João Franzin: três tarefas e um desafio para o movimento sindical
Agora, que o ano sindical verdadeiramente começou, vale apontar três tarefas importantes, que reforçam o sindicalismo, unificam e ensejam possibilidade de avanços.
1 - Massificar a Agenda da Classe Trabalhadora, aprovada na nova Conclat, dia 1º de junho de 2010. Massificar, aqui, significa, principalmente, difundir junto aos trabalhadores da base, utilizando, para isso, o próprio documento da Conferência e a mídia sindical (boletins, jornais, revistas, sites etc.). Vale também escrever artigos em jornais, cavar entrevistas, etc. Massificar quer dizer, ainda, pressionar o governo pelo atendimento do que o documento reivindica e propõe;
2 - Aproximar-se dos partidos políticos. O sindicalismo, quando ligado a determinado partido, se limita a uma relação, digamos, doméstica. Quando desligado de partidos, tem relações esporádicas com a política. A relação sindicalismo-política precisa, portanto, ser fortalecida. Um caminho é começar pelas Câmaras de Vereadores, onde se decidem os assuntos de interesse imediato da população. Com as instâncias sindicais devidas, caminhar em direção às Assembleias Legislativas e ao Congresso Nacional, identificando interlocutores. Certos partidos possuem secretaria sindical, por exemplo. Saber quem faz parte e como articular-se com esses grupamentos também é tarefa necessária;
3 - Fortalecer o Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), que, como ninguém, conhece o funcionamento do Congresso Nacional, sabe quem é quem em cada Casa e tem o perfil dos partidos e parlamentares. Fortalecer, aqui, significa filiar-se ao Diap, replicar suas informações e análises na mídia sindical e contar com seus quadros para encontros, debates, seminários e/ou ações pontuais dentro do próprio Congresso.
Tarefas necessárias e urgentes, para ocupar nosso espaço e defender nossos interesses. Assim como fazem a Febraban, a CNBB, os ruralistas, o senador McCain...
Fazer política, o desafio
O primeiro ano do governo Lula não foi fácil para o movimento sindical. A alegação na época era a “herança maldita” de FHC. Dilma não poderá alegar o mesmo, pois seu governo é de continuidade. Mas início de governo é, diria o velho Acácio, governo no início.
De todo modo, início ou não, há demandas sindicais na fila, a serem tratadas direto com a presidente ou via Congresso Nacional. Se Lula era mediador e Dilma é gestora, como diz Luiz Werneck Vianna, em artigo, segunda (17), no Valor Econômico, o foco da mediação tende a se deslocar para o Congresso.
Sendo assim, o movimento sindical terá de se habituar a fazer política. Talvez aprender a fazer política. Talvez gostar de política. É um novo desafio. Novo, mas decisivo.
Fonte: Agencia sindical
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