A magia das pesquisas eleitorais
A história sempre se repete. Quando a pesquisa é boa, amplificamos os seus resultados. Quando é ruim, ou escondemos ou a tachamos de falsa. No fundo, as pesquisas se tornaram ferramentas eleitorais, são usadas à torto e à direito para manipular a cabeça das pessoas, incentivar o nosso time e abalar o moral da tropa adversária.
Os institutos de pesquisa sabem disso e fazem a fortuna, principalmente nos períodos eleitorais. Não há quem não conheça a história de pesquisas compradas para influenciar o curso das eleições ou feitas de acordo com o figurino do candidato de preferência. Esse papo rola em todos os lugares.
Os institutos de pesquisa, no entanto, tem um ativo que não podem perder, que é a credibilidade. Embora a memória das pessoas, nesse quesito, seja pequena, uma bola fora sempre arranha o prestígio do órgão pesquisador.
Para manter a credibilidade, as pesquisas e seus institutos, no entanto, trabalham com uma variável estratégica. A pesquisa que fica para a história (e na memória) é aquela realizada às vésperas da eleição ou na boca-de-urna. Nessas, só dá para manipular dentro da chamada margem de erro.
Dessa forma, o cara pode aprontar durante meses, inverter tendências, distorcer números, prever coisas que jamais se realização. O problema todo se resolve na reta final, com os ajustes. Por isso que acontece cada manchete às vésperas da eleição. “Fulano perdeu 20% em uma semana!”, “Beltrano superou sicrano na reta final”.
O grand finale é sempre assim. O que ganhou, mesmo quando vítima das pesquisas, comemora a “virada”, e o que perdeu, já que perdeu, não adianta reclamar de nada, muito menos das pesquisas.
As eleições desse ano são ricas em exemplo de resultados contraditórios. Aqui, a famosa lei da matemática segundo a qual a ordem dos fatores não altera o produto não é levada em consideração.
Ao contrário. Aparecem casos em que a degradação de todos os fatores tem como consequência a melhora do produto, uma manipulação tosca como se em política valesse a outra lei da matemática, em que se multiplicar um número negativo por outro também negativo o resultado é positivo.
Assim acontece com o candidato da direita, José Serra. Toda vez que todos os fatores essenciais para a definição do voto do eleitor estão negativos para ele, tem um instituto de pesquisa que o apresenta com viés de alta nas sondagens, com resultados positivos. Na verdade, a única coisa boa da campanha do Serra tem sido os resultados da pesquisa Datafolha. Não dá para não desconfiar…
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