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quarta-feira, 26 de março de 2014

“A rotatividade no trabalho é um terrível mal”, diz Joílson Cardoso
Vice-presidente da CTB analisa dos dados do Dieese e do MTE sobre a questão e conclui: rotatividade sempre é acompanhada de injustiça
 A rotatividade no mercado de trabalho brasileiro cresceu de 52% em 2003 para 64% em 2012 - quando levado em consideração um período de um ano na empresa. O Brasil apresenta um comportamento “sui generis” no tema, sobretudo tendo em mente os elevados patamares alcançados, especialmente nos setores de serviços (60%), comércio (64%), agricultura (92%), construção civil (115%) e em alguns ramos da indústria de transformação (53%).
Os dados são do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e foram divulgados no 1º Seminário sobre Rotatividade no Mercado de Trabalho, realizado nos dias 11 e 12 de março, em Brasília (DF).

Joílson Cardoso, vice-presidente da CTB, considera a rotatividade do Brasil um “terrível mal, tão ruim quanto a estagnação do emprego”. Para o dirigente, é preciso trazer à tona as divergências existentes entre o movimento sindical e o empresariado. “O que vemos sempre é uma reestruturação administrativa e tecnológica do empresariado, sem qualquer tipo de resposta social quando ocorrem demissões. Não se pode pensar apenas no lucro, mas também nas consequências sociais de suas decisões”, ponderou.

Qualificação e preconceitos
Para Joílson Cardoso, o atual sistema de empregos no Brasil não se sustenta com um nível de rotatividade tão elevado, mesmo em um cenário com pouco desemprego como o atual.
O dirigente atacou a ideia de que falta mão de obra qualificada em determinados setores, conforme atestam muitos empresários. “Existe muita dispensa de mão de obra qualificada. Os empresários, no entanto, dizem que falta gente qualificada. O que ocorre em muitos casos é a mera troca por mão de obra mais barata”. Para ele, outro grave problema diz respeito a algumas minorias. “A rotatividade vem sempre acompanhada de injustiças muito grandes, especialmente com uma carga de descriminação, pois os negros e as mulheres são os mais afetados”.
O que a CTB defende
Joílson Cardoso destacou um número importante nessa discussão: 50% dos cerca de 46 milhões de empregos formais existentes no Brasil são remunerados com valores inferiores a dois salários mínimos.
Diante desse cenário, a CTB defende algumas ações políticas estruturais: mais e melhores empregos, redução da jornada para 40 horas semanais (pois além de gerar empregos acaba por melhorar a qualidade dos existentes) e a defesa da Convenção 158 da OIT, que trata de demissões imotivadas.
Para a CTB, também é importante que o movimento sindical e o governo federal tratem de alguns temas relevantes, como o fim da intermediação da mão de obra, investimentos maciços em qualificação profissional vinculada ao desenvolvimento regional e também na valorização do seguro-desemprego – “cujo valor é muito baixo no Brasil, certamente um dos menores do mundo”, segundo o vice-presidente da CTB.
Com informações do Portal CTB

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