"Área política" do DEM aprova candidatura de estelionatário em SP
Dono declarado do sexto maior patrimônio entre os candidatos a deputado federal nas eleições deste ano, Selmo Santos (DEM-SP) registrou sua candidatura de dentro da cadeia. O postulante a uma vaga na Câmara está preso preventivamente por estelionato desde 27 de janeiro no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, em São Paulo.
Ele foi preso por agentes do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), que cumpriram mandado de prisão expedido pela 24ª Vara Criminal de São Paulo, onde Santos responde a processo por estelionato.
Dois meses depois, foi condenado, também por estelionato, em outro processo. Ele também responde por falsidade ideológica na Justiça Federal e, em 2004, já havia sido preso por tráfico de drogas, mas sem condenação.
Como revelou a Folha ontem, Santos declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 91,6 milhões, mas mora num casebre numa região de periferia, na zona leste da capital paulista.
Entre seus bens está uma participação de R$ 80 milhões em uma universidade que existe apenas no papel.
Apesar do histórico e do fato de estar atrás das grades, ele não pode ser impugnado com base na Lei da Ficha Limpa porque não há sentença com trânsito em julgado (sem possibilidade de recurso) ou condenação por decisão colegiada. Mesmo o fato de ter registrado sua candidatura preso não é ilegal.
Mesmo preso, sua candidatura foi aprovada, junto com a de outros 30 postulantes, pelo diretório regional do DEM em São Paulo.
Segundo o partido, a candidatura foi indicada pela "área política" do diretório. O DEM analisa sua expulsão.
Gravação na cadeia
Seu advogado, André Luiz Stival, afirma que, caso seu cliente não seja libertado até o início da propaganda eleitoral em rádio e TV, tentará gravar, de dentro da cadeia, a participação de Santos no horário reservado ao DEM.
Anteontem, Stival foi reticente em relação ao patrimônio de seu cliente. Ontem, afirmou que os R$ 80 milhões de capital da Unilma (Centro Universitário Livre do Meio Ambiente) têm lastro em "imóveis, aplicações financeiras e doações".
A Folha apurou que a Polícia Civil de São Paulo começou a investigar Selmo Santos no ano passado e que, após encontrar indícios de lavagem de dinheiro envolvendo a Unilma, acionou a Polícia Federal.
A Procuradoria Regional Eleitoral informou que analisará as candidaturas registradas pelo DEM a partir de amanhã, quando será publicado o edital com os candidatos da coligação. O caso de Selmo Santos, segundo o procurador regional Pedro Barbosa Pereira Neto, será "examinado com cuidado".
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