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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Protógenes convoca para ato público de filiação ao PCdoB

Depois de alguns meses de especulação pela imprensa e disputa entre partidos, o delegado Protógenes Queiroz oficializou nesta quarta-feira (2), em entrevista coletiva, sua filiação ao PCdoB. Um ato público no feriado de 7 de setembro marcará o anúncio à população. Protógenes voltou a criticar a política de Estado mínimo do PSDB e a gestão de José Serra. “Se (os tucanos) fossem bons administradores, não haveria falência no sistema de segurança pública do estado de São Paulo”, afirmou.

Renato Rabelo e Protógenes durante coletiva
A questão da segurança pública veio à tona após Protógenes lembrar das recentes manifestações de moradores da favela Heliópolis, violentamente reprimidas pela Polícia Militar. “Era a resistência do povo humilde, que se manifestava tentando chamar atenção das autoridades como que dizendo ‘olha, nós fomos violentados, nossos direitos foram violados e o Estado se faz presente aqui apenas como um inimigo’”. Hoje, “temos hora para sair de casa, não temos hora para voltar e não sabemos se voltamos, o que é pior”, constatou.

Ele afirmou ainda que em São Paulo “existem procedimentos apurando casos de policiais que vendem farda para sua subsistência”. Então, “o que esperar de um agente de segurança pública que passa por isso? Ele é vítima desse sistema também”. Para ele, a solução é “atender às necessidades desse povo sofrido de São Paulo; é preciso que a administração pública volte-se para todos e não apenas para a classe privilegiada”.

Retaliação

Ao escolher adentrar a carreira política, Protógenes sabia que enfrentaria resistências. Não é à toa que nos últimos dias, em atos públicos, o delegado tem recebido a visita de agentes da Polícia Federal trazendo ora intimações, ora notificações de reabertura de processos internos. Foi o que aconteceu também na tarde desta quarta-feira.

Antes mesmo de iniciar a conversa com os jornalistas, Protógenes foi procurado por um agente que trazia para seu conhecimento documentos dando conta da reabertura, datada de 31 de agosto, de um processo administrativo até então arquivado movido a partir de representação de Paulo Maluf por conta de sua prisão após a Operação Hércules 12, deflagrada em 2006 sob a responsabilidade de Protógenes. “Como instituição pública, (a PF) cumpre seu papel, mas o caso de hoje representa muito bem como está o Brasil”, disse aos jornalistas. “Estão tentando constranger um cidadão que é agente público do Estado e que cumpriu seu dever. É uma forma de desestabilizar o clima fraterno que temos aqui, nesta coletiva”, enfatizou. E apontou: “isso acontece justamente quando decido ingressar na vida político-partidária brasileira dando continuidade ao meu trabalho. Mas isso não me desanima e me dá mais energia para continuar e reafirmar meu compromisso com o povo”.

Questionado sobre como seria sua relação com Maluf caso fosse eleito deputado federal, respondeu: “o que vai prevalecer é a ética; ajudei esse país e não sei se esse parlamentar a que o senhor se refere ajudou a construir o Brasil. (A operação) recuperou milhões de dólares que pertenciam ao nosso país”.

Contra argumentos usados rotineiramente com o objetivo de colocar no governo Lula a pecha de corrupto, Protógenes disse que “houve avanços significativos em sua administração” e “maior apuração de crimes de colarinho-branco, desvios de recursos públicos e corrupção”. Segundo ele, “não há nada semelhante a isso na história da política brasileira”.

Candidatura

Protógenes não detalhou a que cargo pretende concorrer nas próximas eleições. “Estou apto a cumprir tarefas em qualquer canto, atendendo às necessidades populares, ao que for melhor para o povo e para Brasil”. Em seguida, destacou os trabalhos de parlamentares do PCdoB presentes à coletiva: o deputado estadual Pedro Bigardi e os vereadores pela capital Jamil Murad e Netinho de Paula. “São brasileiros que simbolizam a nossa resistência. Não queremos um Brasil de desmandos, de desvios, de corrupção”.

Para Renato Rabelo, presidente do PCdoB também presente à coletiva, “nossa experiência com Protógenes demonstra que o PCdoB é um partido de programa, de propostas porque foi exatamente isso que procuramos demonstrar e ele se identificou com o partido”. Rabelo disse que tal postura “foi diferente da de outras legendas que já iam logo oferecendo facilidades para a campanha. O PCdoB, por sua vez, pôs no centro do debate as suas propostas, o seu programa”.

Conforme o dirigente, “esse trabalho de dialogar com a sociedade, de atrair pessoas comprometidas com a sociedade nos dá a convicção de que a explicitação de nosso programa socialista é fator essencial para aglutinar essas forças e tornar o PCdoB um partido cada vez mais forte. O Protógenes simboliza um setor importante da sociedade que se rebela contra aspectos negativos, conservadores e antidemocráticos do Estado brasileiro e que o PCdoB busca enfrentar”.

Recado ao povo

Na coletiva, Protógenes também distribuiu e anunciou alguns pontos de um “Recado ao povo brasileiro”, publicado na íntegra em seu blog. No texto, ele diz que seu ingresso na vida política brasileira “ocorre porque eu acredito que a solução dos problemas nacionais, a saída, é política. Eu conclamo a todos vocês a participarem desse processo de transformação que hora está formado”.

Enfatizando aquela que tem sido sua “palavra de ordem” – o Brasil tem pressa – o delegado escreveu: “o dinheiro destinado às áreas da saúde, da educação, da habitação, da geração de emprego e renda e, sobretudo, da segurança pública está sendo desviado pela corrupção que está em todos os níveis da República. Aliado a isso, nós temos a especulação do capital financeiro que tornou país um verdadeiro cassino a céu aberto, destinado a oprimir e a reduzir a produtividade do nosso trabalho”.

Criticou ainda o fato de haver “duas justiças” no Brasil: “uma destinada ao pobre, ao desassistido, e outra para o bandido rico, que sempre encontra uma saída para se livrar da punição devida. É contra isso que nós lutamos; que nós estamos desenvolvendo esse trabalho de resgate à ética e de respeito à Constituição da República. Porque a Justiça tem que ser igual para todos”.

Sobre sua opção partidária, anotou: “decidi ingressar no PCdoB porque é uma organização que tem um projeto nacional que atende às necessidades urgentes do povo brasileiro e do Brasil, e também por possuir, em sua estrutura orgânica-partidária, as reais condições que atendem ao desenvolvimento do trabalho de combate à corrupção, de resgate à ética, à moral, de respeito aos símbolos nacionais e, sobretudo, de respeito à Constituição da República”.

Protógenes ainda convidou a todos para o ato marcado para o dia 7 de setembro, que acontecerá na Unip da Rua Vergueiro, próximo à estação Vergueiro do Metrô, em São Paulo, a partir das 16h.

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