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segunda-feira, 23 de março de 2009

Crise capitalista cortou 750 mil postos de trabalho no Brasil

Até novembro de 2008, os resultados do mercado de trabalho brasileiro eram extremamente positivos e recordes de contratação formal vinham sendo anunciados reforçando uma trajetória exuberante do emprego formal que o país mostrava desde 2003. Os dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) de dezembro, porém, marcaram a inversão do quadro de boas notícias, com o registro de 655 mil demissões.

Em todos os anos, desde 2000, dezembro é um mês de - ajuste geral da mão-de-obra - no mercado de trabalho brasileiro, com demissões generalizadas de trabalhadores que atinge quase todos os setores da atividade econômica e regiões geográficas do país. Devido ao forte crescimento registrado ao longo de 2008, seria de se esperar que este ajuste resultasse em cerca de 350 mil dispensas. No entanto, com o impacto da crise internacional a queda foi muito maior e o desempenho negativo continuou em janeiro. Em fevereiro, o Caged mostrou dados positivos, mas grande parte dos segmentos do mercado continuou demitindo.

Considerando-se dezembro de 2008 como o mês do início da crise capitalista sobre o mercado de trabalho, o DIEESE mostra, na Nota Técnica 80 - Mercado de trabalho formal brasileiro nos anos recentes - que desde novembro houve uma queda de 2,3% no total de empregos celetistas, o que corresponde à dispensa de cerca de 750 mil trabalhadores. Tomando-se novembro de 2008 como base 100, três setores (Serviço Industrial de Utilidade Pública; Serviços de Alojamento, Alimentação, Reposição e Manutenção; e Serviços Médicos e Odontológicos) já retomaram, em fevereiro, o nível do estoque de novembro de 2008. Alguns segmentos e setores igualaram o estoque de dezembro de 2008, são eles: Borracha, Fumo e Couros; Calçados; Construção Civil; Comércio Atacadista; Comércio, Administração de Imóveis, Serviços Técnicos Profissionais; Ensino e Administração Pública.

A Agropecuária foi o setor mais atingido com queda de 7,9% dos empregos em dezembro e de 8,6% no acumulado até fevereiro. Em segundo lugar, as demissões tiveram impacto de 3,6% na Indústria de Transformação, em dezembro, e de 5,0% no acumulado até fevereiro.

A crise atinge o Brasil em um momento de recuperação do mercado de trabalho, com crescimento do emprego, da renda e da massa salarial, fatores que se tornaram estratégicos para a dinâmica do crescimento econômico dos últimos anos. O fortalecimento do mercado interno contribuiu, de forma decisiva, para a trajetória do crescimento recente, e poderá continuar sendo uma dimensão importante de uma estratégia de combate à crise. Se o país passava por uma fase positiva, ainda estava muito longe de ter uma situação ideal, no que diz respeito ao mercado de trabalho. No Brasil, um grande contingente da população encontra-se ainda em condições de trabalho precário, as taxas de desemprego ainda são muito altas comparadas às de outros países, e a população em idade ativa é crescente, requerendo a criação de novos postos de trabalho. Estimular o mercado interno produtivo, proteger o mercado de trabalho, assegurar e ampliar a proteção social são os principais desafios para a sociedade brasileira, e em especial para o movimento sindical, nesse momento de crise.

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