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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Gutemberg Dias: O PCdoB e a formação política

O grande diferencial do Partido Comunista do Brasil é ter uma militância formada. Porém, se faz necessário fazer uma autocrítica, principalmente, eu que sou dirigente partidário e ocupo a presidência do Partido em Mossoró/RN, em relação a falta de formação do contingente militante e, também, a reciclagem dos velhos comunistas.

Por Gutemberg Dias*
Desde 1962, quando o PCdoB se reorganizou, muitas mudanças ocorreram na linha programática adotada pelo Comitê Central. Linhas essas que foram em grande parte ratificadas nos congressos do Partido ao longo desses 48 anos de história de luta.

Para se ter uma ideia o Partido ao ser reorganizado esteve intimamente ligado ao pensamento marxista-leninista, porém com uma grande discussão e adoção do maoísmo em suas bandeiras, quando do alinhamento com o Partido Comunista da China (PCCh) e que de certa forma orientou a investida revolucionária guerrilheira do Partido no Araguaia.

Desse período para cá, muitas mudanças aconteceram no seio da sociedade brasileira e o Partido, imerso no processo dialético, também, veio alterando sua linha programática e adequando o pensamento revolucionário ao novo Brasil que foi sendo forjado após a abertura política arquitetada pelos generais.

Diante dessas mudanças ao longo da linha histórica partidária é imprescindível que haja um esforço partidário para garantir a formação dos seus quadros novos e a reciclagem do quadros antigos.

O marxismo precisa ser apresentado de forma clara e concisa a todos os membros do PCdoB. Hoje para se ter uma ideia, muitos que fazem o PCdoB não conhecem a história de sua constituição e os vários caminhos que ele seguiu para chegar aos dias atuais. Tão pouco conhecem as bases teóricas no qual o Partido está alicerçado.

Não credito culpa à militância e/ou mesmo ao Partido por essa falta de formação, pois sabemos as condições materiais que o PCdoB enfrenta para sobreviver nesse cenário político, onde o poder econômico é o principal formador e sustentáculo das agremiações partidárias.

Mas, mesmo nesse cenário de adversidade é notório que um esforço dos quadros mais preparados poderá garantir a formação básica de um grande contingente de militantes. Bem como, esse mesmo esforço poderá melhorar a formação dos quadros intermediários visando à ampliação do arsenal de indivíduos que possam replicar nossas linhas programáticas e ideológicas.

Aos quadros dirigentes do PCdoB é inaceitável a falta de leitura de Marx, Engels, Lenin, Gramsci e tantos outros teóricos do marxismo, bem como, as resoluções e documentos editados pelo Comitê Central. Mas, essa falta de leitura é corrente em todos os níveis de direção, causando, por vezes, análises errôneas dos cenários políticos vivenciados por esses dirigentes.

Num contexto onde precisamos preparar o PCdoB do Rio Grande do Norte para embates mais qualificados, teremos de buscar junto a Secretaria de Formação Estadual uma agenda proativa e, sobretudo, ousada para formar novos quadros e reciclar os quadros antigos que, por alguma deficiência ou, mesmo, por autosuficiência deixaram de lado o estudo sistemático das teses partidárias e das bases teóricas do PCdoB.

Para mim o caminho que poderá levar o PCdoB a vôos mais altos passará sem sombra de dúvida pela formação sistemática do quadros que chegam às fileiras partidárias. O caminho já é conhecido o que se precisa fazer é agir!

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