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terça-feira, 3 de março de 2009

Montadoras apostam no Brasil para melhorar desempenho global

GM cobra do governo a continuação nas facilidades de crédito ao consumidor brasileiro, como redução do IPI

GENEBRA - A General Motors alerta que o governo brasileiro terá de continuar a dar crédito ao consumidor e facilidades se não quiser ver a crise atingir em cheio o setor automotivo nacional nos próximos meses. "O governo precisa continuar a facilitar o crédito ao consumidor brasileiro, principalmente nesse momento", afirmou ao Estado o diretor financeiro da GM, Fritz Henderson.

Cinco dos principais executivos das maiores montadoras do mundo falaram com exclusividade ao Estado sobre a situação brasileira. Todos apontam o País como um elemento fundamental nos próximos anos para o crescimento do setor automotivo e muitos deles planejam novos investimentos. Mas isso apenas depois que a crise passar.

Para Fritz Henderson, da GM, a redução do IPI fez com que as vendas da GM sofressem um aumento no Brasil nos últimos meses. "Mas os esforços precisam continuar", disse. "Para qualquer montadora, o Brasil passou a ser fundamental na estratégia global", disse.

Dieter Zetsche, presidente mundial da Daimler Chrysler, também aponta para a importância do Brasil. Mas alerta que a crise já chegou ao País. "O Brasil é um dos países emergentes com maior potencial para o crescimento do setor automotivo no longo e médio prazo. Mas a crise está mordendo a todos, inclusive nossas vendas no País", afirmou o CEO do grupo que inclui a Mercedes Benz. "Nossa esperança é de que a gama de alta classe no Brasil possa nos render bons frutos no médio prazo", disse.

Para a Fiat, que está na outra ponta do mercado e se concentra em carros populares, o Brasil é considerado como "uma peça chave" nas contas globais da empresa. "Nossas vendas no Brasil são fundamentais em nossa conta global", afirmou Lorenzo Sistino, CEO da Fiat. Ele evita dizer, porém, se o desempenho da empresa italiana no País e em outros mercados emergentes poderia compensar a queda de vendas nos países ricos. "A regra hoje, diante de tanta incerteza, é de que não há mais regras", afirmou.

Já o presidente da Nissan para as Américas, Carlos Tavares, não acredita que o Brasil e outros mercados emergentes possam compensar a crise no setor. "Não chegamos ao fundo do buraco e a crise começa a atingir também os países emergentes", disse. A empresa, que tem apenas 1% do mercado brasileiro, lançará neste ano no País dois modelos para tentar alavancar suas vendas. Após o período de crise, a ideia é a de investir mais no Brasil e lançar produtos de maior acesso à classe média. "Mas vamos esperar um pouco ainda para concretizar isso", afirmou Tavares.

O presidente mundial da Kia, Eui-sun Chung, também é cauteloso sobre o futuro dos países emergentes. Mas admite que o Brasil estará no radar da empresa no médio prazo. Ele garante que está tentando solucionar "diferenças" com o governo brasileiro para que a empresa possa voltar a pensar em construir uma fábrica no País. "Queremos uma solução rápida para nosso problema. Com isso resolvido, vamos estudar novos investimentos nos próximos anos", disse. Nos anos 90, a Asia Motors recebeu incentivos do governo para construir uma fábrica, que nunca saiu do chão. O calote chegou a US$ 1 bilhão por parte da empresa, que acabou sendo incorporada à Kia Motors.

Já a Kia passou a fazer parte da Hyundai em 1998. As empresas alegam que não tinham responsabilidade sobre as atividades da Asia Motors do Brasil e, portanto, não assumem a dívida.

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