A Venezuela que a mídia esconde
Por Altamiro 
Borges
*****
Conheçam a Venezuela
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a 
Agricultura (FAO) acaba de confirmar que a Venezuela cumpriu com a meta 
principal dos Objetivos do Milênio da ONU antes do prazo estabelecido de 2015. O 
país reduziu pela metade o número de pessoas em pobreza extrema. Segundo o 
estado intitulado “Estado da insegurança alimentar no mundo", divulgado no final 
de outubro, o percentual de venezuelanos subnutridos hoje é inferior a 5%. Em 
1992, a subnutrição vitimava 13,5% dos habitantes da nação vizinha.
Segundo o embaixador da 
Venezuela no Brasil, Maximilien Arvelaiz, “essa conquista é um dos principais 
resultados da implantação das ‘missões sociais’ levadas a cabo pelo governo 
bolivariano na área de alimentação, agricultura e erradicação da fome”. Em 2000, 
os 198 países membros da ONU acordaram os “Objetivos do Milênio” para superar a 
miséria e agora a Venezuela é reconhecida como um dos primeiros países a cumprir 
as metas. Em 2005, a ONU também elegeu o país como “território livre do 
analfabetismo”.
É evidente que esta notícia não será destaque na mídia 
colonizada do Brasil. Até hoje, ela não engoliu a reeleição de Hugo Chávez em 
outubro passado e não tolera as conquistas da revolução bolivariana. Ela só 
publica factóides contra a Venezuela e dá destaque para as ações da oposição 
golpista do país vizinho. Em recente artigo publicado na Folha, o embaixador 
Maximilien Arvelaiz até criticou de maneira corajosa as manipulações da imprensa 
nativa. O seu alerta, porém, não serviu para muita coisa. Mas vale 
reproduzi-lo:
*****
Conheçam a Venezuela
Maximilien Arvelaiz – FSP, 21/10/2012
Quando amanheceu o dia 8 de outubro, os venezuelanos 
puderam se sentir orgulhosos. Nosso sistema eleitoral, automatizado e seguro, 
foi respeitado por governo e oposição, acompanhado por entidades e 
personalidades internacionais e considerado o melhor do mundo pelo ex-presidente 
americano Jimmy Carter.
Nossa população, numa demonstração de consciência e 
politização, compareceu em massa às urnas desde a madrugada até que votasse a 
última pessoa na fila, já de noite. Alcançamos mais de 80% de participação do 
eleitorado em um país onde o voto não é obrigatório. Não se pode ignorar: a 
Venezuela é exemplo de democracia para o mundo.
Diante de tudo isso, constrange a forma com que os meios 
de comunicação internacionais, dentre os quais os brasileiros têm relevância, 
custam a enxergar a existência de uma democracia consolidada na 
Venezuela.
Seja por puro desconhecimento da realidade do nosso 
país, seja em união a uma campanha internacional contra os avanços da revolução 
bolivariana, a mídia privada brasileira fez uma cobertura desequilibrada do 
processo eleitoral no país.
É claro que utilizo aqui o recurso da generalização. 
Mas, numa leitura rápida das notícias, salta aos olhos o apoio deliberado da 
mídia pela oposição e a tentativa sistemática de deslegitimar o processo 
revolucionário em curso na Venezuela.
Grande parte das reportagens e editoriais priorizou 
ressaltar as críticas ao governo Chávez, deu exagerada importância a uma minoria 
de pesquisas que apontavam o empate ou a vitória de Henrique Capriles e ainda 
alardeou um caos político que viria da não aceitação do resultado das urnas por 
parte do governo, supostamente, "ditatorial" de Chávez.
Ainda mais graves foram as teses que tentavam buscar 
explicações para os mais de 8 milhões de votos a favor da reeleição de Hugo 
Chávez, como se não fosse nada menos do que natural a vitória do candidato que 
proporcionou uma série de mudanças positivas na vida dos venezuelanos, tendo 
reduzido à metade a pobreza extrema nos últimos 13 anos.
O favoritismo de Chávez foi creditado primeiro a um 
"populismo" do presidente "caudilho" e depois ao suposto uso da máquina pública 
e abuso de tempo de propaganda televisa. Tal análise, elitista e preconceituosa, 
pressupõe que a população, passiva e despolitizada, troca votos por casas, 
comidas e eletrodomésticos --o que é facilmente desconstruído com uma visita ao 
país.
Mais do que comparecer às urnas toda vez sempre (entre 
eleições e referendos, já aconteceram 16 pleitos desde que Chávez chegou ao 
poder), os venezuelanos, incentivados pelo presidente Chávez, constroem a cada 
dia mecanismos de participação direta na vida política do país.
O mais importante deles são os Consejos Comunales, 
microgovernos construídos no interior das comunidades, compostos e geridos por 
moradores. Se há um povo despolitizado e passivo, não é o nosso.
A liberdade de expressão, imprescindível na democracia, 
também é facilmente constatável. Os principais jornais da Venezuela hoje, o "El 
Nacional", o "El Universal" e o "Últimas Noticias", são claramente simpáticos à 
oposição e circulam sem qualquer censura ou boicote. Quadro similar se dá na TV 
e no rádio.
O que não foi divulgado em quase nenhum meio de 
comunicação internacional é que Capriles, cuja família é dona de uma cadeia de 
comunicação, teve, segundo estudo do Centro de Análise e Estudos Estratégicos 
Aluvión, mais tempo de propaganda eleitoral na televisão privada do que Hugo 
Chávez. A propaganda do presidente ocupou apenas 12% do tempo nos meios 
privados. A do candidato da oposição, 88%.
Vencer o desconhecimento sobre o que ocorre na Venezuela 
é hoje nosso maior desafio. Por isso, transmito o convite feito pelo presidente 
Hugo Chávez em coletiva de imprensa aos meios de comunicação nacionais e 
internacionais logo depois de votar: "Aos que queiram ver uma democracia 
pujante, sólida e madura, venham à Venezuela". Torço para que venham livres de 
preconceitos e dispostos a enxergar as verdadeiras razões pelas quais Hugo 
Chávez foi reeleito com 55,25% dos votos.
 

 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário