
Centrais reúnem milhares em manifestação contra juros altos em São Paulo
21/01/2009
As seis maiores centrais sindicais brasileiras (CUT, Força Sindical, Nova Central, UGT, CTB e CGTB) realizaram na manhã desta quarta-feira, em São Paulo, uma vigorosa manifestação pela redução de pelo menos dois pontos percentuais nas taxas básicas de juros (Selic), reunindo cerca de 2 a 6 mil pessoas na Avenida Paulista, diante do Banco Central, de acordo com cálculos da PM (2 mil) e dos organizadores (6 mil). Em discurso realizado durante a manifestação, o vice-presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Nivaldo Santana, saudou “a unidade das centrais” e reafirmou “a posição da nossa Central em defesa dos direitos dos trabalhadores, do emprego e dos salários. Hoje, temos que exigir do Banco Central que reduza os juros e dos banqueiros a diminuição do spread para que a economia do Brasil volte a crescer” (spread é a diferença entre o custo de captação, geralmente igual à Selic, e os juros cobrados pelos bancos nos empréstimos a pessoas físicas e jurídicas).Passo inicialO presidente da CTB, Wagner Gomes, em entrevista ao nosso Portal, também destacou que “a unidade da classe trabalhadora e do movimento sindical é indispensável neste momento para fazer frente aos desafios da crise”.Em sua opinião, “os atos em São Paulo e outras 12 capitais brasileiras deve ser o passo inicial em nossa luta em defesa do emprego, do desenvolvimento econômico com valorização do trabalho e dos direitos sociais. A mobilização deve ser permanente e devemos nos guiar pelas orientações aprovadas na última reunião das centrais, que preconiza inclusive a paralisação das empresas em que forem verificadas demissões em massa”.Anseio nacionalWagner Gomes observou que a luta pela “ redução dos juros e em defesa do emprego” não diz respeito apenas à classe trabalhadora, “é uma questão que deve envolver forças sociais mais amplas”. Em relação aos juros, até mesmo parcela do empresariado, ligada à indústria, agricultura e comércio, defende taxas inferiores às definidas pelo Copom. “Só a oligarquia financeira tem interesse em que o Brasil permaneça como o campeão dos juros altos, ninguém mais”, comenta o presidente da CTB.O Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, decide nesta quarta-feira o rumo da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75% ao ano. Desta vez, até Henrique Meirelles acenou com a redução da taxa e a expectativa geral do mercado é de um corte entre 0,5 a 0,75%, o que ficaria significativamente abaixo do pleito apresentado pelos sindicalistas.Atos nos EstadosA nota divulgada pelas centrais após a reunião realizada na sede da CTB no último dia 15 reclama uma redução de pelo menos dois pontos percentuais. O aprofundamento da crise e as preocupantes estatísticas sobre o comportamento do mercado de trabalho nos dois últimos meses do ano passado sugerem uma mudança mais ousada no viés conservador da política monetária, segundo as centrais sindicais. A quarta-feira (21) foi transformada num dia nacional de luta contra os juros altos. Os protestos não ficaram restritos à capital paulista. Foram realizados também em Salvador, Brasília, Aracaju, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Goiânia, Maceió, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Vitória.
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