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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Entenda como a queda dos juros pode afetar os planos de previdência privada

Queda na taxa Selic reduz o rendimento do investimento de renda fixa.
Em três anos e meio, juro básico caiu de 17,25% para 8,75% ao ano.

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A busca por planos de previdência privada cresceu quase 10% no primeiro semestre deste ano. Isso quer dizer que cada vez mais gente busca a opção de investimento como forma de "engordar" a aposentadoria. Entretanto, a queda nos juros – a taxa básica Selic está em 8,75% ao ano – pode afetar o montante que o trabalhador terá na hora de resgatar o plano.

Isso porque os planos de previdência normalmente investem boa parte dos recursos em títulos do governo e outros papéis de baixo risco que estão atrelados ao juro básico da economia, que vem em trajetória de queda, tendo recuado quase 50% desde janeiro de 2006. Há três anos e meio, a Selic estava em 17,25% ao ano.

Quem fez o seu plano com uma simulação de rendimento médio anual real (taxa de juros com o desconto da inflação) de 8%, por exemplo, pode ter que refazê-la para ter uma ideia melhor de como será o rendimento daqui para a frente. Isso porque, com a Selic a 8,75%, a taxa de juros real brasileira está hoje pouco acima de 4%, segundo a consultoria UpTrend.

Segundo informações dos bancos, um plano PGBL com investimento em renda fixa do Bradesco, por exemplo, rendeu 12,02% em 2006; nos últimos 12 meses, o rendimento foi de 9,43%. Em um exemplo do Banco Real, a rentabilidade foi de 15,82% em 2005, caindo para 8,94% nos últimos 12 meses.

Cuidados

Especialistas ouvidos pelo G1 dizem que quem está perto de se aposentar ou usar o dinheiro acumulado na previdência privada não deve mexer no perfil de seu plano, mas quem é jovem ou só pretende usar o dinheiro daqui a mais de dez anos pode cogitar explorar as opções de planos mais agressivos de previdência privada.

Os planos com perfil mais arrojado aplicam até 49% dos recursos em renda variável, o que pode incluir ações, moedas estrangeiras e outros instrumentos financeiros. A renda fixa consiste em papéis de risco menor, geralmente títulos do governo, em que se sabe antecipadamente o rendimento.

Para Renato Russo, vice-presidente da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), a queda da Selic deve trazer uma tendência de procura por diversificação entre os clientes de previdência privada. Entretanto, ele vê resistência: “Está devagar”, diz ele.

“O juro (antes) era exorbitante”, diz Márcio Matos, superintendente de investimentos da Brasilprev, empresa de previdência privada ligada ao Banco do Brasil. “Para uma grande parcela da população, não se justificava correr riscos. Agora abrem-se portas para a diversificação.”

Faixa etária

Para os especialistas, a principal variável para definir a agressividade do plano escolhido para a previdência privada é quanto tempo o dinheiro deve ficar na aplicação. Por isso, o risco só é recomendado para quem tem um cenário de longo prazo.

“A faixa etária influencia muito no perfil do plano”, diz Cláudio Carvajal Júnior, consultor de finanças pessoais e professor da Faculdade Módulo. “Quem é mais jovem pode procurar um perfil mais arrojado. Quem tem 40, 50 anos não deve mexer nesse momento.”

Risco gradual

Os bancos e outras instituições que oferecem planos de previdência já oferecem opções de planos mais arrojados, além de planos que mudam automaticamente o perfil de investimento ao longo do tempo: começam com maior exposição ao risco e vão ficando mais conservadores ao longo do tempo.

“A gestão do fundo vai reduzindo a alocação em renda variável. Isso traz vantagem porque, quanto mais próximo da utilização dos recursos, menor a exposição ao risco, para proteger o investidor”, diz João Batista Angelo, superintendente de produtos da Brasilprev.

Outros investimentos

Outra advertência que os especialistas fazem é de que o perfil do plano de previdência privada também deve levar em conta os outros investimentos do cliente. Se a pessoa já investe em ações, por exemplo, pode ser melhor manter um perfil mais conservador na previdência privada.

“Se o cliente estiver com investimentos muito conservadores podemos recomendar mais renda variável, inclusive na previdência privada”, diz Osvaldo Nascimento, diretor-executivo da área de investimentos do Itaú. “Mas olhamos também a fase da vida do cliente, sua idade e seus objetivos para aqueles recursos.”

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