imperialismo americano
Faltavam apenas 18 dias para o presidente de extrema direita da Colômbia, Álvaro Uribe, deixar o governo e ele ainda prestou mais um serviço – o último? – ao imperialismo dos EUA e tentar desestabilizar o governo da Venezuela e tumultuar a integração da América do Sul. No dia 21 de julho, o embaixador da Colômbia na OEA apresentou a falsa acusação de que o governo venezuelano acoberta em seu território a presença de guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Há sinais fortes de que aquela pode ter sido uma ação coordenada contra os governos e forças sociais progressistas no continente. Afinal, na mesma ocasião, o candidato a vice na chapa de oposição no Brasil, o desconhecido Índio da Costa, do DEM do Rio de Janeiro, acusou (de comum acordo com o candidato conservador, o neoliberal José Serra) o Partido dos Trabalhadores de ligação com as Farc e com o narcotráfico.
No Brasil, a ação mentirosa da direita tem o objetivo de angariar, propagando o medo, alguns votos para evitar a desmoralização de seu candidato na eleição de outubro. Na Colômbia, a acusação faz parte do esforço de criar obstáculos para a política de reaproximação diplomática com a Venezuela indicada pelo presidente eleito, Juan Manoel Santos, que tomará posse em sete de agosto, e manter a subordinação automática às ordens de Washington.
O futuro presidente vinha colecionando declarações no sentido da aproximação com a Venezuela, abrindo com isso uma área de discordância com a política agressiva de Álvaro Uribe. Segundo muitos analistas, a ênfase do novo presidente será a economia e não a guerra.
A tensão permanente mantida pelo governo de direita de Uribe com seus vizinhos está pontilhada de episódios onde a Colômbia se sujeita a prestar, neste lado do mundo, o mesmo papel de pitt bull do imperialismo que Israel desempenha no Oriente Médio. O tom subiu depois que o governo de Barack Obama exigiu uma investigação da OEA sobre as acusações feitas pela Colômbia. Ela é inaceitável para os países da América do Sul que indicam a Unasul - em que os EUA não tem assento - como o fórum adequado para tratar do assunto. A consequência foi o rompimento de relações diplomáticas por iniciativa da Venezuela e o fechamento da fronteira entre os dois países.
O conflito artificial detonado por Uribe fez crescerem as indicações de uma provável ação militar colombiana contra a Venezuela, acrescentando mais decibéis à crise e levando a outra reação pronta das autoridades de Caracas: o presidente Chavez ameaçou cortar todo o fornecimento de petróleo para os EUA (fonte das ameaças de agressão personificadas pela Colômbia) caso ocorra qualquer agressão militar contra seu país, venha de onde vier. Não é uma ameaça qualquer: é da Venezuela que saem 15% do petróleo que os EUA importam (1,5 milhão de barris por dia), volume que significa por outro lado 65% da produção da Venezuela.
Hugo Chavez acusa com razão os EUA e a Colômbia de mentirem para justificar ações contra a Venezuela, da mesma forma como o governo de George Bush mentiu para justificar o ataque contra o Iraque. "O império norte-americano não tem limites em sua capacidade de manipulação", acusou Chavez. "Já faz algum tempo que o governo da Colômbia entregou a soberania do seu povo e seu território", aceitando a instalação de bases militares e de tropas estadunidenses no país onde, a pretexto de combater o narcotráfico, rosnam contra as mudanças democráticas e progressistas que ocorrem em todo o continente. Nesse sentido, o presidente venezuelano denunciou que, além da instalação das bases militares na Colômbia, foi reativada a 4ª Frota, o Haiti foi ocupado militarmente a pretexto do terremoto que ocorreu em janeiro, e foi enviada uma frota para a Costa Rica - todas iniciativas que evidenciam o fortalecimento da presença militar dos EUA no continente e ameaçam os governos antiimperialistas e democráticos eleitos na última década.
Fiel cão de guarda do imperialismo, Uribe é a expressão da extrema direita mais raivosa de seu país e seus ataques contra Chavez e a Venezuela tem um objetivo duplo. Um deles é manter-se em evidência e à frente da oligarquia conservadora. O outro é o de queimar as pontes de uma reaproximação entre Colômbia e Venezuela, desejada pelos dois países, necessária às suas economias, mas contrária aos interesses do imperialismo estadunidense e seu objetivo de manter a divisão entre as nações sul-americanas e a tensão entre elas. Uribe serve às suas ambições pessoais, aos privilégios da oligarquia que se vê crescentemente afastada do poder na América do Sul e, acima de tudo, aos patrões de Washington e seus esforços para restaurar e manter um domínio que apresenta sinais de decadência cada vez maiores.
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