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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Gramsci, revista marxista italiana, discute política brasileira


A revista marxista italiana Gramsci traz em sua mais recente edição um artigo sobre a política externa do Brasil e os avanços do governo Lula assinado pelo secretário de Comunicação do PCdoB, José Reinaldo Carvalho. Marcada pela afirmação da soberania, da democracia e do diálogo com povos e nações, a atuação do Itamaraty e do presidente vem ganhando destaque em âmbito mundial, motivo que levou a publicação a procurar uma análise brasileira sobre o assunto.


Edição mais recente traz crise da Grécia em sua capa
A revista traz textos originais do intelectual que dá nome à revista, Antonio Gramsci (“Duas revoluções” e “Os grupos comunistas”) e artigos de Maurizio Nocera (“Edoardo Sanguineti, poeta e comunista”); Piero De Sanctis (“Giordano Bruno, entre a contra-reforma e a nova ciência”) e Aleka Papariga (“A proposta do Partido Comunista da Grécia”), sobre a resposta frente à crise econômica que atinge especialmente a Europa.

Olhar brasileiro

Em seu artigo – intitulado “Política externa soberana, democracia e desenvolvimento – os primeiros passos do novo Brasil” –, José Reinaldo coloca: “o universalismo e o multilateralismo da política externa brasileira ganharam fôlego com o estabelecimento de parcerias estratégicas com a China, a Rússia, a Índia e a África do Sul e a atenção dedicada ao Oriente Médio. É forte a percepção de que a hegemonia estadunidense está em crise e de que é inexorável a tendência a mudanças na correlação de forças no mundo. Nesse quadro, novas parcerias e alianças são indispensáveis como novo âmbito de coordenação política”.

Em seguida, ele chama atenção para a ampliação do diálogo e das relações entre o Brasil e os demais países latino-americanos. “Cresceu o protagonismo brasileiro na luta contra as ingerências externas, a instalação de bases militares estadunidenses, os golpes, assim como se estreitaram os laços com países revolucionários e antiimperialistas, nomeadamente Cuba, Venezuela e Bolívia”.
José Reinaldo critica a posição de setores mais extremos da política brasileira. “Na prática, a chamada ultra-esquerda nega a luta pelas causas nacionais, adotando como programa máximo lutas “globais” e “desnacionalizadas”, desvinculadas das realidades concretas, o que as transforma em meras proclamações. É como se fosse possível desenvolver a luta antiglobalização sem qualquer relação com os embates que se travam no nível de cada país ou região, como se fosse possível substituir os diferentes sujeitos nacionais, que por suposto devem ser também internacionalistas, por um sujeito político global”.

No caso brasileiro, aponta, “tal postura também é reflexo de uma falsa visão estratégica, na qual não há lugar para a luta democrática, a luta nacional e a luta social em todos os seus estágios, dos inferiores aos superiores. Uma estratégia sem tática, uma luta vaga pelo socialismo, em linha reta, sem matizações políticas nem etapas intermediárias”.

Para o secretário, “a política externa de Lula e a que as forças progressistas desejam construir para o futuro governo é um degrau a mais no esforço para focar a ação internacional do país na luta pelo desenvolvimento nacional, com caráter democrático e popular, nas condições atuais do Brasil, da América Latina e do mundo”.

Ele finaliza assinalando: “A efervescência política e social que vive o gigante do Cruzeiro do Sul não está desvinculada de todo o processo de intensas transformações políticas e sociais em curso na América Latina. Corresponde a uma etapa do seu desenvolvimento político que uma vez completada poderá abrir caminho para novos saltos em seu desenvolvimento histórico, acumular consciência, força, mobilização e organização no rumo da emancipação nacional e social do seu povo, o rumo do socialismo”.

Para conhecer a publicação Gramsci, acesse www.centrogramsci.it/

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