Segundo ministro, 'umas das líderes' injetará US$ 1 bilhão em fábrica.Para o governo, volume de venda de veículos no Brasil será igual a 2008.
As previsões do governo para a indústria automobilística no Brasil estão mais positivas que as do próprio setor, segundo o ministro do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge. Em reunião com representantes da indústria na Câmara Americana de Comércio (Amcham) , nesta segunda-feira, o ministro reiterou que o setor manterá o nível de vendas no mercado interno registrado em 2008, de 2,820 milhões de unidades e afirmou que três montadoras já anunciaram ao governo novos investimentos no país.
De acordo com Miguel Jorge, o que confirma o potencial do mercado brasileiro para os próximos anos são os novos investimentos das montadoras que serão anunciados nos próximos meses. O ministro disse que “uma das líderes de mercado” investirá US$ 1 bilhão na duplicação de uma fábrica e o desenvolvimento de novos produtos. Embora não tenha revelado o nome da empresa, fontes do setor afirmam que se trata da ampliação da fábrica da General Motors em Gravataí, no Rio Grande do Sul.
Com o investimento, o complexo gaúcho passaria a produzir uma nova linha com base no protótipo GPix, apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo no ano passado. A gama possivelmente incluirá um utilitário esportivo, um sedã, um hatch e uma picape. O vice-presidente da General Motors do Brasil, José Carlos Pinheiro Neto, não confirmou o reforço nos investimentos para a fábrica de Gravataí, porém, afirmou que desde janeiro a GM do Brasil não repassa dividendos à matriz, para financiar os projetos no país.
“Esse dinheiro ajudará a financiar parte dos US$ 1 bilhão anunciados pelo presidente Jaime Ardila no ano passado, que inclui 16 novos produtos que começam a ser lançados a partir do segundo semestre, e a construção da fábrica de motores em Joinville”, disse Pinheiro Neto, também presente no evento da Amcham.
Mas este não é o único investimento citado por Miguel Jorge. O ministro afirma que mais duas montadoras planejam investimentos para o desenvolvimento de produtos e construção de uma fábrica. “O investimento da Toyota já foi anunciado pela empresa, será a construção da fábrica em Sorocaba. As obras foram retomadas e estão em fase de terraplanagem”, observa o ministro.
Força do mercado
Com um carro para cada 7,3 habitantes, o Brasil é um dos mercados mais promissores do mundo, para ter ideia, os Estados Unidos têm a relação de 1,2 habitante por carro no país. E é nesse potencial, somado à expectativa de rápida recuperação da crise, volta do crédito e o “empurrão” da redução do IPI sobre veículos novos, que o governo aposta no bom desempenho do setor — que representa 22,1% do PIB (Produto Interno Bruto) industrial.
“As perspectivas para 2009 estão muito melhores em relação ao que se esperava no ano passado. Embora a Anfavea (Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores) seja muito conservadora ao esperar queda de 3,9% no mercado interno, ele deverá se igualar ao desempenho de 2008”, reforçou o ministro.
O ministro também espera manutenção dos níveis de produção em 3,214 milhões. Já a Anfavea acredita que a produção de veículos do Brasil cairá 11,2%em 2009, para 2,86 milhões de unidades. Sobre as vendas, a associação prevê queda de 3,9%, para 2,71 milhões de unidades.
Outro representante da indústria otimista com o fechamento do melhor primeiro trimestre em vendas da indústria automobilística nacional é o presidente da Ford do Brasil e Mercosul, Marcos de Oliveira. O executivo comemora o aumento de market share da empresa. “A Ford cresceu 28% no primeiro trimestre sobre o mesmo período do ano passado, com a venda de 77.343 unidades. Isso possibilitou crescer em participação de mercado, de 9,3% para 11,5%”, destacou Oliveira no evento.
Segundo o presidente da Ford no país, a montadora manterá o ciclo de investimentos previsto até 2012 e atribui o bom resultado à “agilidade da resposta” para ajustar a produção quando as vendas começaram a cair. “Além disso, desde o primeiro dia de redução de IPI acreditamos que seria a saída para estancar o problema da queda das vendas no mercado interno.”
Exportações
Embora o mercado nacional tenha mostrado recuperação importante, as exportações continuam a ser o grande desafio da indústria. “Tivemos queda de consumo nos nossos principais mercados, que são México, Argentina, Venezuela e América do Sul”, disse Marcos de Oliveira. “Para 2009, a estimativa é de queda de 32%, um grande fator para administrar”, acrescentou.
O vice-presidente da GM cobrou do ministro a isenção ou redução de impostos sobre os produtos exportados. “O Brasil é um dos poucos países que exporta imposto. É preciso eliminar a cobrança de ICMS. Somente a General Motors gera R$ 30 milhões por mês em crédito de ICMS. Temos cerca de R$ 700 milhões para receber do governo, de crédito acumulado em dois anos com as exportações”, reclamou. Pinheiro Neto também argumentou contra o alto custo de produção no estado de São Paulo.
Em resposta, o ministro Miguel Jorge afirmou que o governo federal trabalhará com os governos estaduais para resolver a questão da cobrança de ICMS. Além disso, destacou que tem trabalhado continuamente para “a redução de custos de maneira conjuntural”. “É difícil trabalhar com o governo a ideia de que reduzir impostos, na verdade, significa ganhar arrecadação com a venda em escala. É a teoria ‘da 25 de março’, mas estamos tentando”, disse o ministro.
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