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terça-feira, 31 de março de 2009

Itália vê com ressalvas aliança entre Fiat e Chrysler

Montadora italiana vai fornecer tecnologia para parceira americana. União é condição do governo dos EUA para Chrysler seguir operando.

A aliança entre a Chrysler e a Fiat, que poderá ajudar com sua experiência a superar a grave crise da gigante americana, gera dúvidas na Itália pelos riscos que corre a casa de Turim, em sua promessa de "salvar empregos" nos Estados Unidos.

A união entre as montadoras já começou confusa. A Chrysler divulgou nesta segunda-feira (30) um comunicado informando que chegou a um acordo com a Fiat. A montadora norte-americana esclareceu, pouco depois, em outro comunicado, que possui a estrutura de um acordo, e não um pacto definitivo, com a empresa italiana. O acordo com a Fiat foi uma condição estabelecida pelo governo dos Estados Unidos para conceder novos empréstimos à Chrysler.

A então provável aliança entre a Chrysler e a Fiat permitirá "proteger postos de trabalho nos Estados Unidos", afirmou o conselheiro delegado do grupo Fiat, o italiano Sergio Marchionne, em um comunicado, depois de tomar conhecimento do plano de resgate do setor automobilístico apresentado pelo presidente Barack Obama.

"Desejo agradecer publicamente ao presidente Barack Obama (...) por ter encorajado uma aliança sólida entre a Chrysler e a Fiat", declarou Marchionne.

"Esta aliança não apenas permitirá à Chrysler reforçar sua própria liquidez mas contribuirá também para a salvaguarda de postos de trabalho nos Estados Unidos, acelerando de forma significativa os esforços para produzir veículos de consumo menor, acarretando, então, um reembolso mais rápido dos recursos públicos colocados à disposição da empresa americana", acrescentou o dirigente da Fiat.

As duas montadoras de automóveis firmaram em janeiro um acordo preliminar que permite à Fiat entrar no capital da gigante americana, à beira da quebra, com uma participação de 35%.

O grupo italiano oferece apenas tecnologia para que a Chrysler possa produzir veículos de pequeno e médio porte e não desembolsará dinheiro por sua participação.

Apesar dos elogios ao presidente americano, vários especialistas e observadores se interrogam sobre os riscos para a casa italiana.

"A operação idealizada por Sergio Marchionne, conselheiro delegado da Fiat, está mudando de direção. O governo americano solicita um acordo preciso antes de conceder dinheiro", ressaltou Umberto Bertelé, presidente da Escola de Comércio da Politécnica de Milão. O governo de Washington exige da Fiat um "compromisso maior", indica o especialista.

O grupo de trabalho criado por Obama para analisar a crise na indústria automotiva considerou nesta segunda-feira (30) que a menor das chamadas "Big Three" de Detroit não pode seguir adiante e que a aliança com o grupo italiano "pode ser o início de um caminho viável".

Os especialistas consideram que existem ainda "grandes obstáculos" para que um acordo definitivo seja alcançado em 30 dias, condição indispensável para que o governo dos Estados Unidos conceda novos recursos à Chrysler.

"Primeiro a aliança e depois, eventualmente, contribuir. Isto implica muito mais riscos para a Fiat, que adquire parte de um grupo que se encontra em um estado pior que o previsto", considera o analista.

A experiência da Fiat, que esteve à beira da falência e conseguiu sanar suas contas após a chegada em 2004 de Marchionne, serve de exemplo para a empresa americana.

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