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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Brasil está apto a ser 1º grau de investimento pós-crise, diz Moody's

O Brasil reúne as condições necessárias para se tornar, nos próximos dias, o primeiro país, entre os 100 países analisados pela agência de classificação de risco Moody's, a ser avaliado como "'grau de investimento"' desde o início da crise econômica. É essa a opinião do analista-chefe para o Brasil da agência, Mauro Leos. A classificação é dada a países cujas economias são consideradas seguras para investidores. A categoria determina se um país oferece ou não risco de pagar seus títulos. Quanto mais elevada a classificação, maior a propensão em atrair títulos.
Em entrevista à BBC Brasil, Leos afirmou que, se a conclusão do comitê de avaliação da agência for a de que o Brasil merece entrar nessa categoria isso se dará porque "o País está apto a arcar com choques externos, está se movendo na direção certa e os riscos crediários que enfrenta são mais baixos do que antes".

Outras duas agências de risco, a Standard & Poor's e a Fitch Ratings, já haviam elevado a classificação do Brasil para grau de investimento, no ano passado.

Mas a Moody's, ao contrário das duas outras, decidiu não elevar a categoria do país no ano passado, a fim de aguardar para ver o quanto o país seria afetado pelos efeitos da crise econômica mundial.

"'O Brasil se saiu melhor do que o esperado. E um dos fatores decisivos para rever a classificação do país foi a avaliação do mercado. No Brasil, após um período crítico entre setembro e novembro, quando houve queda da atividade econômica, o sentimento do mercado melhorou consideravelmente", afirma Leos.

Emergentes

Segundo ele, a despeito do "declínio abrupto do quarto trimestre de 2008, o Brasil se diferenciou de outras economias emergentes em 2009, porque já está crescendo a uma taxa de 4%, no terceiro trimestre, em termos anuais, um índice que não temos visto em outros países".

Fatores como sistema bancário sólido, balanço de pagamentos positivo e retorno do fluxo de capitais foram determinantes para provocar a revisão da Moody's.

O analista afirma que o Brasil, assim como outras nações afetadas pela crise, sofreu um aumento de seu déficit fiscal e, consequentemente, da dívida pública.

"Mas no caso do Brasil, isso não é grande o suficiente para causar preocupação. A posição oficial do governo é a de retomar balanços primários consistentes com o compromisso de reduzir a dívida pública."

De acordo com Leos, se vier a ser de fato considerado grau de investimento pela última agência que faltava, isso possibilitará ao Brasil contrair empréstimos mais elevados a taxas de juros mais baixas.

A avaliação também abrirá caminho para fundos de investimentos e os fundos de pensões americanos que têm como critério só investir em países que são avaliados como grau de investimento por diferentes agências de classificação.
Confiança da indústria mostra recuperação pelo oitavo mês seguido

Indicador alcançou maior patamar desde setembro.
‘Resultado sugere efetiva consolidação da recuperação’, diz FGV.

A confiança da indústria nacional registrou em agosto sua oitava alta consecutiva, de 6,2% em relação ao mês anterior.Com a elevação, o Índice de Confiança da Indústrias (ICI) alcançou 105,7 pontos, no maior patamar desde setembro do ano passado.

Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), a quinta alta consecutiva com taxas superiores a 4% levou o indicador a ultrapassar, pela primeira vez neste ano, o nível dos 100 pontos. Acima desse patamar, a pesquisa aponta otimismo do setor; abaixo, representa pessimismo.

Indústria deve crescer 1,9% em julho, na comparação com junho, diz Ipea Indústria paulista tem novo crescimento em julho, diz Fiesp Faturamento da indústria de máquinas brasileira cai 26% em julho Indústria paulista perde 3,5 mil empregos em julho, revela Fiesp Emprego na indústria fecha semestre com queda de 5,1%

“O resultado sugere a efetiva consolidação da recuperação industrial no país, embora o índice de agosto de 2009 ainda se encontre em patamar 11,2% inferior ao de agosto do ano passado, período anterior à crise internacional”, diz a FGV em nota.

Na comparação com a pesquisa de julho, houve melhora tanto das avaliações feitas sobre o momento atual quanto das expectativas para os próximos meses.

Em agosto, o Índice da Situação Atual (ISA) elevou‐se em 6,2%, ao passar de 101,1 para 107,4 pontos, indicando satisfação com a situação presente da atividade industrial. Destaque para a avaliação favorável sobre o nível de demanda: o indicador que mede o grau de satisfação nesse quesito avançou 10,3%.

Em relação às expectativas, a alta também foi de 6,2%, passando de 97,9 para 104,0 pontos, nível que sinaliza, pela primeira vez desde outubro de 2008, otimismo em relação aos meses seguintes.

As previsões para a produção, que em julho já haviam sido favoráveis, continuaram melhorando em agosto. Das 1.105 empresas consultadas, 48,4% prevêem aumento e 11,6%, redução da produção no trimestre agosto‐outubro.
Indústria brasileira cresce 2,2% em julho, na sétima alta consecutiva

Patamar de produção ficou 10,6% abaixo do recorde atingido em setembro.
Setor de máquinas teve maior peso na recuperação, com alta de 8,9%.

Confiança da indústria mostra recuperação pelo oitavo mês seguido Indústria deve crescer 1,9% em julho, na comparação com junho, diz Ipea Indústria paulista tem novo crescimento em julho, diz Fiesp Faturamento da indústria de máquinas brasileira cai 26% em julho Indústria paulista perde 3,5 mil empregos em julho, revela Fiesp

A produção da indústria brasileira registrou seu sétimo mês consecutivo de recuperação em julho: na comparação com o mês anterior, a alta foi de 2,2%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar do avanço, o patamar de produção ficou 10,6% abaixo do nível recorde atingido em setembro.

Na comparação com o mesmo mês de 2008, o indicador voltou a mostrar recuo, de 9,9%. A queda, no entanto, foi a menor desde abril.

Com o resultado do mês, o indicador acumulado no ano (frente ao mesmo período do ano passado) passou de -13,4%, em junho, para -12,8%, em julho. Já o índice acumulado nos últimos doze meses manteve trajetória decrescente, passando de -6,5%, em junho para -8,0%, em julho.

Setores

O setor de máquinas e equipamentos teve maior peso na recuperação da indústria no mês passado, com alta de 8,9%. De abril a julho, a alta acumulada alcançou ganho de 11,6%. Destaque também para o avanço de 4,5% na metalurgia básica, seguido pela alta de 1,9% nos alimentos.

Dos 27 ramos pesquisados, apenas quatro não registraram crescimento na comparação com junho, com destaque para os grupos máquinas, aparelhos e materiais elétricos, que registrou recuo de 6,3%, e refino de petróleo e produção de álcool, que teve queda de 1,1%.

Na comparação com julho de 2008, no entanto, a situação se inverte, com queda na produção em 23 dos 27 setores pesquisados. A principal contribuição negativa veio de veículos automotores (-21,5%), seguido por máquinas e equipamentos (-20,2%), metalurgia básica (-19,2%), material eletrônico e equipamentos de comunicações (-28,1%).

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

CTB, Nova Central, Cobap e FST rejeitam proposta do governo para aposentadoria

Luta pelo fim do fator previdenciário continua

A CTB, a Nova Central, a Cobap (Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionista) e o FST (Fórum Sindical dos Trabalhadores) rejeitaram a proposta do governo que altera as regras para as aposentadorias, instituindo o fator 85/95, e estabelece novos critérios para reajuste dos benefícios. A proposta foi apresentada em alternativa aos projetos do senador Paulo Paim (PT-RS) que põe fim ao famigerado fator previdenciário (aprovado no Senado) e concede às aposentadorias e pensões a mesma correção do salário mínimo.

As outras centrais (CUT, Força Sindical, UGT e CGTB) fecharam acordo com o governo na noite de terça-feira (25) e um projeto de lei com as mudanças deverá ser encaminhado em breve ao Congresso Nacional. Em contrapartida, os trabalhadores e trabalhadoras deveriam abrir mão de outros projetos favoráveis que tramitam no legislativo, entre os quais se destacam os de Paulo Paim, também apoiado pela maioria dos senadores.
Dirigentes da CTB, Nova Central, Cobap e FST devem se reunir nos próximos dias com o senador Paulo Paim para definir os próximos passos da luta contra o fator previdenciário e pela recomposição do valor das aposentadorias, que foram fortemente arrochadas nos governos do tucano Fernando Henrique Cardoso.

Fator 85/95

Na opinião do presidente da CTB, Wagner Gomes, a proposta do governo significa um retrocesso em relação aos projetos em tramitação no Congresso. O chamado fator 85/95, por exemplo, sucedâneo do atual fator previdenciário, estabelece que, para obter o direito à aposentadoria integral, o trabalhador deve somar a idade e o tempo de contribuição para completar 95 anos, enquanto a trabalhadora deve atingir, pela mesma conta, 85 anos.
Deste modo, um assalariado que teve a carteira assinada aos 20 anos de idade e conseguisse acumular 35 anos ininterruptos de contribuição teria então 55 anos e ainda não satisfaria o critério do governo. Somando a idade com o tempo de contribuição, este trabalhador contaria 90 anos. Teria de trabalhar e contribuir pelo menos mais dois anos e meio para conseguir a aposentadoria integral.

Pé na cova

O problema não é só este, segundo o presidente da CTB. “Em função do elevado nível de rotatividade da força de trabalho no Brasil e do tempo que o trabalhador fica desempregado ninguém consegue acumular muitos anos de contribuição ininterrupta. Basta lembrar a este respeito que o tempo médio de desocupação no Brasil é superior a 12 meses. Com a nova regra dificilmente será possível aposentar antes dos 70 anos. Os que alcançam esta idade, e não são muitos, já estão com o pé na cova. Ou seja, o trabalhador vai aposentar pela hora da morte.” Além da rotatividade é necessário levar em conta a informalidade. Milhões trabalham sem carteira assinada e a maioria dos jovens não encontra seu primeiro emprego no mercado formal. Qual a perspectiva para este enorme contingente de assalariados?

A situação das mulheres que vão se aposentar é mais favorável, na medida em que elas precisam somar 85 anos (tempo de contribuição mais idade), mas seria melhor o fim puro e simples do fator previdenciário, com o restabelecimento das regras anteriores à sua criação em 1999, segundo Wagner Gomes. “Afinal, o fator previdenciário, que reduz em até 40% o valor das aposentadorias e pensões, nos foi imposto pelo governo FHC, é uma herança do neoliberalismo que precisamos superar”.

Aposentadorias arrochadas

O governo reconheceu que o valor das atuais aposentadorias e pensão foram fortemente deprimidos também pelos governos tucanos, cujo chefe, FHC, chegou a chamar os aposentados de “vagabundos”. Pessoas que contribuíram a vida toda com base no valor de 10 salários mínimos, por exemplo, hoje recebem apenas o equivalente a dois salários. Recompor o valor dos benefícios é um imperativo de justiça, que vem sendo reclamado com força pelas entidades que representam a categoria.

A proposta apresentada às centrais prevê um aumento acima da inflação para aposentadorias no valor acima do salário mínimo com base na evolução do PIB. Os benefícios seriam corrigidos pelo índice de inflação mais 50% da taxa de crescimento da economia nacional. Isto pode parecer um avanço em relação às condições atuais, mas é inegavelmente um retrocesso em relação à proposta do senador Paulo Paim, que estende a esses benefícios o mesmo reajuste do Salário Mínimo (100% do crescimento do PIB mais a inflação).

“Vamos continuar lutando pelo fim do fator previdenciário e uma recomposição maior do valor das aposentadorias”, arrematou o presidente da CTB.
A proposta do governo também induz as empresas a garantir o emprego do trabalhador ou trabalhadora que estiver a um ano da aposentadoria. Isto não significa estabilidade, mas em caso de demissão o patrão estará sujeito ao pagamento de uma indenização maior ao funcionário, correspondente a 12 meses de salários, além das contribuições para a Previdência.
CTB reforça sua posição pelo fim do Fator Previdenciário

Reunida em Brasília para discutir o reajuste das aposentadorias a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) reforça veementemente sua posição contrária a proposta que está sendo feita, na qual a exigência é 85 anos para a mulher e 95 para o homem, que significa a soma do tempo de contribuição e a idade.
Para a CTB esse é um esforço do governo para compensar o fim do fator previdenciário, mas na essência não se obtém alteração significativa, já que penaliza o trabalhador e a trabalhadora que começou a trabalhar muito cedo, mas não atingiu a idade mínima.

A CTB reafirma sua posição contra a proposta 85/95 e reforça sua defesa do reajuste do salário mínimo, que deve ser repassado para as aposentadorias, e não aceita a retirada de nenhum projeto de lei em tramite no Congresso Nacional que visa beneficiar os aposentados e pensionistas do INSS, principalmente em relação ao fator previdenciário que considera necessário ser extinto com urgência, reiterando seu total apoio ao projeto do deputado Paulo Paim (PT).

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Wagner Gomes contesta patrões e defende redução da jornada no Congresso Nacional

Ao participar nesta terça-feira (25) de um debate na Câmara Federal sobre a PEC 231-95, que institui a jornada de 40 horas semanais e eleva o adicional da hora extra para 75%, o presidente da CTB, Wagner Gomes, afirmou que a solução para o desemprego no Brasil “é a redução da jornada sem redução de salários”. A reunião também contou com representantes do patronato, que é radicalmente contra a proposta.
Wagner Gomes discursa na tribuna da Câmara dos Deputados em Brasília

Outros benefícios advirão com a medida, na opinião do sindicalista. “A economia nacional ganhará”, assegurou, argumentando que o Dieese estima que a diminuição do tempo de trabalho resultará na criação de 2,5 milhões de novos postos de trabalho. “Mais emprego significa mais salário e mais renda em circulação, o que vai aquecer o consumo e estimular a produção, impulsionando o crescimento do PIB. Significa também mais tempo livre e melhor qualidade de vida para o trabalhador e a trabalhadora”.

Velhas e falsas preocupações

O presidente da CTB rebateu o patronato e seus representantes, que combatem a redução da jornada, negando seus benefícios e argumentando que vai provocar prejuízos às empresas, reduzir a competitividade nacional e causar, por consequência, mais desemprego.

“Eu quero me dirigir aos empresários para lembrar que na Constituinte argumentos da mesma espécie foram utilizados contra a redução da jornada para 44 horas semanais. Falaram que a medida iria levar o país à falência, mas obviamente não foi isto que ocorreu”, enfatizou. O patronato recorre, portanto, a velhos e falsos argumentos.

Curioso e irônico é o fato de que a própria Fiesp (Federação da Indústria de São Paulo) propôs recentemente a redução da jornada para conter as demissões, admitindo tacitamente que a diminuição do tempo de trabalho é um instrumento contra o desemprego. A diferença é que a entidade patronal só aceita redução de jornada com redução de salários, pois não admite abrir mão dos lucros, proposta que a maioria do movimento sindical considera inaceitável. A verdade é que os empresários não estão preocupados com o emprego, mas exclusivamente com o lucro.
Sindicalistas da CTB acompanham o debate na Câmara dos Deputados

Defesa da indústria

“Não estamos aqui para acabar com as empresas, não achamos que elas devem falir”, sustentou o presidente da CTB. “Estamos aqui para dizer que os empresários têm responsabilidade na oferta de emprego e que nossa reivindicação é até muito pequena frente aos lucros empresariais. A sociedade não leva vantagem com a manutenção de um exército de desempregados tão numeroso quanto o que existe no Brasil. Ao longo do tempo, as empresas vão acabar lucrando com a redução da jornada.”

Gomes disse que os empresários que compareceram ao debate estão com a razão quando reclamam prioridade ao desenvolvimento da indústria, onde se gera riqueza. Ao mesmo tempo, “é preciso dar prioridade também ao povo brasileiro. Tem que ter desenvolvimento, mas não à custa da miséria e do desemprego.”


Posição patronal

Vários representantes do empresariado compareceram à reunião da comissão geral. Os que usaram a tribuna reforçaram o tom trágico na abordagem do tema, reclamando que a redução da jornada pode inviabilizar o funcionamento de milhares de empresas, elevar o nível de desemprego (em vez de criar novos postos de trabalho) e reduzir a competitividade da nossa indústria no mercado mundial.

Outros representantes das centrais sindicais também estiveram representantes e em seus pronunciamentos rejeitaram os falsos argumentos apresentados pelos patrões.
Câmara dos Deputados durante a audiência

Distribuição de renda

O diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, explicou que o órgão de assessoramento do movimento sindical realizou uma longa pesquisa sobre o polêmico tema e ressaltou que o Brasil está pronto para reduzir a jornada sem prejuízo para os salários.

“Os trabalhadores estão preparados, os empresários também, em função dos ganhos que têm obtido. Reduzir a jornada é uma forma de melhor distribuir as riquezas geradas pelo país. O Brasil tem demonstrado que tem vocação para o crescimento. Nós temos o cálculo do custo hora/trabalho, sabemos que comparando 30 países só existem dois onde o custo hora é pior que o Brasil, um deles é o Sri Lanka. No Brasil, o custo hora é muito baixo e a redução da jornada sem redução de salários pode melhorar esta situação”, argumentou o diretor-técnico do Dieese.

A CTB também foi representante na reunião em Brasília por Nivaldo Santana, vice-presidente; Pascoal Carneiro, secretário geral; Joílson Cardoso, secretário de Políticas Sindicais e Relações Institucionais e Salaciel Fabrício Vilela, secretário geral adjunto.
Dirigentes sindicais no plenário da Câmara dos Deputados durante a audiência
Patrões e trabalhadores disputam espaço em debate na Câmara

Os parlamentares lotaram o plenário, os empresários encheram as galerias, inaugurando uma prática tradicional dos trabalhadores, que, dividindo o espaço com os patrões, ocuparam ainda o salão verde da Câmara para acompanharem, na manhã desta terça-feira (25), o debate sobre a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais.
Agência Câmara

O ministro do Trabalho, Carlos Luppi, o primeiro a falar, fez a defesa da proposta, lembrando que em 1988, quando a Constituição reduziu de 48 para 44 a carga semanal de trabalho, os patrões utilizaram a mesma argumentação que apresentaram hoje, com ameaças de falências e desemprego e nada disso ocorreu.

O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, ironizou que eles estão com adesivo defendendo as 44 que tanto combateram em 1988. O empresariado ostentou nas lapelas o adesivo com as palavras "44 é mais emprego". O parlamentar disse ainda que de todas as queixas que os empresários fazem da vida das empresas nunca houve crítica à jornada de trabalho.

O ministro Luppi citou o exemplo de vários países em que a média da jornada de trabalho é inferior a 40 horas semanais e que estão se desenvolvendo economicamente, como a China e a Índia, além de países da Europa.

Ao final da fala do ministro, os trabalhadores se manifestaram com aplausos e palavras de ordem: “40 horas já”. O presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), disse que as manifestações deviam ocorrer a cada 10 oradores e ameaçou suspender a sessão em caso de manifestações negativas, como as vaias que os trabalhadores lançaram para o segundo orador, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o deputado Armando Monteiro (PTB-PE).

Monteiro tentou responder ao ministro, dizendo que os países que concorrem com o Brasil tem jornadas mais altas e que no Brasil a média da jornada já é inferior a 44 horas. E insistiu com a proposta de que a redução ocorra pela negociação, setor a setor. Segundo ele, a lei nivela situações distintas e se revela inadequada.

A proposta que está pronta para ser votada em plenário, de autoria do então deputado e hoje senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), reduz a carga de trabalho das atuais 44 para 40 horas semanais, com manutenção do salário. E eleva de 50% para 75% o adicional a ser pago pela hora extra.

Os 30 oradores inscritos se revezaram no microfone, durante quase quatro horas de debate, em alegações a favor e contra a proposta. As centrais sindicais escalaram suas lideranças para defenderem a proposta, enquanto os empresários apresentaram líderes de vários setores econômicos para convencer os parlamentares de votarem contra a proposta.

Momento de votar

O deputado e líder sindical Paulinho da Força apresentou um requerimento, assinado pelos líderes de vários partidos, a exceção do líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), pedindo ao Presidente da Casa a preferência de votação para a matéria. Ele disse que a proximidade das eleições é o momento oportuno para votação da proposta para que os parlamentares demonstrem, “se fica com quem paga a eleição ou com quem vota.”
O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, disse que falaria principalmente aos empresários, lembrando-os de que na constituição de 1988 foi usado o mesmo argumento que as empresas usam hoje de que elas quebrariam se fosse reduzida a jornada de trabalho. Dirigindo-se aos empresários, o líder sindical perguntou: “quebraram ou aumentaram os seus lucros?”

Quando houve o debate do reajuste do salário mínimo, os empresários diziam que se aumentasse o salário mínimo acima da inflação, as empresas não aguentariam, o que aconteceu foi que aumentou o consumo e conseguentemente o lucro das empresas.

Responsabilidade de todos

Gomes fez nova pergunta, desta vez dirigida a todo o povo brasileiro, para se contrapor à alegação de que a medida vai aumentar em 1,9% o preço final da mercadoria: ‘É melhor isso ou viver com trabalhadores desempregados?” acrescentando que “um exército de desempregados não beneficia o país.”

Ele disse ainda que não existe interesse dos trabalhadores de acabar com as empresas. “Nós temos responsabilidades”, ressaltou, cobrando dos empresariados a mesma responsabilidade de abrir vagas de trabalho, o que permitiria a criação de 2,5 milhões de empregos.

“Sabe quem ganhará dinheiro com o crescimento da economia? Evidentemente que os empresários. Vocês têm razão ao dizer que o nosso País tem de dar prioridade ao desenvolvimento da indústria nacional, tem de dar prioridade à pequena e média empresa, que geram o dinheiro. Agora, tem de dar prioridade também ao povo brasileiro, para que tenha um padrão de vida digno para poder sobreviver”, concluiu.

Trabalhador escravo

O presidente do União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, usou sua fala para destacar a situação dos comerciários, a categoria que mais se beneficiará com a redução da jornada de trabalho. Ele admite que muitas categorias já trabalham menos que 44 horas, algumas até menos que 40 horas, mas o comerciário trabalha 54 horas por semana.

As mulheres, que são maioria no comércio, trabalham 54 horas por semana e cuidam da família, disse o líder sindical, para quem é preciso ver a realidade do país. Para ele, hoje no Brasil existem trabalhadores de primeira e de segunda categoria. Essa divisão se deve principalmente ao governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando os empresários conseguiram, por força de lei, colocar o comerciário para trabalhar domingos e feriados. “Fizeram do comerciário um trabalhador escravo”, enfatizou.

Ele, a exemplo dos outros oradores representantes dos trabalhadores, rejeitou a proposta dos empresários de negociar, setor a setor, a redução da carga de trabalho, lembrando que “naquele momento, os empresários não queriam negociar; queriam uma lei que transformasse o comerciário em escravo.”
Marcio Pochmann defende jornada de 12 horas semanais

Enquanto nesta terça (25) pela manhã, na Câmara dos Deputados, trabalhadores e empresários não se coadunavam em torno da proposta de redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicadas (Ipea), Marcio Pochmann, surpreendia uma pequena plateia de professores e estudantes no Campus da Universidade de Brasília (UnB) com a seguinte afirmação: “Não há mais razão para se trabalhar mais do que 12 horas por semana.”
O economista participou do seminário da Comissão UnB 50 anos de Brasília que debateu o tema “Como será o trabalho no século XXI?”. Ele, que prevê uma jornada de quatro e apenas três dias por semana, diz que as condições para isso já estão colocadas.

Pochamann explicou que há o chamado excedente imaterial gerado pelo trabalho intelectual. “As pessoas não trabalham oito horas por dia, elas trabalham 24 horas, porque estão plugadas o tempo todo, gerando conhecimento que está sendo absorvido pelas empresas”, diz um trecho da palestra divulgada em matéria da Agência UnB.

Com o contingente maior de pessoas produzindo num ambiente de trabalho onde o setor de serviço é hegemônico - no Brasil 70% dos postos de trabalho já estão no setor contra um índice de 90% no mundo -, a redução da jornada passa a ser uma realidade.

O presidente do Ipea só alerta para o fato de que o trabalhador ainda não põe na sua conta o excedente imaterial, isto é, as horas em que permanece na empresa pensando como melhorar o serviço. Como isso ainda não é medido, a empresa se apropria.

Segundo Pochamann, no campo educacional, a situação também terá que ser diferente. “A escola será para a vida toda, e vai ensinar para a vida, não para o trabalho (...) Temos que abandonar a escola utilitarista”, destacou Pochamann.

Pensamento utópico

Segundo a Agência UnB, Pochmann reconhece que essas propostas talvez representem um sonho utópico, que nunca se realizará. “Mas destaca que tudo isso são decisões políticas, que dependem da vontade da sociedade organizada para acontecer. E lembra que o Brasil, infelizmente, está no caminho contrário.”

“Estamos cada vez mais ignorantes. De cada dez jovens com 18 a 24 anos de idade, apenas um está estudando”, diz Pochmann, criticando a ida cedo ao mercado de trabalho por causa da falta de condições da família em manter os jovens na escola.

Pelos cálculos do economista, existem estudante com jornada de 16 horas, isso levando em conta as oito horas no emprego, quatro na faculdade e quatro para o deslocamento. “É uma jornada de trabalho igual a dos operários do século XIX. Como é que alguém vai ter tempo de ainda abrir um livro? Estudar e trabalhar não combina.”
China já lidera exportação mundial

A China se transformou na maior exportadora mundial depois de ultrapassar a Alemanha no primeiro semestre deste ano, de acordo com informações da OMC (Organização Mundial do Comércio), divulgados nesta terça-feira (25) em Genebra.
Nos primeiros seis meses deste ano, a China exportou produtos no valor de 364,3 bilhões de euros (521,7 bilhões de dólares ou R$ 968,2 bilhões), contra € 364,2 bilhões (US$ 521,6 bilhões, R$ 967,967 bilhões) da Alemanha. Ainda não se pode afirmar que esta performance se repetirá ao longo dos próximos meses, mas não restam dúvidas de que ela representa uma tendência histórica de maior fôlego em curso na chamada economia mundial.

Afinal, o desempenho das exportações geralmente acompanha a evolução da produção, que gera o excedente de mercadorias exportáveis. A diferença gritante do crescimento do PIB chinês (em torno de 10% a.a desde 1978) em relação às potências capitalistas (pouco mais de 2% ao ano, em média, nas últimas décadas) é um sinal de que a nova correlação de forças no comércio mundial desenhada pelos últimos números da OMC tende a se consolidar nos próximos anos.

Declínio americano

Já os Estados Unidos ocupam, hoje, a terceira posição no pódio dos países mais exportadores. Perdeu o primeiro lugar para a Alemanha em 2005 e depois foi ultrapassado pela China, que subiu ao segundo lugar no ranking em 2007 e agora deixou os alemães para trás, chegando à liderança pela primeira vez.

Nos últimos anos, a economia alemã sustentou o seu crescimento principalmente nas exportações, deprimidas pela contração do mercado mundial. A Organização Mundial do Comércio considera que o comércio exterior já dá sinais de recuperação, restando dúvidas sobre o caráter da retomada (se vai ser uma subida pronunciada ou uma fase de crescimento lento) da economia mundial. A OMC manteve a previsão de declínio de 10% no fluxo do comércio mundial este ano.

Comércio e fluxo de capitais

O comércio exterior tem uma importância extraordinária no processo de circulação e reprodução do capital em escala internacional. Ele reflete diretamente a produção e o intercâmbio produtivo entre as nações e é essencial à realização do capital, conforme ficou evidente na crise. A contração do mercado estadunidense, o maior do mundo, frustrou o movimento de circulação, realização e reprodução do capital em escala ampliada em diferentes cantos do planeta, disseminando recessão.

Neste sentido, a crescente relevância da China para o processo global de produção das economias nacionais é palpável. A força da demanda chinesa é em boa medida responsável pela recuperação da economia brasileira, conforme vários analistas. No primeiro semestre deste ano o país asiático também se transformou no maior parceiro do Brasil, superando os EUA. O comércio exterior é também fonte do capital destinado à exportação, ou seja, ao investimento no exterior. O fluxo de capitais não está dissociado do comércio exterior.

Desenvolvimento desigual

A crise é apontada por alguns economistas, com razão, como uma das causas para a supremacia chinesa. A mais próspera nação asiática sofreu os impactos da forte queda do consumo no maior mercado do mundo e em outros países, mas tem revelado uma rápida e surpreendente capacidade de recuperação graças ao bom comportamento do seu promissor mercado interno, cujo potencial é dado pela população (cerca de 1,3 bilhão).

Com efeito, a crise acentuou o desenvolvimento desigual das nações, favorecendo a China, que deve crescer ente 7 a 9% neste ano, segundo as previsões. Também está contribuindo para o declínio dos EUA, assim como da União Europeia e do Japão, que mergulharam numa severa recessão.

Deste modo, as perturbações que afetam a economia mundial também realçam a necessidade de uma transição para uma nova ordem econômica internacional, que já não poderá ser baseada na supremacia do dólar e na hegemonia imperialista dos EUA. Terá de corresponder à nova correlação de forças que está se formando e refletir melhor as mudanças no poderio econômico relativo das potências.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

GM faz novo acordo para venda da Saab

Empresa sueca Koenigsegg tem interesse em controlar a marca.
Negócio só poderá ser fechado com aprovação da Comissão Europeia.

A General Motors anunciou nesta terça-feira (18) que chegou a um novo acordo para vender a marca sueca Saab para a empresa especializada na produção de carros esportivos Koenigsegg, também da Suécia. Em junho, as empresas já haviam assinado um outro acordo prévio, mas o negócio ainda não foi fechado porque a GM espera ainda por uma avaliação do Banco de Investimento Europeu e das garantias do governo sueco.

Carl-Peter Forster, presidente da GM Europa, disse que "este acordo prévio é um passo importante a caminho de um acordo final". O Ministério do Desenvolvimento da Suécia, no entanto, afirma que ainda existem detalhes que precisam ser resolvidos, como uma maior participação de capital privado da Koenigsegg no negócio. "É preciso ainda uma aprovação da Comissão Europeia", diz Joran Hagglund, representante do ministério.

Como parte da proposta, GM e Saab compartilhariam tecnologia e serviço durante um período de tempo a ser definido.

A GM esperava um investimento de US$ 600 milhões do banco europeu, mas segundo o jornal sueco "Dagens Industri", especializado em economia, a Koenigsegg precisaria de mais US$ 412 milhões para fechar a compra.
Sindiagua-CE sai da CUT e filia-se na CTB

Após dois anos de intenso debate, no dia 14 de agosto o Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Ceará filiou-se na CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), em assembléia realizada na sede a entidade. Para Wagner Gomes, presidente da CTB, a filiação foi uma grande conquista. “É com satisfação que recebemos os companheiros do Sindiagua, pois certamente os novos companheiros vão contribuir muito para o fortalecimento da CTB em todo o Brasil. Estamos de braços abertos para acolher este sindicato que tem uma grande história de luta em defesa dos trabalhadores”, comemorou Wagner Gomes. Fundado em 8 de julho de 1983, o Sindiagua nasceu da organização dos funcionários da Cagece, que fundaram uma associação pré-sindical para lutar por melhores condições salariais e de trabalho.

Hoje o Sindiagua representa cerca de 1.500 trabalhadores da pessoas da Capital e Interior, sendo seus associados os empregados da Cagece (Companhia de Água e Esgoto do Ceará), da Cogerh (Companhia de Gestão de Recursos Hídricos), dos Saae’s (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) e da Saaec (Sociedade Anônima de Água e Esgoto do Crato).

Decisão consciente

Segundo Jadson Sarto, presidente da entidade eleito no dia 27 de maio, há dois anos a categoria estava debatendo a filiação em outra central. “Nós nunca tivemos participação efetiva na CUT. Nunca fomos consultados sobre as políticas desenvolvidas para o nosso setor. Através dos diálogos que estabelecemos com o Joílson Cardoso (secretário de política sindical e relações institucionais da CTB), percebemos que encontraríamos uma parceira e que teriamos o reconhecimento, com a participação do sindicato nas questões políticas da CTB. Ao assumirmos a direção do sindicato, esta gestão fez uma avaliação concreta e decidiu, como primeiro compromisso, pela filiação à CTB” afirmou Jadson.

Mesmo quando estava filiado à CUT, o Sindiagua participava das atividades organizadas pela CTB no Ceará, como no ato público realizado no último 1º de Maio -, Dia do Trabalhador.
O diretor da CTB, Joison Cardoso, que acompanhou a discussão sobre a filiação do sindicato na CTB, comemorou com entusiasmo a deliberação da categoria. “O Sindiagua do Ceará tem 25 anos de história, com ativa luta contra as privatizações e brilhante atuação em defesa sistema de saneamento, como política fundamental e estratégica para o desenvolvimento da sociedade brasileira. Nós celebramos esta importante filiação que lançará a CTB do Ceará em um novo patamar de representatividade entre os trabalhadores”, afirmou Joilson.

Além de lutar contra a privatização da água no Estado, o Sindiagua tem se mobilizado em defesa do saneamento básico e do meio ambiente. “Se fala muito sobre a questão da água, mas não se fala em tratamento de esgoto. Nós defendemos a destinação de mais recursos públicos para resolver o problema de saneamento básico”, disse Jadson Sarto.

Segundo o presidente da entidade, hoje a prioridade do Sindiagua é eleger sete delegados para participar do 2º Congresso Nacional da CTB, que será realizado entre os dias 24 e 26 de setembro, em são Paulo.

Trajetória de Luta

Logo após a fundação, em 1984, da Associação dos Trabalhadores da Cagece de Fortaleza, os trabalhadores iniciaram a luta pela implantação de um Plano de Cargos e Salários na Cagece e a realização de concurso público, o que foi conquistado em 1985.

Em 1987 os trabalhadores conquistaram o Plano de Cargos e Salários. Ainda no mesmo ano, liderados pelo Sindiagua, os trabalhadores da Cagece fizeram a primeira grande greve da categoria, conquistando 50% de reajuste salarial.

Em 1991 o Sindiagua fez campanha para conscientizar a população sobre vulnerabilidade no sistema de abastecimento de água na Região Metropolitana de Fortaleza. O alerta se confirmou em 1993, com a escassez de água na região.

O Sindiagua também foi pioneiro na luta contra a privatização da água. Em 1995 promoveu em Fortaleza um seminário internacional para fomentar a discussão. Em 1996, os trabalhadores conseguiram barrar a privatização da Estação de Tratamento de Água (ETA), localizada no açude do Gavião.

Em 1997, a entidade realizou uma pesquisa com a população da região, na qual 77% dos entrevistados se posicionaram contra a privatização da água, e em 2000 o sindicato conseguiu frear o Plano de Demissão Voluntária (PDV).

Desde 2003 o Sindiagua está se posicionando contra o projeto de implantação da Parceria Público-Privada, que prevê o repasse de atividades essenciais para a iniciativa privada, e quer retirar o setor de saneamento da PPP.

Os riscos da privatização dos serviços de água e esgoto de Maracanaú foram denunciados pelo Sindiagua a partir de 2004.

Em 2006, o Sindiagua deu entrada em denúncia na Procuradoria Regional do Trabalho - Sétima Região, localizada em Fortaleza, contra os prefeitos de 10 municípios cearenses, que não concediam, há mais de dois anos, reajuste aos servidores dos Saae’s. Com isso, foram iniciadas audiências do Ministério Público com os gestores municipais visando encontrar soluções para o problema.

O Sindiagua tem atuado com firmeza na defesa dos trabalhadores em água, esgoto e meio ambiente na capital cearence e no interior do Estado.
UBM completa 21 anos, celebra em São Paulo e traça perspectivas

A União Brasileira de Mulheres (UBM) não deixou seu aniversário passar em branco. Na noite de sexta-feira (14), cerca de cem pessoas compareceram à comemoração da data, na sede do Sintaema (Sindicato Dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo). Com vídeo retrospectivo, ato político e muito samba, a festa celebrou “21 anos de perseverança” – conforme as palavras de Rozina Conceição, presidente da UBM-SP.
Liége Rocha, uma das fundadoras da entidade, lembrou que “a luta pela emancipação das mulheres”, com “centro nas questões do trabalho”, sempre foi o objetivo da UBM. “Esse vídeo que acabamos de ver conta um pedacinho da nossa história. Aos 21 anos, já estamos conquistando a maturidade”, disse Liége, que atualmente é secretária especial da Mulher do PCdoB.

Ela citou diversas iniciativas lideradas pela entidade, como a bandeira permanente da valorização da mulher, a campanha “Ser mãe não é crime” e as batalhas por mais participação e representatividade no poder. “Não podemos mais ser vistas como coadjuvantes”, frisou Liége. “Na história do Brasil, também somos heroínas, e há vários exemplos de companheiras que merecem ter o nome estampado.”

A deputada estadual Vanessa Damo (PV-SP), recém-filiada à UBM, enalteceu as relações entre seu mandato e a entidade aniversariante. “A UBM nos recebeu de braços abertos. Sou recém-chegada, mas me sinto lisonjeada”, declarou. Segundo a parlamentar, as mulheres se destacam na “política participativa” – por exemplo, nos movimentos de bairros –, mas “ainda são tímidas na política representativa”.

Foi uma crítica ao que Vanessa chamou de “ambiente político excessivamente masculinizado”, ressalvando que a luta das mulheres não é contra os homens, mas, sim, contra o preconceito. “Temos a missão de abrir os olhos de tantas mulheres e mostrar que elas são importantes e valorosas”, enfatizou a deputada.

A UBM foi saudada também pela vereadora Luiza Cordeiro (PCdoB), de Guarulhos. “A retrospectiva me emocionou muito”, afirmou. Já a presidente municipal do PCdoB de São Paulo, Julia Roland, pediu empenho para o fortalecimento das mulheres na política. “A gente já avançou em uma série de lutas, mas o centro do poder ainda está ocupado por homens.”

De acordo com a dirigente comunista, o grande desafio da hora é “preparar terreno para ampliar a participação das mulheres das disputas eleitorais de 2010”. Esse esforço, segundo Julia, exige que cada vez mais lideranças do sexo feminino aceitem a candidatura. “Cada partido já tem um percentual mínimo (de cotas para candidatas), mas as vagas ficam vagas.”
40 horas de trabalho, em nome da civilização

O projeto que reduz a jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, sem redução dos salários, voltou com força ao debate nacional. Está finalmente tramitando na Câmara, 14 anos depois de apresentado pelo hoje senador Inácio Arruda (PCdoB-CE). Na última sexta-feira (14), foi a principal bandeira de uma Jornada Nacional de Lutas. Tem o apoio unânime das centrais sindicais e movimentos sociais.
Esta é uma das causas mais enraizadas no movimento operário do Brasil e do mundo. Foi ela que deu origem ao 1º de Maio, nascido em 1890 como uma espécie de dia de greve geral mundial pela jornada de oito horas.

Várias gerações e incontáveis lutas mais tarde, as oito horas são uma conquista e muitos países adotam jornadas ainda menores. No Brasil, a última conquista veio na Constituição de 1988, que reduziu o limite de 48 para 44 horas. Recente estudo do Ipea comprovou que isso reduziu em 10,7% as horas trabalhadas pelos brasileiros.

No entanto, cada um desses passos resulta de uma encarniçada luta de classes. A experiência mundial e brasileira atesta dois fatos. Primeiro, que a redução só se efetiva pela via da fixação em lei; deixado à mercê do mercado, o tempo de trabalho se estende até os limites físicos da resistência do trabalhador. E segundo, que o patronato opõe sempre uma feroz resistência, agitando o espantalho da competitividade, da informalidade, das falências, do fim do mundo.

Foi assim em 1988. E é assim agora. A classe que vive da compra da força de trabalho alheia mobiliza-se: convoca sua imprensa para bombardear a proposta, invoca a crise capitalista mundial, põe de prontidão as entidades patronais, arregimenta suas bancadas na Câmara e Senado: vai à luta para que a jornada não se reduza um minuto sequer.

Agregue-se que o projeto é uma Proposta de Emenda à Constituição, a PEC 231/95. Requer portanto dois terços dos votos nas duas Casas do Legislativo. Pode ainda ser conduzido em banho-maria, protelado. É para isso que o patronato se orienta.

Os argumentos dessa gente não têm cabimento. Desde 1988, a produtividade do trabalho avançou enormemente, resultando em maximização de lucros e supressão de empregos. O que os trabalhadores querem é apenas o uso de uma fatia desses ganhos para seu descanso, lazer, estudo e cultura, convívio com a família e os amigos, enfim, para viver melhor, num mundo mais civilizado. Além do que a redução deve gerar 2 milhões de empregos, pelo cálculo do Dieese.
Mas uma causa assim não triunfa só por ser justa. Reclama a mobilização da classe, dos seus partidos e sindicatos, das suas bases – as centrais falam em levar 100 mil trabalhadores a Brasília. Exige a conquista da opinião pública. Requer todo um trabalho de acompanhamento da tramitação, corpo a corpo, convencendo, pressionando e fiscalizando cada parlamentar.

Um primeiro passo foi dado, na Comissão Especial da Câmara que aprovou a PEC 231/95 em junho. Faltam todos os outros. A proximidade das eleições de 2010 favorece a aprovação. O apoio do presidente Lula é um grande tento. A semana de 40 horas pode virar lei já neste ano. Mas não virá de presente. Será obra da unidade e da luta da classe.

sábado, 15 de agosto de 2009

Dezenas de milhares vão às ruas por redução da jornada e reforma agrária

Convocado de forma unitária por todas as centrais sindicais, MST, UNE e outras organizações populares, o Dia Nacional de Luta mobilizou dezenas de milhares de pessoas em todo o país. Redução da jornada sem redução de salários e reforma agrária foram as duas principais bandeiras levantadas na manifestação, que também reclamou o fim do fator previdenciário, ratificação das convenções 151 e 158 da OIT, proibição das demissões em massa e mudança da política econômica, entre outras coisas.
Em São Paulo, as entidades mobilizaram cerca de 25 mil manifestantes. O ato começou cedo, às 10 horas, com uma concentração na praça Oswaldo Cruz, seguida de uma passeata pela avenida Paulista. A participação de centenas de militantes do MST na marcha reforçou a bandeira da reforma agrária. Ocorreram manifestações em pelo menos 10 outros estados (Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul - Porto Alegre e Caxias -, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Ceará, Maranhão, Paraná, Pernambuco e Piauí), além do Distrito Federal.
100 mil em Brasília

A CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) teve um papel destacado na mobilização em todos as capitais e municípios onde o povo foi às ruas. Na opinião do presidente da Central, Wagner Gomes, o Dia Nacional de Luta mostrou que a classe trabalhadora está disposta a lutar para que os ricos paguem a crise. Ele destacou a importância da unidade das centrais em aliança com outras organizações dos movimentos sociais.
- A vida está mostrando que a unidade é decisiva para defender com êxito os interesses da classe trabalhadora e uma agenda social positiva, mais justa, para o país. A união faz a força e o nosso desafio é manter e ampliar a unidade. Devemos nos preparar ainda melhor para a votação da PEC que reduz a jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem prejuízo para os salários, votação que deve ocorrer ainda este ano e, como a vitória dependente de quórum qualificado (de dois terços dos parlamentares) temos que nos desdobrar para levar 100 mil a Brasília. Outra questão fundamental na qual temos de marchar unidos é a eleição de 2010 onde estarão em disputa dois lados, o lado das forças progressistas, no qual nos encontramos, e o lado do retrocesso neoliberal, que devemos derrotar.
(Portal CTB)

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Conselho da Volkswagen aprova acordo de fusão com a Porsche
Fusão das montadoras seria gradual a partir de 2011.
Novo consórcio poderá se chamar Auto Union.

As montadoras alemãs Volkswagen e Porsche anunciaram nesta quinta-feira (13) que aprovaram um plano de fusão por etapas dos dois grupos, para conquistar a liderança do setor automobilístico até 2018. Em uma primeira etapa, a Volkswagen ampliará para 42% sua participação no capital da Porsche até o fim deste ano, por meio de uma injeção de capital de 3,3 bilhões de euros. No fim do processo, a Porsche se tornará a décima marca do grupo Volkswagen.
Um aumento de capital na Volkswagen ocorrerá no primeiro semestre de 2010, com o grupo emitindo novas ações preferenciais. Além disso, um aumento de capital da Porsche seguirá "provavelmente no primeiro semestre de 2011", por meio da emissão de ações ordinárias e preferenciais.

Os comunicados das duas montadoras destacam que a Porsche seguirá sendo uma "marca independente" e manterá sua sede histórica perto de Stuttgart, no sudoeste da Alemanha. No entanto, ela será a décima marca do grupo Volkswagen, número um na Europa e que busca desbancar a japonesa Toyota da liderança mundial do setor.

Volkswagen está perto de fechar a compra da Porsche Porsche anuncia a demissão do seu presidente Presidente da Porsche pode ‘embolsar’ R$ 270 milhões na demissão, diz jornal

O CEO da Volkswagen, Martin Winterkorn, foi nomeado para a presidência da Porsche, e continuará à frente da Volkswagen, no cargo que ocupa desde 2007, destacou a Porsche no comunicado. Já o diretor financeiro da Volkswagen, Hans Dieter Piëch, assumirá o mesmo cargo na Porsche.

No fim do processo, a Porsche se tornará a décima marca do grupo Volkswagen e o novo grupo terá 380 mil funcionários, em todo o mundo. A Volkswagen tem agora, "mais do que nunca, tudo o que precisa para se tornar o número um da indústria do automóvel", declarou Winterkorn.

A principal montadora alemã, que registrou lucro líquido no segundo trimestre, apesar da queda na demanda de veículos devido à crise econômica mundial, planeja se tornar o primeiro fabricante de autos do mundo até 2018.

O peso dos principais acionistas do novo grupo (as famílias Porsche e Piech e a região da Baixa Saxônia) não foi revelado até o momento. O Qatar poderá participar do grupo com 17%, comprando opções da Volkswagen no momento em poder da Porsche. Desta forma, o emirado entraria diretamente no capital da Porsche.

A Porsche tentava, há alguns anos, assumir o controle da Wolkswagen por meio da compra progressiva de ações, mas seu crescente endividamento, de mais de 9 bilhões de euros, assim como a crise financeira e a queda do volume de negócios, inviabilizaram a transação.

A Volkswagen é a maior fabricante automobilística da Europa com nove marcas, entre elas Audi, Skoda e Seat, 370 mil funcionários. A Porsche só tem uma marca e 12.202 funcionários. Detalhes do plano serão apresentados nas próximas semanas, informou a Volkswagen.
Produção brasileira de aço tem forte alta de 28,5% em julho

Informação é do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS).
Para instituição, número reflete recuperação do mercado.

Vale vê sinais claros de recuperação da economia global Vale registra queda de 81,5% no lucro no 2º trimestre de 2009 CSN contrata 700 e deve ter mais 200 vagas até outubro, diz diretor

A produção brasileira de aço bruto teve alta 28,5% em julho sobre o mês imediatamente anterior, para 2,5 milhões de toneladas, informou nesta sexta-feira (14) o Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS).

Mas o setor ainda está abaixo do nível do ano passado. Na comparação com julho de 2008, as siderúrgicas amargaram queda de 22,8% na produção.

As vendas internas no mês passado cresceram 9,1% sobre junho, para 1,4 milhão de toneladas. Na comparação com julho de 2008, o volume representa uma queda de 31,6%.

Os dados de julho refletem uma "tendência de gradativa recuperação no mercado interno", afirma o IBS em comunicado ao mercado.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

GM e Magna chegam a acordo sobre venda da Opel, diz executivo

Nova proposta precisa ainda de aprovação do Conselho Executivo da GM.
Montadora negocia a venda de sua unidade europeia.

A montadora General Motors e a fabricante de autopeças austríaco-canadense Magna chegaram nesta quinta-feira (13) a um acordo sobre a venda da Opel, de acordo com o presidente do Comitê Executivo da marca alemã, Franz Klaus. Segundo ele, o acordo está pronto para ser assinado para a venda do braço europeu da GM.

Fontes da Magna também disseram que, junto com o banco estatal russo Sberbank, entraram em acordo para a aquisição da Opel após várias semanas de duras negociações. Falta agora o conselho administrativo da GM nos Estados Unidos aprovar os termos acordados.

A divisão europeia da GM se limitou a dizer que a Magna apresentou uma nova oferta para o negócio, melhorando a proposta anterior, e que nos próximos dias os termos da proposta serão analisados. Além da Magna, o grupo belga de investimentos RHJ International apresentou proposta pela Opel.

A matriz americana preferia a oferta do RHJ International, porque facilitaria a recompra da Opel após seu saneamento e porque tem reservas em oferecer sua tecnologia aos russos.
BB passa Itaú Unibanco e volta a ser o maior banco do país

Total de ativos do BB chegou a R$ 598,8 bilhões.
Lucro do banco cresceu 42,8% no trimestre, para R$ 2,348 bilhões.

O Banco do Brasil voltou a ser o maior banco do país em ativos, segundo balanço da instituição financeira divulgado nesta quinta-feira (13). O banco, que havia perdido a posição para o Itaú após a fusão com o Unibanco, informou que seus ativos totais chegaram a R$ 598,8 bilhões no segundo trimestre, frente aos R$ 596,4 bilhões do rival.

De abril a junho, o Banco do Brasil registrou lucro líquido de R$ 2,348 bilhões, um crescimento de 42,8% sobre o mesmo período de 2008, e de 41% em relação ao primeiro trimestre do ano. As receitas de operações de crédito totalizaram R$ 18,5 bilhões no 1º semestre, alta de 32,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, acompanhando o crescimento da carteira de crédito.

No semestre, o lucro líquido do BB totalizou R$ 4,014 bilhões, alta de 0,55% ante o mesmo período de 2008. Excluindo os efeitos extraordinários, o lucro recorrente atingiu R$ 3,250 bilhões no semestre, montante 7,5% superior ao observado no mesmo intervalo do ano passado.

Ativos dos bancos brasileiros (em R$ bilhões)

1º trimestre/2009 2º trimestre/2009

Banco do Brasil 591,9 598,8

Itaú Unibanco 618,9 596,4

Bradesco 482,1 482,4

Indústria paulista deve mostrar crescimento de 2,5% em julho

Mas na comparação em 12 meses, setor deve ter pior nível desde 1996.
Na comparação entre mesmos meses, queda deve perder força, diz FGV.

Emprego na indústria fecha semestre com queda de 5,1% Indústria teve queda em todo o país no primeiro semestre, mostra IBGE Faturamento da indústria nacional de máquinas cai 19% no semestre Indústria cresce em junho, mas 1º semestre tem pior resultado desde 1975 Indústria de São Paulo cresceu 2% em junho, diz Fiesp Indústria paulista elimina 8 mil vagas em junho, informa Fiesp

A produção da indústria paulista deve registrar crescimento de 2,5% em julho na comparação com o mês anterior, segundo o Sinalizador da Produção Industrial (SPI). Na comparação dos últimos 12 meses com os 12 meses anteriores, no entanto, a taxa passaria de -6,4%, para -8,2% em julho, o menor nível desde junho de 1996 (-8,3%).

Frente a julho de 2008, a produção da indústria deve mostrar resultado 10,5% menor - uma melhora significativa em relação à queda de 13,4% registrada na comparação entre meses de junho.

Em junho, a variação prevista frente a maio era de 0%, tendo sido registrada mais tarde queda de 2,0%.

O Sinalizador da Produção Industrial (SPI), elaborado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em parceria com a AES Eletropaulo, antecipa tendências da atividade industrial no estado de São Paulo.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Entenda como a queda dos juros pode afetar os planos de previdência privada

Queda na taxa Selic reduz o rendimento do investimento de renda fixa.
Em três anos e meio, juro básico caiu de 17,25% para 8,75% ao ano.

Previdência privada aberta capta 9,56% mais no primeiro semestre Previdência Social registra déficit de R$ 3,099 bilhões em abril

A busca por planos de previdência privada cresceu quase 10% no primeiro semestre deste ano. Isso quer dizer que cada vez mais gente busca a opção de investimento como forma de "engordar" a aposentadoria. Entretanto, a queda nos juros – a taxa básica Selic está em 8,75% ao ano – pode afetar o montante que o trabalhador terá na hora de resgatar o plano.

Isso porque os planos de previdência normalmente investem boa parte dos recursos em títulos do governo e outros papéis de baixo risco que estão atrelados ao juro básico da economia, que vem em trajetória de queda, tendo recuado quase 50% desde janeiro de 2006. Há três anos e meio, a Selic estava em 17,25% ao ano.

Quem fez o seu plano com uma simulação de rendimento médio anual real (taxa de juros com o desconto da inflação) de 8%, por exemplo, pode ter que refazê-la para ter uma ideia melhor de como será o rendimento daqui para a frente. Isso porque, com a Selic a 8,75%, a taxa de juros real brasileira está hoje pouco acima de 4%, segundo a consultoria UpTrend.

Segundo informações dos bancos, um plano PGBL com investimento em renda fixa do Bradesco, por exemplo, rendeu 12,02% em 2006; nos últimos 12 meses, o rendimento foi de 9,43%. Em um exemplo do Banco Real, a rentabilidade foi de 15,82% em 2005, caindo para 8,94% nos últimos 12 meses.

Cuidados

Especialistas ouvidos pelo G1 dizem que quem está perto de se aposentar ou usar o dinheiro acumulado na previdência privada não deve mexer no perfil de seu plano, mas quem é jovem ou só pretende usar o dinheiro daqui a mais de dez anos pode cogitar explorar as opções de planos mais agressivos de previdência privada.

Os planos com perfil mais arrojado aplicam até 49% dos recursos em renda variável, o que pode incluir ações, moedas estrangeiras e outros instrumentos financeiros. A renda fixa consiste em papéis de risco menor, geralmente títulos do governo, em que se sabe antecipadamente o rendimento.

Para Renato Russo, vice-presidente da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), a queda da Selic deve trazer uma tendência de procura por diversificação entre os clientes de previdência privada. Entretanto, ele vê resistência: “Está devagar”, diz ele.

“O juro (antes) era exorbitante”, diz Márcio Matos, superintendente de investimentos da Brasilprev, empresa de previdência privada ligada ao Banco do Brasil. “Para uma grande parcela da população, não se justificava correr riscos. Agora abrem-se portas para a diversificação.”

Faixa etária

Para os especialistas, a principal variável para definir a agressividade do plano escolhido para a previdência privada é quanto tempo o dinheiro deve ficar na aplicação. Por isso, o risco só é recomendado para quem tem um cenário de longo prazo.

“A faixa etária influencia muito no perfil do plano”, diz Cláudio Carvajal Júnior, consultor de finanças pessoais e professor da Faculdade Módulo. “Quem é mais jovem pode procurar um perfil mais arrojado. Quem tem 40, 50 anos não deve mexer nesse momento.”

Risco gradual

Os bancos e outras instituições que oferecem planos de previdência já oferecem opções de planos mais arrojados, além de planos que mudam automaticamente o perfil de investimento ao longo do tempo: começam com maior exposição ao risco e vão ficando mais conservadores ao longo do tempo.

“A gestão do fundo vai reduzindo a alocação em renda variável. Isso traz vantagem porque, quanto mais próximo da utilização dos recursos, menor a exposição ao risco, para proteger o investidor”, diz João Batista Angelo, superintendente de produtos da Brasilprev.

Outros investimentos

Outra advertência que os especialistas fazem é de que o perfil do plano de previdência privada também deve levar em conta os outros investimentos do cliente. Se a pessoa já investe em ações, por exemplo, pode ser melhor manter um perfil mais conservador na previdência privada.

“Se o cliente estiver com investimentos muito conservadores podemos recomendar mais renda variável, inclusive na previdência privada”, diz Osvaldo Nascimento, diretor-executivo da área de investimentos do Itaú. “Mas olhamos também a fase da vida do cliente, sua idade e seus objetivos para aqueles recursos.”

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Governo alemão se diz otimista quanto a negociações sobre Opel

Futuro da montadora voltará a ser discutido esta semana.
Alemães temem que novos investidores promovam demissões na Opel.

O Governo alemão encara com "otimismo" a nova rodada de negociações sobre o futuro da montadora Opel, que esta semana voltará ser discutido entre representantes do Executivo nacional, dos estados federados, da General Motors (GM), da fabricante austríaco-canadense Magna e do grupo de investidores belga RHJI.

O vice-porta-voz do Governo alemão, Klaus Vater, afirmou nesta segunda-feira (3) que, nos Estados Unidos, surgiram "sinais positivos" que possibilitam "uma expectativa positiva a respeito das conversas que acontecerão esta semana".

O funcionário não confirmou se a nova rodada de contatos, iniciados há semanas, acontecerá nesta terça-feira (4), como noticiou a imprensa alemã.

Nos Estados Unidos, nesta segunda-feira (3) será realizada a sessão constituinte do novo conselho de vigilância da GM, que foi praticamente nacionalizada no final de maio.

Na sexta, o vice-chanceler e ministro de Assuntos Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, conversou por telefone com o presidente da montadora americana, Fritz Henderson.

Magna melhora oferta pela Opel, diz fonte do governo alemão GM exclui grupo chinês da disputa pela Opel

Segundo o jornal "Bild", durante a conversa, Steinmeier frisou que o Governo alemão só concederá os avais prometidos a um investidor que assumir um compromisso de longo prazo com a Opel e que garanta que não haverá demissões.

Na Alemanha, teme-se que a GM possa vender a Opel a um investidor que demita vários empregados e depois revenda a empresa à matriz americana.

Os primeiros-ministros dos estados federados de Hesse, Roland Koch, e Turíngia, Dieter Althaus - ambos com fábricas da Opel - voltaram a dizer no último fim de semana que a Alemanha só aprovará o projeto da Magna.

Pouco antes de se declarar insolvente, a GM se desfez de suas atividades na Europa, que ficarão em mãos de uma entidade fiduciária até que encontrem um comprador.

Para manter a Opel viva até que haja uma aquisição definitiva, o Governo alemão se dispôs a ser avalista de 4,5 bilhões de euros e a conceder um crédito imediato de até 1,5 bilhão de euros à montadora.
2º Congresso Estadual comprova crescimento da CTB-SP

Em torno de 420 delegados e delegadas, de mais de 40 sindicatos filiados, compareceram ao 2º Congresso Estadual da CTB São Paulo, que foi realizado neste sábado (01), em Sorocaba, São Paulo.
A mesa de abertura foi coordenada por Helifax Pinto, presidente da CTB SP, e Onofre Gonçalves, secretário geral, e composta por representantes dos sindicatos filiados à Central e membros da direção estadual como Antonio Lopes Carvalho, do Sindicato dos Marceneiros, Helder Paranhos (Professores de Sorocaba), Paulinho (Professores de Campinas), Elci (Servidores Municipais de Salto de Pirapora), Wagner Rodrigues (Municipais de Ribeirão Preto), Perla (Educação Ribeirão Pires) e Fabiana Generoso (Sintratel).

Crescimento no Estado

Integrando a mesa, Wagner Gomes, presidente da CTB Nacional, saudou os presentes e reafirmou a disposição da CTB na luta pelos direitos dos trabalhadores em todo país e a importância da unidade entre as centrais sindicais para garantir uma bandeira única de luta dos trabalhadores. “A CTB veio para fortalecer os trabalhadores e trabalhadoras do país sendo plural e democrática e está demonstrando isso. Estamos fazendo todo um esforço para unir as centrais sindicais para o fortalecimento da luta de toda a classe trabalhadora. E esse crescimento que estamos tendo em São Paulo é decisivo para podermos continuar avançando", afirmou.

O presidente da Central enfatizou a importância do papel desempenhado pela CTB-SP e de seu notável crescimento desde a fundação. "Temos tido importantes avanços para a classe trabalhadora, mas precisamos avançar nas conquistas levantando as bandeiras que vão garantir esses novos avanços e mantendo a luta ativa. Estamos inseridos nos conselhos mais importantes de defesa dos trabalhadores”, concluiu.

Com a presença de parlamentares, o ato político que sucedeu a cerimônia de abertura contou com a participação do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB), vereador Élcio Batista, do PSB de Campinas, Milton Sanches, presidente do PDT Sorocabana, deputado estadual Pedro Bigardi (PCdoB), a ex-deputada Iara Bernardi (PT) e o vereador Isidio de Brito Corrêa, representante da CUT e dos Metalúrgicos de Campinas.

Pela classe trabalhadora

Aldo Rebelo relembrou os fatos e lutas que marcaram a história do Estado e sua importância para o desenvolvimento do país e para os trabalhadores. “São Paulo é o Estado que tem dado a força para a luta dos trabalhadores de todo país. Ele ajudou a construir esse território nacional e o berço da luta do movimento operário. É uma grande responsabilidade da CTB dirigir a Central dentro do Estado”, ressaltou o deputado.
Aldo lembrou a necessidade de manter a unidade no movimento sindical em prol da classe trabalhadora. “O Conclat (Congresso Nacional da Classe Trabalhadora) será um grande evento. Uma forma de construir uma plataforma unitária em defesa dos direitos dos trabalhadores”, salientou o deputado.
Já o vereador Élcio Batista, advogado há 15 anos, acredita que o crescimento da Central se deva ao seu caráter de luta e defesa dos trabalhadores. “Como advogado trabalhista estou inserido na luta dos trabalhadores há 15 anos, conhecendo suas demandas e necessidades. E vejo na CTB, uma Central que não nos furtamos em fazer parte, uma entidade forte que luta pelos direitos dos trabalhadores. Uma força que construímos ao lado de trabalhadores e trabalhadoras”, frisou o parlamentar.

Sob nova direção

As atividades da manhã foram encerradas com a leitura e aprovação do Regimento Interno. Na parte da tarde, seguindo a programação, foram debatidos o balanço da CTB no Estado, o plano de lutas e os textos para o 2º Congresso Nacional da Central.
Após os debates e sugestões de emenda em plenário acerca do plano de lutas da entidade foram colocados em votação os nomes para a nova direção da entidade no período 2009-2013. A chapa única, encabeçada por Onofre Gonçalves de Jesus, foi eleita por unanimidade dos votos dos delegados. A escolha foi saudada com entusiasmo pelos presentes.
Indagado sobre as perspectivas para o próximo período, o presidente eleito, Onofre Gonçalves, que também é diretor do Sindicato dos Metroviários de São Paulo e da Federação Nacional dos Metroviários, acredita que a CTB-SP desempenhará um papel muito importante para o crescimento da Nacional. “Vamos continuar com o trabalho iniciado na gestão anterior. É uma responsabilidade muito grande continuar esse trabalho de consolidação da Central em São Paulo.
"Vamos lutar para nos tornamos a terceira maior central e isso vai depender do esforço para filiarmos e agregarmos cada vez mais sindicatos à nossa luta. Entendemos que essa crise está aí e os trabalhadores ao lado das centrais têm que participar", frisou.
O presidente recém eleito reafirmou o compromisso classista da entidade. “A CTB SP vai ter uma agenda de lutas para o próximo período. E é com sagacidade que vamos crescer cada vez mais. Sabemos que podemos contar com companheiros de categorias valorosas e representativas em Jaguariúna, Sorocaba, Salto de Pirapora, Campinas, dentre outras que estarão ao nosso lado buscando novas entidades para fortalecer a luta da classe trabalhadora”, conclui sem disfarçar a satisfação.

Cinthia Ribas - Portal CTB

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Vendas da Ford nos EUA subiram em julho pela 1ª vez em 2 anos, diz analista

Programa de descontos do governo ajudou a impulsionar vendas.
Montadora divulga dado oficial nesta segunda-feira (3).

As vendas da Ford nos Estados Unidos em julho tiveram a primeira alta em dois anos, disse à agência Associated Press o principal analista de mercado da empresa. A alta foi atribuída a um programa do governo do país que dá bônus a proprietários que trocarem seus carros antigos por modelos novos menos poluentes.

Segundo o analista George Pipas, as vendas em julho tiveram alta na comparação com o mesmo mês do ano passado. Se o dado se confirmar, será a primeira vez que isso acontece com as vendas da Ford desde novembro de 2007 e a primeira vez para qualquer uma das seis maiores montadoras do país desde agosto do ano passado.

A Ford divulga seus dados oficiais de vendas nesta segunda-feira (3). Em julho de 2008, as vendas foram de 161.071 veículos, queda de 15% em relação ao mesmo mês de 2007.

Analistas ouvidos pela Reuters preveem que as vendas de carros de todo o setor nos EUA serão de 10 milhões de unidades em julho, mas a pesquisa foi feita antes do lançamento do programa de bônus dos EUA.

Ford Taurus é a aposta da montadora para restaurar reputação nos EUA Ford registra lucro de US$ 2,3 bilhões no segundo trimestre

"Estamos tendo um bom mês, e a Ford tem tido bons meses recentemente - mas o programa do governo realmente deu um impulso, com certeza", disse Pipas.

O programa foi lançado por Obama em 24 de junho, como parte de um programa de estímulo maior, de US$ 106 bilhões.

Batizado de Cars, o programa busca tirar carros antigos e poluidores das ruas e ajudar o setor automotivo. Os proprietários desses carros recebem descontos de entre US$ 3.500 e US$ 4.500 para a compra de novos carros mais econômicos.
14 de agosto é dia nacional de luta

No dia 14 de agosto os trabalhadores e militantes dos movimentos sociais realizarão uma grande mobilização em São Paulo e em diversas capitais brasileiras em defesa do emprego, contra as demissões em massa, pela ratificação das Convenções 151 e 158 da OIT, redução dos juros, fim do superávit primário, redução da jornada de trabalho sem redução de salários e direitos, reforma agrária e urbana, fim do fator previdenciário, em defesa da Petrobrás e das riquezas do pré-sal, por mais investimentos em saúde, educação e moradia, pela continuidade da valorização do salário mínimo, contra o golpe de estado em Honduras e pela solidariedade internacional aos povos.



A mobilização do dia 14 de agosto é um desdobramento da reunião ocorrida no dia 8 de julho, em São Paulo, com representantes de todas as centrais sindicais e de 18 movimentos populares.

Estratégia

Para Wagner Gomes, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) a unidade das centrais sindicais e dos movimentos sociais tem uma importância estratégica neste momento em que a crise financeira internacional está sendo usada como pretexto pelos empresários para reduzir salários, promover demissões em massa e aatacar os direitos conquistados com muita luta.

“Para nós, a unidade é decisiva, pois se queremos enfrentar a crise e resistir aos ataques aos direitos trabalhistas, a unidade das centrais sindicais e dos movimentos populares é o melhor instrumento. A CTB defende com unhas e dentes a continuidade dos trabalhos conjuntos. Também defendemos a convocação unitária de uma nova Conclat, para que possamos debater a conjuntura e aprovar proposta de reivindicações unitárias. Seria uma pacto de ação. Esta é uma proposta da CTB e estamos batalhando para que aconteca.

Consciência de classe

Segundo o presidente da CTB, a Jornada Unificada Nacional de Lutas revela o amadurecimento do movimento sindical que superou as divergências políticas para fazer uma grande mobilização no dia 14 de agosto.

“Com muita discussão política nós conseguimos que todas as centrais e os movimentos populares organizassem um comando único para encaminhar os preparativos da jornada de lutas. Esta unidade contribuiu muito na luta pelo reajuste do salário mínimo que já tem um percentual definido de reajuste até atingir um valor digno para o trabalhador. Outra conquista importante foi a vitória na Comissão do Trabalho da Câmara dos Deputados que aprovou, por unanimidade, o parecer do relator sobre a redução da jornada de trabalho. Lá estavam mais de 600 sindicalistas de todas as centrais sindicais para pressionar os deputados”, afirmou Wagner Gomes.

Convocação nos estados

Todas as centrais sindicais e os movimentos sociais estão convocando suas entidades estaduais para não medirem esforços na construção de uma ampla mobilização no dia 14 de agosto. Além do ato público em São Paulo, também estão previstas a realização de marchas do MST e greves em diversas empresas.

Wagner Gomes disse que a Central está aproveitando a realização dos congressos estaduais, preparativos para o II Congresso Nacional da CTB que será realizado entre os dias 24 e 26 de setembro em São Paulo, para convocar os trabalhadores para a jornada nacional de lutas que será iniciada no dia 14 de agosto.

”Estamos aproveitando o período de congressos da CTB nos estados para convocar os trabalhadores. A direção nacional da CTB tem recomendado que os congressos estaduais sejam representativos, amplos e plurais, inclusive nas direções, para que tenhamos as CTBs estaduais em condições fortalecer as mobilizações. Não adianta ter a CTB nacionalmente reconhecida, sem o fortalecimento das CTBs estaduais. É como uma árvore, não adianta ter tronco forte se não tem raiz, pois qualquer vento derruba, e queremos enraizar a CTB em todo o país. É esta organização e estruturação das CTBs nos estados que vai fortalecer as lutas dos trabalhadores, concluiu o presidente da CTB.

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