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terça-feira, 5 de maio de 2009

Brasil tem competência para sediar Jogos Olímpicos, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (4) que o Brasil tem "potencial" e "competência" para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Ao comentar a vista da Comissão de Avaliação do Comitê Olímpico Internacional (COI) ao país, ele se mostrou confiante com a candidatura do Rio de Janeiro que concorre com cidades como Chicago, Tóquio e Madri.

A comissão esteve no país no último sábado (2) e avaliou principalmente os aparatos de segurança do Rio."Para o Brasil, [a escolha] é a auto-afirmação de uma nação, de um povo. É a demonstração de que nós queremos participar definitivamente desse mundo globalizado, com inserção soberana e realizando tudo aquilo que nós temos direito", disse, no programa semanal Café com o Presidente.

Lula lembrou a realização dos Jogos Pan-Americanos em 2008 na capital carioca e da Copa do Mundo de 2014 também no Brasil. "Em cada evento que vamos fazer, vai sobrar infraestrutura para o próximo", explicou. Lula garantiu que, próximo à época dos Jogos Olímpicos, o Brasil terá 80% do que é necessário para conseguir a candidatura.

Dilma: compromisso institucional

Durante a visita da comissão do COI, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, e o presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles, explicaram o panorama econômico e político do Brasil, Tema 3 do Dossiê de Candidatura, e reafirmaram o compromisso institucional brasileiro e a vontade política para sediar os Jogos.

“O Brasil é um país democrático. A decisão de realizar os Jogos é do Estado, e não de um governo. As garantias reafirmadas hoje são institucionais, não pessoais. ndependentemente do cenário político ou econômico, o Brasil vai honrar seu compromisso. O arcabouço legal brasileiro exige e o país se orgulha de respeitar todos os contratos”, afirmou Dilma.

A ministra disse que o bom desempenho da economia brasileira e o tempo para planejamento do evento asseguram o cumprimento da previsão orçamentária dos Jogos. Dilma também enfatizou que os Jogos potencializariam o desenvolvimento de muitas ações sociais e de infraestrutura urbana já em execução ou projetadas no Brasil, que adotou o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) para melhorar a infraestrutura brasileira em diversos setores.

“Não queremos elefantes brancos. Tudo que os Jogos requerem em termos de infraestrutura já está em andamento ou projetado. Não estamos falando de algo que corre em paralelo e sim de planos inseridos na política de desenvolvimento do país. Todas as obras que já estão sendo feitas ou que vão ter início nos próximos anos são de utilidade para nós, independentemente de o Rio ganhar a indicação ou não. Os Jogos vão antecipar e otimizar investimentos já planejados”. Para ela, caso o Brasil vença a disputa para os Jogos de 2016, uma boa parte da infraestrutura urbana necessária já estará pronta na cidade e no estado do Rio para a Copa de 2014. A ministra mencionou o caso da linha de trem de alta velocidade a ser construída ligando os estados do Rio e de São Paulo. “O TAV estará pronto para os Jogos de 2016, mas não depende deles para ser construído”.

Ela entende que o Rio de Janeiro precisa modernizar o seu sistema de transporte de massa, por exemplo. Ao justificar investimentos em construções esportivas, a ministra declarou que o esporte é um aliado na prevenção da violência urbana, ao formar uma juventude saudável e com boas perspectivas de futuro.

A crise mundial também entrou na pauta do dia. Meirelles afirmou que o Brasil apresenta uma boa perspectiva financeira para sediar os Jogos. Ele afirmou que apesar de a crise ser séria e ter atingido vários países, o Brasil resistiu bem ao impacto. “Nós demonstramos nossa capacidade e temos uma política monetária anticíclica, cortando os juros em tempos de crise. Existem projeções futuras que mostram a economia brasileira sempre em crescimento”, afirmou, ao mencionar que as previsões mais pessimistas indicam que o Brasil vai crescer acima da média do mundo em 2009 e 2010. Meirelles foi enfático: “O Brasil tem perfil de economia madura”.

O presidente do BC também ressaltou que o bom desempenho do país perante a crise demonstrou “estabilidade e previsibilidade” da economia brasileira, que “estará sólida em 2016”.
A ministra Dilma endossou o presidente do BC ao lembrar da política econômica brasileira nos últimos anos para justificar o bom desempenho brasileiro. “Não somos mais o Brasil de 2002, que, a cada crise internacional, quebrava. Hoje, temos reservas em torno de R$ 200 bilhões”, disse.

O ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., também participou da apresentação. Ele enfatizou que nenhum questionamento feito pelo COI ficou sem resposta, e lembrou que, além de a ministra Dilma e o presidente Meirelles terem reafirmado as garantias requeridas pelo Comitê Olímpico Internacional, se o Brasil vencer a disputa pela sede de 2016, haverá “um contrato de responsabilidades de cada parte envolvida na organização, com a definição clara de financiamentos e investimentos”.

Complexo esportivo impressiona Comissão

A segunda parte da visita da Comissão de Avaliação às instalações esportivas da Candidatura Rio 2016 contou com fortes emoções. Os especialistas assistiram a salto de paraquedistas com as bandeiras da Candidatura e depois foram calorosamente recepcionados no Maracanã pelo rei do futebol, Pelé.

O Complexo Esportivo de Deodoro, na zona oeste da cidade, sediará onze modalidades esportivas caso o Rio seja eleito, em 2 de outubro, cidade-sede dos Jogos de 2016: hipismo adestramento, hipismo saltos, hipismo CCE, pentatlo moderno, canoagem slalom, ciclismo BMX, mountain bike, esgrima, esgrima em cadeira de rodas, tiro esportivo e tiro com arco (eliminatórias). Na instalação do Centro Nacional de Tiro Esportivo, o grupo assistiu a uma apresentação técnica sobre a instalação compacta.

O porta-voz da Candidatura, John Baker, destacou a arquitetura integrada com a natureza e o design sustentável da instalação, que conta com ventilação natural – o estande de 10m é climatizado – e, além da elogiada iluminação dos estandes de tiro, aproveita também, nos corredores de circulação, a iluminação natural, economizando energia.

“A Comissão de Avaliação do COI ficou muito impressionada com os equipamentos de Deodoro. São instalações praticamente prontas para os Jogos Olímpicos. Um dos membros da Comissão inclusive comentou positivamente sobre a conservação do local”, avaliou Ricardo Leyser, secretário nacional de Alto Rendimento do Ministério do Esporte e coordenador do Comitê de Gestão Federal Rio 2016.

No Centro de Hipismo, a Comissão plantou uma muda de pau-brasil, assistiu a uma demonstração de saltos e adestramento e a um impecável salto de paraquedistas da Vila Militar, onde o complexo esportivo fica situado. Os paraquedas traziam bandeiras do Brasil, do

Movimento Olímpico e da Candidatura e causaram impacto nos membros da Comissão. “O fator emocional reforça o conceito técnico e consistente do que foi apresentado”, afirmou Leyser.
No Maracanã, para onde seguiram os membros da Comissão após partirem de Deodoro, o rei Pelé aguardava-os de braços abertos e bola no pé. Os especialistas do COI tiveram seus nomes anunciados um a um em áudio para entrar em campo, simulando uma partida. O rei apresentou-lhes o Hall da Fama e o Centro de Convivência.

“Os membros ficaram tão impressionados com a cidade do Rio de Janeiro que já me disseram que querem voltar”, contou Pelé, reforçando, a exemplo do que disse à Imprensa o presidente Lula, que os Jogos do Rio representarão uma afirmação continental sul-americana: “Estou confiante. Acho importante que todos os brasileiros pensem positivo. Nós disputamos não só pelo País como por toda a América do Sul”, finalizou.

Elogios durante coletiva

Após a visita, os integrantes da Comissão afirmaram, durante a única entrevista coletiva no Rio, que ficaram "muito impressionados" com o que a cidade tem a oferecer. O comentário otimista, porém, foi o mesmo proferido durante as visitas às cidades de Chicago, nos Estados Unidos, e Tóquio, no Japão, também candidatas a ser sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Essa comitiva do COI viaja neste domingo para Madri, onde vai vistoriar a capital espanhola entre os dias 4 e 9 de maio.

Os integrantes da comissão elogiaram o alinhamento entre os três níveis de governo, liderados pelo presidente Lula, passando também pelo governo estadual e municipal. "O que vimos foi um envolvimento pesado de todos os níveis de governo", declarou a presidente da comissão, a marroquina Nawal El Moutawakel, com direito a voto na escolha da cidade vencedora, em 2 de outubro. "Acredito que todo o dinheiro investido (o orçamento previsto é de R$ 30 bilhões) será um legado para o País e para o Estado em termos de hotéis, infraestrutura e instalações esportivas".

Nawal também não demonstrou preocupação quanto ao riscos de que os compromissos não venham a ser cumpridos. "Nós recebemos garantias firmes. Não falarei de coisas negativas. Tudo que vi foi positivo. Lula está apoiando a candidatura, disse que o Rio está pronto, o povo está pronto, e ele também". O fato de o Brasil sediar a Copa de 2014, dois anos antes dos Jogos Olímpicos, é visto pela comissão como algo positivo. "A Copa de 2014 pode ser um bom teste, apesar de ser apenas um esporte, o futebol, que vai usar um único equipamento, o Maracanã", disse Nawal. "A proximidade entre a Copa do Mundo e a Olimpíada tem benefícios maiores do que o risco de algo não estar pronto", comentou também Gilbert Felli, diretor executivo dos Jogos Olímpicos - ele não tem poder de voto.

Nem mesmo questões preocupantes, como acomodação e segurança, incomodaram os integrantes da comitiva. "Colocar navios ancorados é uma alternativa boa para suprir o número de acomodações que ficaria faltando. Recebemos também a garantia de que tudo será feito para tornar a cidade segura para os Jogos", comentou Nawal.

Após as visitas, o COI terá até 2 de setembro para elaborar e divulgar o relatório de avaliação sobre as quatro concorrentes. O documento é peça fundamental para os demais integrantes do COI definirem a difícil escolha.

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