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segunda-feira, 13 de julho de 2009

Oito meses consecutivos de queda do emprego na indústria indicam que é hora de reduzir jornada

O emprego industrial no Brasil caiu 0,5% em maio na comparação com abril, segundo informações divulgadas nesta sexta-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foi a oitava queda consecutiva em relação ao mês imediatamente anterior. Na comparação com maio do ano passado, registrou-se um recuo de 6,0%, a sexta redução consecutiva nessa base de comparação e a maior queda apurada pelo instituto desde o início da série da pesquisa, em 2001. Em 2009, o emprego na indústria acumula queda de 4,7% e, em 12 meses, recuo de 1,1%.

Já o valor da folha de pagamento real dos trabalhadores da indústria aumentou 1,9% em maio na comparação com abril, revertendo dois meses de queda em relação ao mês anterior. Os técnicos do IBGE observaram, no documento de divulgação da pesquisa, que o aumento na folha em maio foi "influenciado pela indústria extrativa, por conta do pagamento de participações nos lucros". Ou seja, não significa uma elevação do valor real dos salários.

Na comparação com maio do ano passado, a folha de pagamento na indústria apresentou queda de 0,6%. No acumulado do ano, houve recuo de 0,8% e em relação aos últimos 12 meses o resultado é positivo, de 3,0%, ainda que a taxa apurada no mês tenha sido a menor desde abril de 2007. Cabe notar que a queda de 0,5% em maio foi menor desde novembro, conforme mostra o gráfico reproduzido abaixo.

Redução da jornada

No caso do número de horas pagas aos trabalhadores da indústria, o IBGE registrou uma queda de 1,1% em maio, em relação a abril. Essa foi a oitava taxa negativa consecutiva ante o mês anterior. Nas comparações com iguais períodos do ano anterior, os resultados continuaram negativos: -6,7% na comparação com maio de 2008 e -5,6% no acumulado de janeiro a maio. Também houve queda, de 1,5%, no acumulado dos 12 meses encerrados em maio.

A redução do nível de emprego na indústria é um mau sinal para a economia e uma péssima notícia para a classe trabalhadora. Significa redução do consumo, enfraquecimento do mercado interno e avanço da precarização. Afinal, é a indústria que oferece os melhores postos de trabalho, maior índice de formalização dos contratos e melhores salários (em relação aos outros setores da economia: agricultura, comércio e serviços).

Além de ser um flagelo e uma humilhação para os trabalhadores e as trabalhadoras, o desemprego é um fator que realimenta a crise ao comprimir o consumo doméstico, agravando a contradição entre produção e consumo. Esta é uma razão a mais para intensificar a mobilização em defesa da redução da jornada de trabalho sem redução de salários, proibição das demissões em massa, contrapartidas sociais para os benefícios concedidos pelo poder público às empresas e outras medidas em defesa dos direitos e interesses da classe trabalhadora. Os atos públicos convocado pelas centrais e os movimentos sociais para 16 de julho em Brasília e 14 de agosto nos estados tendem a desempenhar importante papel neste sentido.

Gráfico: Banco Fator

(Umberto Martins, Portal CTB)

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